São segredos de fazer crescer água na boca. Cíntia Serro reuniu num livro cerca de 100 receitas da cozinha típica macaense. Depois da publicação na Língua de Camões, editada no ano passado, já estar a ter sucesso em várias partes do mundo, a macaense lançou ontem a versão inglesa na sua terra natal. Uma ocasião que teve um sabor especial.
Depois de apresentações em Portugal, Estados Unidos, Canadá e Brasil, o livro “As Receitas Tradicionais Macaenses da Minha Tia-Mãe Albertina” foi ontem lançado em Macau e apresentado pela primeira vez na versão inglesa. A edição lusa já tinha corrido o mundo, mas a publicação em inglês recebeu os primeiros aplausos ontem no território, assumindo esta ocasião um sabor especial. “Depois de quatro apresentações trago estes livros a Macau. Tem um significado especial porque estou a fazê-lo na minha terra”, disse Cíntia Serro, a autora da publicação, editada pelo Instituto Internacional de Macau.
Com cerca de 100 receitas, o livro guarda os segredos do passado para que a tradição sobreviva à passagem dos anos. Apenas uma parte da herança que recebeu. “A minha tia Albertina foi guardando as receitas ao longo do tempo. Algumas passaram de geração em geração outras trocava-as com as colegas de trabalho, quando estava nos Correios”, recordou ao JTM Cíntia Serro.
Para dar a oportunidade dos mais novos descobrirem e experimentarem os sabores que perduram há séculos, Cíntia Serro demorou um ano a seleccionar as receitas e a actualizar as medições. “Tive de rever as medidas para que os jovens pudessem continuar a manter a tradição”, disse. “Eram medidas antigas, mais feitas a olho. Para as actualizar tive de experimentar muito, por isso é que não pude seleccionar mais”.
A macaense, que vive entre o Canadá, Portugal e Macau, guarda ainda uma caixa cheia de receitas, mas acredita que com as publicações em português e inglês muitas pessoas já vão poder ter acesso a iguarias que, no passado, estavam muito bem guardadas. “A receita do caranguejo bispo ainda não vi noutro livro. A pessoa que tinha esta receita não a deixava ver, mas passou-a à minha tia e então ela ensinou-a a muita gente”, referiu a autora da publicação. Cíntia Serro guarda boas lembranças de uma tia que tratava como mãe. “Gostava muito de mim e fazia-me as vontades. Ela ficou muito feliz porque ainda viu a versão portuguesa. Leu-a de uma ponta à outra”, referiu. A macaense está confiante que os mais novos estão dispostos a seguir a tradição. “A juventude está aberta a manter este legado. Até o meu neto de 14 anos já faz estas receitas”, confidenciou.
Texto e foto de Fátima Almeida. Artigo publicado no JTM de 7.2.2013
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