sábado, 21 de janeiro de 2017

Silva Mendes e as Figuras em Cerâmica de Shiwan


colecção de figuras de cerâmica de Shiwan do Museu de Arte de Macau foi pertença de Manuel de Silva Mendes (1867-1931), advogado português estabelecido em Macau e grande apaixonado por esta cerâmica produzida na província de Guangdong.
Nos primeiros anos do século XX, Silva Mendes visitou muitas vezes Shiwan/Shek Wan para ficar a conhecer a cerâmica local e depressa se tornaria no primeiro coleccionador e especialista na matéria. Na década de 1920, Silva Mendes encomendou uma série de figuras em grande escala a Pan Yushu (1889-1936) e a Chen Weiyan (?-1926), os mais famosos mestres de cerâmica de Shiwan naquela época. Antes da versão final das obras, Pan Yushu realizava modelos em pequena escala para que MSM pudesse avaliar e tomar uma decisão.

Para além da cerâmica de Shiwan, Silva Mendes foi ainda colecionador e peças Ming e Qing.
Shiwan situa-se na cidade de Foshan no sul da província de Guandong. Durante o século XVI, novas técnicas cerâmicas foram apresentadas aos habitantes de Shiwan, por emigrantes vindos das províncias centrais da China. Uma das características fundamentais desta cerâmica é a variedade cromática dos vidrados, sendo o branco, o vermelho sangue de boi, e o azul os mais frequentes. Destacam-se ainda os ricos e complexos efeitos obtidos à semelhança, mas subtilmente diferentes, dos vidrados produzidos nos fornos Jun, Guan, Ge, vermelho de bronze e celadon.
Os artistas de Shiwan descobriram posteriormente que ao usar o barro para as zonas corporais das figuras e o vidrado apenas para as vestes, podiam conferir aos personagens representados uma grande expressividade. Esta característica fundamental conduziria, em finais da dinastia Qing, ao apogeu artístico desta cerâmica.
As figuras esculpidas foram inúmeras e, a maior parte, eram personagens do teatro, da ficção e do folclore. Nos finais da dinastia Qing e início do século XX, assiste-se a uma grande diversificação temática: foram incluídas figuras históricas e heróis do povo, para finalmente surgirem as pessoas anónimas, os bustos, os nus…
Actualmente, junto ao rio Dongping, está instalado o Museu da Cerâmica. É ali que funciona desde os inícios do século XVI o forno imperial Nanfeng, o mais antigo do género ainda em laboração. Em 2001 foi proclamado como uma relíquia histórica e cultural e registado em 2002 no “Livro Guiness dos Recordes”.

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