5 de setembro de 1738:
Neste dia e até á manhã do seguinte soffreu esta cidade e porto de Macau um horroroso tufão que pela grandesa dos estragos e desastres que d elle se contam deve ser considerado talvez o maior que nestas paragens se vio desde que a colonia existe. Houve muitas casas destelhadas e algumas se arrazaram de todo. A Praia Grande, o campo de S Francisco e todo o Bazar se alagaram podendo marcar-se a altura da innundação no frontispicio da igreja de S Domingos.
Sem fallar das embarcações chinesas que em numero incalculavel se desfizeram pelas praias em lenha e cadaveres, todos os navios que estavam surtos no porto, dez ou doze, foram encalhar em varios pontos da Lapa e de Macau, quebrando-se alguns inteiramente como succedeu ao Bleque Boy na Ponta da rade e ao Corsario em Oitem. Um manuscripto que tenho á vista e que refere por miudo estas desgraças diz que depois e por muitos mezes teve a gente d esta cidade repugnancia a comer peixes porque se lhes encontravam no bucho dedos e pedaços de carne humana.
Sem fallar das embarcações chinesas que em numero incalculavel se desfizeram pelas praias em lenha e cadaveres, todos os navios que estavam surtos no porto, dez ou doze, foram encalhar em varios pontos da Lapa e de Macau, quebrando-se alguns inteiramente como succedeu ao Bleque Boy na Ponta da rade e ao Corsario em Oitem. Um manuscripto que tenho á vista e que refere por miudo estas desgraças diz que depois e por muitos mezes teve a gente d esta cidade repugnancia a comer peixes porque se lhes encontravam no bucho dedos e pedaços de carne humana.
In Ephemerides commemorativas da historia de Macau (...) de António Marques Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário