Um "grupo de amigos" de Mário Soares promove, na próxima quarta-feira, no Clube Militar em Macau uma "sessão evocativa da figura e ação" do antigo Presidente da República Portuguesa.
Segundo um anúncio publicado no Jornal Tribuna de Macau "Toda a comunidade é convidada a estar presente nesta sessão que pretende homenagear um político que enquanto Presidente da República Portuguesa, responsável pela vida política do Território, muito contribuiu para a pacificação interna e para o reforço da ligação fraterna entre Portugal e a República Popular da China, que em última análise levou à criação da Região Administrativa Especial de Macau".
A seguir reproduzo um artigo publicado no JTM a 9.1.2017 com testemunhos de personalidades de Macau sobre a vida e o legado de Mário Soares.
Mário Soares lutou até ao fim como era da sua natureza, marcando amigos e pessoas com quem contactou nas suas visitas oficiais a Macau.“Um lutador incansável desde a juventude, participou em todas as actividades da vida política portuguesa durante os longos anos da sua vida. Combateu a ditadura tendo sofrido por várias vezes a prisão e o exílio e foi um elemento indispensável na política portuguesa desde o 25 de Abril”, disse Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau, em declarações ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU. Destacando que “Mário Soares foi uma figura que modelou a democracia portuguesa e a quem todos os portugueses ficam a dever muito”, o causídico sublinhou que o antigo Presidente da República “foi sempre um combatente dos ideais que o norteavam”.
Responsável pelo restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a China e pela entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia, actual União Europeia, a presidência de 10 anos de Mário Soares é vista por Neto Valente como uma “marca muito forte na política portuguesa”. Deixar a presidência não significou no entanto abandonar a vida política, já que Mário Soares manteve-se activo na política e através da sua fundação “prestou relevantes serviços a Portugal”, conforme frisa o advogado. “Não há dúvida para todos os portugueses que o conheceram que ele é de facto insubstituível”, afirmou categoricamente Neto Valente, salientando que, embora se recorde de muitos episódios em Macau, não vale a pena “entrar no concreto e esmorecer a grandiosidade da figura”.
No mesmo sentido, José Maneiras, ex-presidente do Leal Senado, destacou o percurso político do antigo governante. “Conhecemo-nos de longa data, nos meus tempos de estudante em Portugal, nos tempos da ditadura. Mário Soares era uma figura de referência e nós acompanhámo-lo dentro do possível, dentro das notícias censuradas. Acompanhámos a trajectória até ao 25 de Abril, até à constituição do Partido Socialista na Alemanha, já estava eu em Macau”, recordou. “No 25 de Abril, exultámos quando Mário Soares chegou no Comboio Liberdade e falou na varanda de Santa Apolónia. Daí em diante era livre e ficámos a conhecer com mais pormenor o seu percurso”, disse o arquitecto, acrescentando que “foi um grande líder e não há dúvida de que é a grande figura do século”. Para José Maneiras, “é significativo” que Soares “tenha lutado mesmo até à morte, até para continuar viver”. Aos portugueses deixa o mote: “Devemos lutar pelo estado democrático”. “Socialistas ou não, todos sabem que têm uma dívida de gratidão e de admiração por Mário Soares porque se vivemos num país democrático e europeu em liberdade, devemos muito a Mário Soares”, afirmou.
Das cinco visitas a Macau, considera que deixou um “rasto de simpatia muito grande junto da comunidade chinesa”, ao andar pela cidade a pé, optando por fugir ao protocolo de segurança. “Dirigia-se ao público que se apinhava nos passeios e todos os chineses estendiam a mão para terem o privilégio de um aperto de mão ou fotografia com ele”, lembrou José Maneiras. “Uma senhora de certa idade estava com a neta ao colo e ele até pegou na criança. Foi uma alegria, a senhora exultou. Havia um toque de simpatia, era natural nele, não era cultivar a simpatia, não era populismo, era espontâneo e do coração e foi assim que deixou esse rasto aqui”, disse o arquitecto. Apesar da doença prolongada do ex-Presidente, José Maneiras contou que “não obstante saber que se encontrava num estado muito débil, a notícia do passamento foi como tivesse sido inesperada”.
Arauto da liberdade e homem de cultura
Manuel Geraldes focou-se na figura de Mário Soares como “grande arauto e lutador pela liberdade”. “As pessoas da minha geração lembram-se de Mário Soares como o homem que nasceu na ditadura, que sempre lutou contra a ditadura, ao lado de Humberto Delgado e tantas outras lutas do Movimento Democrático, e que foi um lutador incansável. Um homem que pôs a sua liberdade em causa porque esteve várias vezes preso, mas em luta pela liberdade dos outros”, afirmou o coronel na reserva, alferes durante o 25 de Abril.
Já após a Revolução dos Cravos, Manuel Geraldes vê em Mário Soares um “homem que teve uma importância extraordinária para que a revolução não inquinasse novamente para uma ditadura”. “Foi com ele, e posso dizer que estive com ele, nas lutas pela consolidação da liberdade e pela liberdade no âmbito do processo revolucionário nomeadamente antes do 25 de Abril. É, de facto, uma pedra básica na definição da democracia portuguesa”, afirmou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, recordando que Mário Soares presidiu à reabertura do Clube Militar a 9 de Abril de 1995. No que diz respeito a Macau, Manuel Geraldes confessa não ter acompanhado esta vertente, porque acompanhou o antigo Presidente de outras maneiras. “Conheci-o pessoalmente mas vemos pelos documentos que é um homem que nasceu na cultura, que conviveu, nomeadamente através do pai, num ambiente onde a cultura tinha sempre a primazia”. Recordando que Mário Soares foi fundador do Partido Socialista (PS), lembra-se que ainda antes do 25 de Abril, e no âmbito da luta contra a ditadura, distribuiu o primeiro programa do partido e “que Mário Soares liderou e teve um papel extraordinário no informar e no processo de consolidação da democracia portuguesa”.
Por sua vez, José Luís Sales Marques começa por destacar que Mário Soares é “talvez a figura pública portuguesa mais importante do século XX, ou pelo menos a mais conhecida, com maior projecção internacional”. “Foi sobretudo o grande defensor da Liberdade, o arauto da Liberdade”, afirmou.Esta personalidade política com uma “grande ligação a Macau” é para o antigo presidente do Leal Senado uma “figura muito especial, até do ponto de vista humano, com uma forma de estar na vida muito interessante, com grande carisma”. “Estive com ele nos banhos de multidão que gostava de ter, até aqui em Macau, desde as Ruínas de São Paulo até ao Senado. Não só portugueses, mas sobretudo muitos chineses a tentar ter contacto directo com um Chefe de Estado o que é algo pouco usual”, referiu Sales Marques, para quem “esta memória de proximidade e do carisma e a empatia que era capaz de gerar com todas as pessoas à sua volta é uma das características mais significativas”.
Manuel Geraldes focou-se na figura de Mário Soares como “grande arauto e lutador pela liberdade”. “As pessoas da minha geração lembram-se de Mário Soares como o homem que nasceu na ditadura, que sempre lutou contra a ditadura, ao lado de Humberto Delgado e tantas outras lutas do Movimento Democrático, e que foi um lutador incansável. Um homem que pôs a sua liberdade em causa porque esteve várias vezes preso, mas em luta pela liberdade dos outros”, afirmou o coronel na reserva, alferes durante o 25 de Abril.
Já após a Revolução dos Cravos, Manuel Geraldes vê em Mário Soares um “homem que teve uma importância extraordinária para que a revolução não inquinasse novamente para uma ditadura”. “Foi com ele, e posso dizer que estive com ele, nas lutas pela consolidação da liberdade e pela liberdade no âmbito do processo revolucionário nomeadamente antes do 25 de Abril. É, de facto, uma pedra básica na definição da democracia portuguesa”, afirmou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, recordando que Mário Soares presidiu à reabertura do Clube Militar a 9 de Abril de 1995. No que diz respeito a Macau, Manuel Geraldes confessa não ter acompanhado esta vertente, porque acompanhou o antigo Presidente de outras maneiras. “Conheci-o pessoalmente mas vemos pelos documentos que é um homem que nasceu na cultura, que conviveu, nomeadamente através do pai, num ambiente onde a cultura tinha sempre a primazia”. Recordando que Mário Soares foi fundador do Partido Socialista (PS), lembra-se que ainda antes do 25 de Abril, e no âmbito da luta contra a ditadura, distribuiu o primeiro programa do partido e “que Mário Soares liderou e teve um papel extraordinário no informar e no processo de consolidação da democracia portuguesa”.
Por sua vez, José Luís Sales Marques começa por destacar que Mário Soares é “talvez a figura pública portuguesa mais importante do século XX, ou pelo menos a mais conhecida, com maior projecção internacional”. “Foi sobretudo o grande defensor da Liberdade, o arauto da Liberdade”, afirmou.Esta personalidade política com uma “grande ligação a Macau” é para o antigo presidente do Leal Senado uma “figura muito especial, até do ponto de vista humano, com uma forma de estar na vida muito interessante, com grande carisma”. “Estive com ele nos banhos de multidão que gostava de ter, até aqui em Macau, desde as Ruínas de São Paulo até ao Senado. Não só portugueses, mas sobretudo muitos chineses a tentar ter contacto directo com um Chefe de Estado o que é algo pouco usual”, referiu Sales Marques, para quem “esta memória de proximidade e do carisma e a empatia que era capaz de gerar com todas as pessoas à sua volta é uma das características mais significativas”.
Carlos Monjardino, Stanley Ho e Mário Soares. Foto de Arquivo |
Sales Marques frisa ainda o papel do ex-Presidente da República como “homem de cultura, porque foi durante o seu mandato que algumas das mais significativas realizações culturais de Macau começaram a ter lugar, nomeadamente o Festival Internacional de Macau”.
É nesta vertente cultural que Carlos Marreiros, que o conheceu enquanto presidente do Instituto Cultural, destaca em Mário Soares qualidades como o carisma e a “grande qualidade intelectual”. “Ser um político culto não acontece normalmente na classe política. Era um político a tempo inteiro, mas tinha tempo para escrever os seus livros, para apreciar arte e assistir a uma boa peça de teatro, bailado ou música. Aliás, toda a gente sabe que ele gostava mais de literatura e tinha uma grande paixão pela obra de Sophia Mello Breyner”, afirmou o arquitecto. Embora ressalvando que não foi íntimo do fundador do PS, Carlos Marreiros lembra o apoio dado pelo governante na inauguração da Livraria, na Missão Económica e Cultural de Macau, em 1991, e outras actividades e edições do Instituto Cultural. “Como Presidente da República fez um prefácio para uma revista cultural que era editada em Macau o que me sensibilizou muito. Outros gestos que teve para com Macau e algumas actividades do instituto, principalmente a promoção editorial apraz-me registar com sensibilidade e gratidão”, disse. Para Carlos Marreiros, “era um homem inteligente e um animal político” a quem as pessoas se rendiam rapidamente perante a “capacidade de um homem que ganhou e perdeu muitas vezes mas que lutou até ao fim”. “Estou a falar com uma grande emoção porque tenho uma grande admiração pelo homem, independentemente do político, que em ocasiões tão difíceis conseguiu levar Portugal a etapas de modernização e de avanço. Um homem que nunca desistiu de lutar pela liberdade e pela democracia de Portugal. Não sendo um homem consensual é sintomático”, salientou Carlos Marreiros, recordando a frase do ex-Presidente da República: ‘só é vencido quem desiste de lutar’. Salientando que a política era a grande paixão de Mário Soares, indica que serve de “grande ensinamento para os políticos em Portugal, Macau e em todo o mundo” que devem governar deste modo, disse Marreiros, rematando com uma lembrança da passagem de Mário Soares em Macau quando visitou um mestre adivinho que lhe leu as mãos e apertou as bochechas.
Um legado para história
Para Tiago Pereira, secretário-coordenador da secção de Macau do Partido Socialista, “Mário Soares foi porventura a principal figura política portuguesa dos últimos anos. Sem dúvida, tem um papel que fica para a história portuguesa”. Sublinhando o papel fundamental no estabelecimento do regime democrático em Portugal pós-25 de Abril “num contexto muito complicado, altura em que as coisas podiam ter corrido muito mal”, Tiago Pereira considera que o fez com “enorme habilidade, algo que só está ao alcance dos grandes políticos. O representante local do PS defende que Mário Soares “conseguiu grande parte dos objectivos a que se propôs: estabelecimento de um estado social forte, consolidação do regime, tudo objectivos enormes num curto espaço de tempo”, sendo um “legado que fica para a história portuguesa”. Sendo uma “enorme perda para o PS, do qual foi fundador, e para o país”, Tiago Pereira vê em Mário Soares um “socialista democrático de corpo inteiro”, que procurava o contacto com as pessoas, “à imagem dos grandes políticos e de grandes convicções”. “Em Macau há um grande respeito pela sua figura, não só a comunidade portuguesa como os locais, foi uma pessoa que comandava admiração enorme em todo o Mundo, incluindo Macau. Sempre se preocupou com Macau, em desenvolver e dotar Macau de infra-estruturas e de preparar Macau para a transição e em salvaguardar a população local”, tendo um papel importante no território.
Também António Freitas, Provedor da Santa Casa da Misericórdia, afirmou que o fundador do PS foi “uma figura marcante na história de Portugal”. “Gostando-se ou não dele, colocou Portugal no mapa da grande Europa, com os seus prós e contras, seja como for tornou Portugal moderno. Foi um grande político, com muito valor e de muitos valores imperativos da Liberdade, liberdade de expressão e pensamento. Foi o pai da democracia em Portugal”, sublinhou. Recordando que na visita a Macau no Inverno de 1995, Mário Soares participou na Marcha de Caridade, António José de Freitas disse ter sido “um momento especial”. “Portugal perdeu uma figura de referência política. O papel que desempenhou para os portugueses e não só, foi muito positivo”, concluiu.
Por seu lado, Amélia António recorda a imagem marcante de como Mário Soares se comportava em Macau, da mesma forma que em Portugal, com uma “maneira de estar liberta, fugindo aos esquemas protocolares”. “Era um grande contraste com a cultura habitual e isso inevitavelmente trazia uma grande simpatia e um certo carinho relativamente à pessoa de Mário Soares”, destacou a presidente da Casa de Portugal. Referindo que apenas teve encontros breves, Amélia António nota que, independentemente de muitas vezes os portugueses não estarem de acordo com ele, Mário Soares “é uma figura incontornável que merece respeito e admiração de todos os portugueses”.
É nesta vertente cultural que Carlos Marreiros, que o conheceu enquanto presidente do Instituto Cultural, destaca em Mário Soares qualidades como o carisma e a “grande qualidade intelectual”. “Ser um político culto não acontece normalmente na classe política. Era um político a tempo inteiro, mas tinha tempo para escrever os seus livros, para apreciar arte e assistir a uma boa peça de teatro, bailado ou música. Aliás, toda a gente sabe que ele gostava mais de literatura e tinha uma grande paixão pela obra de Sophia Mello Breyner”, afirmou o arquitecto. Embora ressalvando que não foi íntimo do fundador do PS, Carlos Marreiros lembra o apoio dado pelo governante na inauguração da Livraria, na Missão Económica e Cultural de Macau, em 1991, e outras actividades e edições do Instituto Cultural. “Como Presidente da República fez um prefácio para uma revista cultural que era editada em Macau o que me sensibilizou muito. Outros gestos que teve para com Macau e algumas actividades do instituto, principalmente a promoção editorial apraz-me registar com sensibilidade e gratidão”, disse. Para Carlos Marreiros, “era um homem inteligente e um animal político” a quem as pessoas se rendiam rapidamente perante a “capacidade de um homem que ganhou e perdeu muitas vezes mas que lutou até ao fim”. “Estou a falar com uma grande emoção porque tenho uma grande admiração pelo homem, independentemente do político, que em ocasiões tão difíceis conseguiu levar Portugal a etapas de modernização e de avanço. Um homem que nunca desistiu de lutar pela liberdade e pela democracia de Portugal. Não sendo um homem consensual é sintomático”, salientou Carlos Marreiros, recordando a frase do ex-Presidente da República: ‘só é vencido quem desiste de lutar’. Salientando que a política era a grande paixão de Mário Soares, indica que serve de “grande ensinamento para os políticos em Portugal, Macau e em todo o mundo” que devem governar deste modo, disse Marreiros, rematando com uma lembrança da passagem de Mário Soares em Macau quando visitou um mestre adivinho que lhe leu as mãos e apertou as bochechas.
Um legado para história
Para Tiago Pereira, secretário-coordenador da secção de Macau do Partido Socialista, “Mário Soares foi porventura a principal figura política portuguesa dos últimos anos. Sem dúvida, tem um papel que fica para a história portuguesa”. Sublinhando o papel fundamental no estabelecimento do regime democrático em Portugal pós-25 de Abril “num contexto muito complicado, altura em que as coisas podiam ter corrido muito mal”, Tiago Pereira considera que o fez com “enorme habilidade, algo que só está ao alcance dos grandes políticos. O representante local do PS defende que Mário Soares “conseguiu grande parte dos objectivos a que se propôs: estabelecimento de um estado social forte, consolidação do regime, tudo objectivos enormes num curto espaço de tempo”, sendo um “legado que fica para a história portuguesa”. Sendo uma “enorme perda para o PS, do qual foi fundador, e para o país”, Tiago Pereira vê em Mário Soares um “socialista democrático de corpo inteiro”, que procurava o contacto com as pessoas, “à imagem dos grandes políticos e de grandes convicções”. “Em Macau há um grande respeito pela sua figura, não só a comunidade portuguesa como os locais, foi uma pessoa que comandava admiração enorme em todo o Mundo, incluindo Macau. Sempre se preocupou com Macau, em desenvolver e dotar Macau de infra-estruturas e de preparar Macau para a transição e em salvaguardar a população local”, tendo um papel importante no território.
Também António Freitas, Provedor da Santa Casa da Misericórdia, afirmou que o fundador do PS foi “uma figura marcante na história de Portugal”. “Gostando-se ou não dele, colocou Portugal no mapa da grande Europa, com os seus prós e contras, seja como for tornou Portugal moderno. Foi um grande político, com muito valor e de muitos valores imperativos da Liberdade, liberdade de expressão e pensamento. Foi o pai da democracia em Portugal”, sublinhou. Recordando que na visita a Macau no Inverno de 1995, Mário Soares participou na Marcha de Caridade, António José de Freitas disse ter sido “um momento especial”. “Portugal perdeu uma figura de referência política. O papel que desempenhou para os portugueses e não só, foi muito positivo”, concluiu.
Por seu lado, Amélia António recorda a imagem marcante de como Mário Soares se comportava em Macau, da mesma forma que em Portugal, com uma “maneira de estar liberta, fugindo aos esquemas protocolares”. “Era um grande contraste com a cultura habitual e isso inevitavelmente trazia uma grande simpatia e um certo carinho relativamente à pessoa de Mário Soares”, destacou a presidente da Casa de Portugal. Referindo que apenas teve encontros breves, Amélia António nota que, independentemente de muitas vezes os portugueses não estarem de acordo com ele, Mário Soares “é uma figura incontornável que merece respeito e admiração de todos os portugueses”.
Soares em Macau. Foto Arquivo FMS |
Carinho nas ruas
Anabela Ritchie, antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL) de Macau, recorda que durante o período de transição as tarefas eram muitas e por isso registaram-se várias oportunidades de partilha de ideias entre os dois. “Sempre obtive o melhor aconselhamento e orientação para as tarefas que cabiam à AL nessa altura. Vai-me ficar na memória a homenagem, a admiração e muita gratidão a Mário Soares por aquilo que ele conseguiu congregar em torno deste projecto de desígnio nacional que era Macau”, afirmou. “Ele tinha uma ideia de que cinco séculos é uma presença longa e que as relações que Portugal foi mantendo com a China tiveram altos e baixos, mas foram sempre boas e que devíamos lutar para que elas continuassem. Acho que isto fazia parte da visão dele e de que Macau tinha uma identidade e singularidade muito próprias e que podem ser preservadas até como um exemplo de boa convivência entre os povos”, destacou Anabela Ritchie. Lembrando as visitas ao território e a pessoas de “trato muito agradável”, a ex-presidente da AL recorda que Mário Soares sempre que vinha passeava pelo Centro Histórico e “eram sempre banhos de multidão, onde era abordado por portugueses e chineses”. “Tinha uma simpatia muito natural, parecia que estabelecia laços com as pessoas com uma facilidade muito grande e fiquei sempre com a impressão que os portugueses gostavam dele e os chineses também gostavam pela simpatia e abertura”, afirmou.
Já o jurista António Marques da Silva destaca Mário Soares como “homem com uma figura determinada, característica que penso que todos temos de respeitar”. “Enquanto político e concretamente em relação a Macau há desde logo ele e Almeida Santos, elementos pacificadores. Recordo-me das visitas dele e da maneira como ele abraçava e contactava as pessoas e o gesto de legalização de alguns ilegais que foram gestos que tranquilizaram e prestigiaram Portugal perante os chineses”, salientou. Macau não passa despercebido, porque quando ele foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, lembro-me de uma visita a Macau em que ele diz algo como ‘estaremos em Macau enquanto a China e as pessoas de Macau quiserem’ e realçou toda a história dos 400 anos de convivência. Penso que Macau nunca terá sido alheio a Mário Soares”, referiu, salientando as “visitas e o carinho com que era recebido pela população nas ruas de Macau”.
Anabela Ritchie, antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL) de Macau, recorda que durante o período de transição as tarefas eram muitas e por isso registaram-se várias oportunidades de partilha de ideias entre os dois. “Sempre obtive o melhor aconselhamento e orientação para as tarefas que cabiam à AL nessa altura. Vai-me ficar na memória a homenagem, a admiração e muita gratidão a Mário Soares por aquilo que ele conseguiu congregar em torno deste projecto de desígnio nacional que era Macau”, afirmou. “Ele tinha uma ideia de que cinco séculos é uma presença longa e que as relações que Portugal foi mantendo com a China tiveram altos e baixos, mas foram sempre boas e que devíamos lutar para que elas continuassem. Acho que isto fazia parte da visão dele e de que Macau tinha uma identidade e singularidade muito próprias e que podem ser preservadas até como um exemplo de boa convivência entre os povos”, destacou Anabela Ritchie. Lembrando as visitas ao território e a pessoas de “trato muito agradável”, a ex-presidente da AL recorda que Mário Soares sempre que vinha passeava pelo Centro Histórico e “eram sempre banhos de multidão, onde era abordado por portugueses e chineses”. “Tinha uma simpatia muito natural, parecia que estabelecia laços com as pessoas com uma facilidade muito grande e fiquei sempre com a impressão que os portugueses gostavam dele e os chineses também gostavam pela simpatia e abertura”, afirmou.
Já o jurista António Marques da Silva destaca Mário Soares como “homem com uma figura determinada, característica que penso que todos temos de respeitar”. “Enquanto político e concretamente em relação a Macau há desde logo ele e Almeida Santos, elementos pacificadores. Recordo-me das visitas dele e da maneira como ele abraçava e contactava as pessoas e o gesto de legalização de alguns ilegais que foram gestos que tranquilizaram e prestigiaram Portugal perante os chineses”, salientou. Macau não passa despercebido, porque quando ele foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, lembro-me de uma visita a Macau em que ele diz algo como ‘estaremos em Macau enquanto a China e as pessoas de Macau quiserem’ e realçou toda a história dos 400 anos de convivência. Penso que Macau nunca terá sido alheio a Mário Soares”, referiu, salientando as “visitas e o carinho com que era recebido pela população nas ruas de Macau”.
Soares em Macau. Foto Arquivo FMS |
Problemas de perspectiva
Apesar das qualidades apontadas, Sales Marques considera que Mário Soares “se calhar não entendia muito bem Macau, porque embora tivesse a famosa expressão de que Macau era um desígnio nacional, este ficava a muitos milhares de quilómetros de Lisboa”. “A partir de certa altura, algumas coisas não correram bem e afastou-se um pouco. Houve entendimento com o Primeiro-Ministro de então, Cavaco Silva, e decidiram nomear para Macau um general, um homem das Forças Armadas. Foi uma forma de se distanciar das confusões de Macau e do peso político que lhe trazia”, disse Sales Marques em relação ao “caso do fax de Macau”, envolvendo o governador Carlos Melancia, posteriormente ilibado das suspeitas de suborno.
António Marques da Silva também aponta este caso “que choca” como o motivador de “um certo afastamento”. “Talvez a partir daí Mário Soares não tenha feito intervenções públicas sobre Macau”, disse o jurista a este jornal.
Jorge Morbey, antigo presidente do Instituto Cultural de Macau, também entende que a perspectiva de Mário Soares sobre o território poderia não ser a exacta. “É muito difícil para quem não tenha passado e não tenha sentido Macau ter uma perspectiva correcta. Mas não foi ele o primeiro a não ter uma visão exacta da questão de Macau. Já os negociadores da Declaração Conjunta não tiveram a sensibilidade necessária para distinguir a história de Hong Kong e de Macau, que tinha mais quatro séculos de história”, disse ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU. “Em relação a Macau, como tudo o que é humano houve coisas boas e menos boas, nomeadamente o empenho dele na criação da Fundação Oriente, que hoje praticamente não existe em Macau, e a própria demissão do Governador Melancia. Esta foi a primeira vez em que alguém do PS caiu, mas Mário Soares se manteve como Presidente da República”, afirmou, notando que em política os erros acontecem. “Em determinada altura poderá ser feita a leitura de que ele encarava Macau como um excelente negócio para determinados interesses portugueses e por essa razão, tentou corrigir rapidamente a nomeação do engenheiro Melancia, com a sua sagacidade política, com a nomeação do General Rocha Vieira, uma pessoa que não estava tão conotada com os negócios da construção do aeroporto”, explicou. Apesar disso, Jorge Morbey defende que o “saldo global da actuação política de Soares foi extremamente importante na história de Portugal”. “É um ciclo da nossa história que acabou com ele”, frisa. “Os dois mandatos dele foram de grande prestígio para Portugal no exterior e interior, porque apesar das bancarrotas que aconteceram nos governos e presidências dele, era um homem com um grande prestígio, especialmente, a nível da Internacional Socialista. Aliás no arranque da Revolução do 25 de Abril ele é quem acelera o reconhecimento do novo regime implantado pelos líderes socialistas na Europa”, disse.
Quem à primeira vista não teve uma boa impressão foi Jorge Fão, actual presidente da Assembleia Geral da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau. “Na altura era dirigente sindical e quando ele chegou pela primeira vez em 1993, não tive um boa impressão dele, nem ele de mim, porque fui mentor de uma manifestação sobre as questões da função pública e ele foi recebido com uma manifestação junto ao Palácio do Governo”. “Estávamos nos anos 90 e Portugal ainda não tinha decidido se pagava as pensões”, conta o dirigente. Depois deste episódio encontrou-se com Mário Soares em São Bento onde percebeu que este “não estava a par do que se estava a passar ou porque não sabia, porque não acompanhou o dossier ou não foi devidamente informado”. “Informei-o de forma que ficou mais agradado e, quando regressou [a Macau], reunimo-nos na actual residência consular e voltamos a falar com a presença do Governador General Rocha Vieira. A reunião não correu da melhor forma, porque colocámos uma série de questões, mas o Governador não soube explicar ou esclarecer certas situações que, para nós eram ambíguas e perigosas. Mas, Mário Soares é uma pessoa muito inteligente, um bom político que conseguiu amenizar o ambiente e abriu espaço para alterar a lei”, explicou. Para Jorge Fão, o antigo Presidente da República é “o paladino da democracia portuguesa”. “Sempre foi um sério defensor da liberdade e da democracia. Presto-lhe a devida homenagem e sinceros votos de condolências aos seus familiares. Gostei de ter privado com ele”, disse.
Apesar disso, nota que “na verdadeira ascensão da palavra, Portugal abandonou a função pública que residia nas suas antigas colónias”. “Como Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares foi um fracasso político pela forma como abandonou as colónias, porque não teve a devida consciência de ter posto muitas famílias em situações terríveis”, apontou, referindo-se ao regresso massivo dos retornados. Já como Presidente e Primeiro-Ministro, Jorge Fão considera que Mário Soares “fez algo para Portugal e Macau”. “A vida de uma pessoa deve mudar segundo as circunstâncias e, como ele próprio disse, ‘só os burros é que não mudam’. Repare-se que foi membro do partido comunista, depois afastou-se pelo menos da ala radical do regime”, concluiu.
Questões complicadas
Mas os funcionários públicos não foram os únicos problemas encontrados. Amélia António recorda que, logo após a primeira eleição, Mário Soares enfrentou “problemas complicados como a questão da negociação da data da transferência de soberania, reconhecimento da nacionalidade portuguesa aos chineses”. “Houve algumas questões que acabaram por ser resolvidas dentro dos interesses portugueses e isso foi importante. Mário Soares apanhou problemas pouco simpáticos e do ponto de vista diplomático menos fáceis ou mais complicados e desagradáveis como a questão da Fundação Oriente, outras relacionadas com o aeroporto, a nomeação do Governador e da saída do primeiro Governador nomeado por ele, o Pinto Machado. Houve todo um conjunto de coisas que acabaram por se resolver mas foram pontos mais complicados que teve de enfrentar e que deixam Macau assim um bocadinho desaparecido no contexto da sua acção política”, afirmou. Deste modo, a presidente da Casa de Portugal considera que ao olhar para as biografias e entrevistas do governante “Macau não aparece”. “Fala-se da questão de Timor, da descolonização dos países africanos, mas praticamente não se fala de Macau, isto porque há um incómodo relativamente a alguns assuntos ligados ao território, o que leva a que também não se fale do que ficou bem resolvido”, frisou. “No fundo é um pequeno episódio numa vida política longa e activa e que tem toda ela uma história extremamente importante no contexto do país. Há que valorizar toda a acção de Mário Soares, durante o período da ditadura em que teve sempre uma posição de luta, coerente e que merece o nosso respeito e consideração”, afirmou Amélia António, sublinhando que “as coisas que correram melhor ou pior relativamente a Macau não devem influenciar aquilo que sentimos em relação a uma vida inteira ligada à política, no seu melhor sentido de defender ideais e princípios e isso é de valorizar”.
Apesar das qualidades apontadas, Sales Marques considera que Mário Soares “se calhar não entendia muito bem Macau, porque embora tivesse a famosa expressão de que Macau era um desígnio nacional, este ficava a muitos milhares de quilómetros de Lisboa”. “A partir de certa altura, algumas coisas não correram bem e afastou-se um pouco. Houve entendimento com o Primeiro-Ministro de então, Cavaco Silva, e decidiram nomear para Macau um general, um homem das Forças Armadas. Foi uma forma de se distanciar das confusões de Macau e do peso político que lhe trazia”, disse Sales Marques em relação ao “caso do fax de Macau”, envolvendo o governador Carlos Melancia, posteriormente ilibado das suspeitas de suborno.
António Marques da Silva também aponta este caso “que choca” como o motivador de “um certo afastamento”. “Talvez a partir daí Mário Soares não tenha feito intervenções públicas sobre Macau”, disse o jurista a este jornal.
Jorge Morbey, antigo presidente do Instituto Cultural de Macau, também entende que a perspectiva de Mário Soares sobre o território poderia não ser a exacta. “É muito difícil para quem não tenha passado e não tenha sentido Macau ter uma perspectiva correcta. Mas não foi ele o primeiro a não ter uma visão exacta da questão de Macau. Já os negociadores da Declaração Conjunta não tiveram a sensibilidade necessária para distinguir a história de Hong Kong e de Macau, que tinha mais quatro séculos de história”, disse ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU. “Em relação a Macau, como tudo o que é humano houve coisas boas e menos boas, nomeadamente o empenho dele na criação da Fundação Oriente, que hoje praticamente não existe em Macau, e a própria demissão do Governador Melancia. Esta foi a primeira vez em que alguém do PS caiu, mas Mário Soares se manteve como Presidente da República”, afirmou, notando que em política os erros acontecem. “Em determinada altura poderá ser feita a leitura de que ele encarava Macau como um excelente negócio para determinados interesses portugueses e por essa razão, tentou corrigir rapidamente a nomeação do engenheiro Melancia, com a sua sagacidade política, com a nomeação do General Rocha Vieira, uma pessoa que não estava tão conotada com os negócios da construção do aeroporto”, explicou. Apesar disso, Jorge Morbey defende que o “saldo global da actuação política de Soares foi extremamente importante na história de Portugal”. “É um ciclo da nossa história que acabou com ele”, frisa. “Os dois mandatos dele foram de grande prestígio para Portugal no exterior e interior, porque apesar das bancarrotas que aconteceram nos governos e presidências dele, era um homem com um grande prestígio, especialmente, a nível da Internacional Socialista. Aliás no arranque da Revolução do 25 de Abril ele é quem acelera o reconhecimento do novo regime implantado pelos líderes socialistas na Europa”, disse.
Quem à primeira vista não teve uma boa impressão foi Jorge Fão, actual presidente da Assembleia Geral da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau. “Na altura era dirigente sindical e quando ele chegou pela primeira vez em 1993, não tive um boa impressão dele, nem ele de mim, porque fui mentor de uma manifestação sobre as questões da função pública e ele foi recebido com uma manifestação junto ao Palácio do Governo”. “Estávamos nos anos 90 e Portugal ainda não tinha decidido se pagava as pensões”, conta o dirigente. Depois deste episódio encontrou-se com Mário Soares em São Bento onde percebeu que este “não estava a par do que se estava a passar ou porque não sabia, porque não acompanhou o dossier ou não foi devidamente informado”. “Informei-o de forma que ficou mais agradado e, quando regressou [a Macau], reunimo-nos na actual residência consular e voltamos a falar com a presença do Governador General Rocha Vieira. A reunião não correu da melhor forma, porque colocámos uma série de questões, mas o Governador não soube explicar ou esclarecer certas situações que, para nós eram ambíguas e perigosas. Mas, Mário Soares é uma pessoa muito inteligente, um bom político que conseguiu amenizar o ambiente e abriu espaço para alterar a lei”, explicou. Para Jorge Fão, o antigo Presidente da República é “o paladino da democracia portuguesa”. “Sempre foi um sério defensor da liberdade e da democracia. Presto-lhe a devida homenagem e sinceros votos de condolências aos seus familiares. Gostei de ter privado com ele”, disse.
Apesar disso, nota que “na verdadeira ascensão da palavra, Portugal abandonou a função pública que residia nas suas antigas colónias”. “Como Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares foi um fracasso político pela forma como abandonou as colónias, porque não teve a devida consciência de ter posto muitas famílias em situações terríveis”, apontou, referindo-se ao regresso massivo dos retornados. Já como Presidente e Primeiro-Ministro, Jorge Fão considera que Mário Soares “fez algo para Portugal e Macau”. “A vida de uma pessoa deve mudar segundo as circunstâncias e, como ele próprio disse, ‘só os burros é que não mudam’. Repare-se que foi membro do partido comunista, depois afastou-se pelo menos da ala radical do regime”, concluiu.
Questões complicadas
Mas os funcionários públicos não foram os únicos problemas encontrados. Amélia António recorda que, logo após a primeira eleição, Mário Soares enfrentou “problemas complicados como a questão da negociação da data da transferência de soberania, reconhecimento da nacionalidade portuguesa aos chineses”. “Houve algumas questões que acabaram por ser resolvidas dentro dos interesses portugueses e isso foi importante. Mário Soares apanhou problemas pouco simpáticos e do ponto de vista diplomático menos fáceis ou mais complicados e desagradáveis como a questão da Fundação Oriente, outras relacionadas com o aeroporto, a nomeação do Governador e da saída do primeiro Governador nomeado por ele, o Pinto Machado. Houve todo um conjunto de coisas que acabaram por se resolver mas foram pontos mais complicados que teve de enfrentar e que deixam Macau assim um bocadinho desaparecido no contexto da sua acção política”, afirmou. Deste modo, a presidente da Casa de Portugal considera que ao olhar para as biografias e entrevistas do governante “Macau não aparece”. “Fala-se da questão de Timor, da descolonização dos países africanos, mas praticamente não se fala de Macau, isto porque há um incómodo relativamente a alguns assuntos ligados ao território, o que leva a que também não se fale do que ficou bem resolvido”, frisou. “No fundo é um pequeno episódio numa vida política longa e activa e que tem toda ela uma história extremamente importante no contexto do país. Há que valorizar toda a acção de Mário Soares, durante o período da ditadura em que teve sempre uma posição de luta, coerente e que merece o nosso respeito e consideração”, afirmou Amélia António, sublinhando que “as coisas que correram melhor ou pior relativamente a Macau não devem influenciar aquilo que sentimos em relação a uma vida inteira ligada à política, no seu melhor sentido de defender ideais e princípios e isso é de valorizar”.
Artigo (texto) de Liane Ferreira e Catarina Almeida publicado no JTM 9.1.2017
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