segunda-feira, 15 de abril de 2019

Centenário do Corpo de Bombeiros de Macau: 1919-2019

O primeiro Regulamento dos Serviços de Incêndio de Macau foi publicado a 2 de Maio de 1883 mas já antes existiam serviços de incêndios. No texto "Os Primitivos Bombeiros de Macau" Luís Gonzaga Gomes explica: 
"Nessa época, cada rua tinha de concorrer para a manutenção dum grupo de bombeiros, que aguardavam em suas casas uns metrozinhos de mangueira, uma agulheta e uma bomba de incêndio, que consistia em uma caixa que se deslocava sobre duas rodas, tendo, num dos lados, um rudimentar maquinismo que servia para comprimir a água. Quando fosse preciso fazer trabalhar esse precioso engenho ia-se buscar água, aos baldes, nos poços ou no mar e, uma vez lançado para dentro da caixa-reservatório, o líquido extintor era comprimido pelo maquinismo, que era, por sua vez, accionado à força dos músculos de vigorosos mocetões.
Nesse tempo, existia uma combinação táctica entre os bombeiros e a população da cidade. E assim, logo que fosse dado o rebate, saíam todos os bombeiros dos seus alojamentos e o grupo que chegasse primeiro, através do dédalo das ruelas da velha cidade, recebia, como recompensa dos seus esforços, um magnífico leitão assado e dois almudes da melhor aguardente chinesa, custeados entre os moradores da rua vitimada pelo sinistro."

Principais datas da história dos bombeiros até 1976:
1851: existe a figura de inspector de fogos/incêndios; bomba no quartel do Batalhão de Artilharia de S. Francisco; estão estabelecidos os sinais de aviso de incêndio: dois tiros de canhão na Fortaleza do Monte.
1874: a bomba é transferida para o Convento de S. Domingos (imagem abaixo), edifício onde se instalou a Inspecção de Incêndios em 1883 (ao lado da igreja com o mesmo nome).
O Regulamento dos Serviços de Incêndio (publicado a 10 de Agosto de 1883) deu início à criação de um serviço organizado. Instalado no Convento de S. Domingos e constituído por um corpo activo de 60 pessoas, os serviços de incêndio possuíam quatro bombas, duas em Macau, uma na Taipa e a outra em Coloane.
1909: existem postos de incêndios junto das estações da Polícia, nomeadamente, na Rua da Caldeira, em Santo António e em Mong Há.
1914: publicação do Regulamento Orgânico da Direcção das Obras Públicas, cujo director exercia também, desde 1901, o cargo de Inspector de Incêndios.
1915: os serviços de incêndios são desvinculados das Obras Públicas e a sua reorganização fica a cabo do Major de Infantaria João Carlos Craveiro Lopes, sendo os elementos do Corpo dos Bombeiros recrutados entre os voluntários para a Polícia.
1916: Macau tem três estações - Estação nº 1 (Central) em S. Domingos, e as outras duas na Avenida do Almirante Sérgio (Estação nº 2) e Avenida Horta e Costa (Estação nº3); Taipa e Coloane também têm Postos de Incêndio.
1919: É extinta a Inspecção de Incêndios; publicação da Portaria nº 80 com o Regulamento orgânico que cria o Corpo dos Bombeiros a 26 de Abril de 1919 sendo objectivos da corporação: prevenção e socorro de incêndios, desastres e calamidades; lavagens sanitárias e regas da cidade; execução de serviços em que fosse necessária a utilização do material da corporação.
1920: aprovado o projecto para a construção de novas instalações na Estrada Coelho do Amaral, cujo quartel será inaugurado a 3 de Outubro de 1923. (imagem abaixo)
1923: Nova denominação como Corpo de Salvação Pública, saindo da dependência do Leal Senado (os serviços da cidade de Macau) e da Câmara Municipal das Ilhas (serviços da Taipa e Coloane) para regressar à dependência do Governo.
1939: o Corpo de Salvação Pública passa a ser uma corporação militarizada, transitando novamente, em 1946, para a tutela do Leal Senado (sem a brigada sanitária) e designando-se Corpo de Bombeiros Municipais.
1976: são criadas as Forças de Segurança de Macau que passaram a incluir o Corpo dos Bombeiros.

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