Inaugurada a 24 de Junho de 1940 no Largo do Senado (foto acima) a estátua de Vicente Nicolau de Mesquita (1818-1880), militar macaense que se notabilizou na Batalha do Passaleão, a 25 de Agosto de 1849, (em represália pelo assassinato do governador Ferreira do Amaral) seria vítima dos eventos de Dezembro de 1966 quando foi derrubada por um grupo de manifestantes em plena 'revolução cultural chinesa passando a ficar guardada nas oficinas navais desde então.
Em 1986 foi entregue à Associação de Comandos pelo então Governador de Macau,
Contra-Almirante Vasco Almeida e Costa e desde então permaneceu o mistério sobre o paradeiro da mesma. Aqui pelo blogue publiquei vários posts revelando que terá sido por volta de 1986 que a estátua foi transportada para Portugal sendo entregue à referida associação que ficaria encarregue de a voltar a expor publicamente.
Entretanto restaurada a estátua viu novamente a luz do dia 77 anos depois da sua inauguração em Macau e foi exposta publicamente em Oeiras, na Bataria da Lage, em Fevereiro de 2017. (imagens abaixo)
A estátua em bronze é da autoria de Maximiliano Alves e incluía um pedestal (que se terá perdido para sempre) onde se podia ler:
“Homenagem da Colónia ao Herói Macaense Coronel Vicente Nicolau de Mesquita. 25 de Agosto de 1849. Monumento erigido por subscrição pública e auxílio do Governo da Colónia. Foi inaugurado por ocasião das festas comemorativas do duplo centenário da Fundação e Restauração de Portugal. 24 de Junho de 1940. Oferta do Leal Senado”.
A estátua em bronze é da autoria de Maximiliano Alves e incluía um pedestal (que se terá perdido para sempre) onde se podia ler:
“Homenagem da Colónia ao Herói Macaense Coronel Vicente Nicolau de Mesquita. 25 de Agosto de 1849. Monumento erigido por subscrição pública e auxílio do Governo da Colónia. Foi inaugurado por ocasião das festas comemorativas do duplo centenário da Fundação e Restauração de Portugal. 24 de Junho de 1940. Oferta do Leal Senado”.
Aspecto actual da estátua em bronze exposta na Bataria da Lage em Paço d'Arcos, Oeiras
Fotos da Associação de Comandos
Devido ao feito heróico da batalha do Passaleão Mesquita foi promovido a primeiro-tenente a 12 de Janeiro de 1850, a 7 de Fevereiro de 1867 a tenente-coronel e a 27 de Outubro de 1873 foi promovido a coronel. Enquanto militar em Macau foi comandante da Fortaleza da Taipa, do Forte de São Tiago da Barra e da Fortaleza do Monte sendo ainda membro do Conselho do Governo e do Conselho da Justiça Militar. Deprimido devido ao processo de promoção lenta e inadequada nos quadros do Exército Português sofreu uma série de graves crises nervosas aposentando-se a 27 de Novembro de 1873.
A 20 de Março de 1880, numa das crises psíquicas feriu gravemente dois dos seus filhos e matou a mulher Carolina e a filha Iluminada. Após o acto trágico suicidou-se, sendo o seu corpo encontrado no poço da sua casa no nº1 da Rua do Lilau no bairro com o mesmo nome. As circunstâncias macabras da morte levaram as autoridades de Macau a rejeitar-lhe um funeral militar e o Leal Senado, em conformidade com os preceitos da Igreja Católica, recusou-lhe a sepultura cristã, determinando que "a sepultura para o coronel deve ser em lugar não bento".
A 20 de Março de 1880, numa das crises psíquicas feriu gravemente dois dos seus filhos e matou a mulher Carolina e a filha Iluminada. Após o acto trágico suicidou-se, sendo o seu corpo encontrado no poço da sua casa no nº1 da Rua do Lilau no bairro com o mesmo nome. As circunstâncias macabras da morte levaram as autoridades de Macau a rejeitar-lhe um funeral militar e o Leal Senado, em conformidade com os preceitos da Igreja Católica, recusou-lhe a sepultura cristã, determinando que "a sepultura para o coronel deve ser em lugar não bento".
No Boletim da Província de Macau e Timor, de sábado, 27 de Março de 1880, o comandante geral interino da Guarda Policial de Macau, major Francisco de Paula da Luz, é o autor do relatório da ocorrência (pág. 84):
“Pela uma hora da madrugada de hoje houve uma denúncia a S.Exª o Governador de que o Coronel Mesquita assassinara todas as pessoas de sua família achando-se o denunciante, filho mais velho do referido Coronel, gravemente ferido por três tiros de revólver, em vista disto marchou imediatamente, por ordem do mesmo Exmº. Sr. o tenente Azedo com 4 praças do piquete sendo pouco depois seguido pelo comandante da guarda policial com oito homens, e tendo chegado ao lugar da habitação do referido coronel, ali encontrou S.Exª. o Governador, juiz de direito da comarca, delegado do procurador da coroa, e mandando em seguida bater à porta a que respondeu o silêncio; mandou depois buscar uma picareta e arrombar a porta principal e aberta esta entraram parte das pessoas presentes, tendo de se arrombar também a porta interior que dava para a escada e em poucos momentos se deu com os cadáveres de duas senhoras e uma outra ferida gravemente. Devia ter havido grande luta porque tudo estava em desordem, percorrendo-se a casa em procura do mesmo coronel foi encontrado morto dentro do poço, donde se tirou pelas 5 horas da manhã por falta de aparelho próprio e pela enorme profundidade do mesmo. Foram prestados os socorros que em tais ocasiões se devem prestar, recolhendo a ferida ao hospital de S. Rafael, bem como o filho”.
Só cerca de trinta anos depois da sua morte o coronel Mesquita seria reabilitado pelo Juízo Eclesiástico e os restos mortais foram transladados, no dia 28 de Agosto de 1910, para o Cemitério de São Miguel com todas as honras militares e eclesiásticas. No cemitério junto a um busto em mármore pode ler-se: “Vicente Nicolau de Mesquita, heróico defensor de Macau em 25 de Agosto de 1849”; “Erecto por subscrição pública com o concurso da primeira subscrição promovida pela Comunidade Portuguesa de Hong Kong em 1884”; “Tomou Passaleão em 25-8-1849. Faleceu em 20-3-1880. Foi transladado em 28-8-1910. Teve nesse dia honras militares e eclesiásticas”. O túmulo seria restaurado em 1947 tendo uma cerimónia por ocasião de mais uma aniversário sobre a Batalha do Passaleão assinalado o momento.
Na toponímia macaense existe uma Avenida Coronel Mesquita sendo o seu nome também inscrito na Porta do Cerco.
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