A propósito do livro O Brinco do Leão, da Prof. Ana Maria Amaro (1929-2015),edição da DST em 1984, recordo aqui alguns excertos deste 'ritual' que cimentou raízes em Macau a partir da década de 1940.
O título vem da expressão chinesa "mou si", cuja tradução à letra significa leão dançando ou dança
do leão. Sobre as origens, AMA escreve: "Deve ter sido inspirada, directamente, na observação de leões amestrados que domadores estrangeiros exibiam na corte do antigo Império, fazendo dançar as feras ao som de tambores e de outros instrumentos ruidosos, capazes de despertarem, nos animais, os necessários reflexos acrobáticos". (...)
“No período da Dinastia Qing, a
ópera chinesa e a Dança do Leão andavam
de mãos dadas. Foram as companhias
de ópera que navegavam nos
lendários Barcos Vermelhos, quais
ciganos do Delta do Rio das Pérolas,
que deram a conhecer as modernas coreografias
da Dança do Leão. Eram os
actores que faziam desta uma arte do
palco em Macau, Hong Kong e na região
do Delta, mais tarde adaptada pelas
escolas de kung fu”. (...) “Junto ao altar da trindade taoista
protectora dos dançarinos do leão, na
sede da associação, na Areia Preta, o
mestre acende paus de incenso. Numa
bandeja, um velho rizoma de gengibre,
um símbolo de poder, é almofada de
um novo pincel de caligrafia chinesa.
Aí está o vermelho puro do cinábrio
(chu sa, em cantonês, ou zhusha, em
mandarim) que vai dar vida ao leão” (...) “É na testa que Pun lhe
dá o primeiro toque de cinábrio, sob a
forma de um tridente, bem no centro
do espelho que tão bem caracteriza os
leões do sul, afugentando os espíritos
que ali vêem o seu reflexo”.(...)
Mais sobre o tema e sobre a dança do dragão neste post.
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