Se tivermos em conta a reduzida dimensão do Território Macau tem de certeza a maior área de pavimento em calçada à portuguesa e nem mesmo depois de 1999 essa área diminuiu, antes pelo contrário. Destaque para o Largo do Senado, Largo do Lilau, entre outros. Esta arte secular típicamente portuguesa está espalhada um pouco por todo o mundo em locais tão díspares como o Brasil ou Timor. A explicação é simples: os navios que seguiam para Macau iam maioritariamente vazios e precisam de peso para navegarem em condições - o chamado lastro. Daí que a solução encontrada foi carregar os navios com 'pedras da calçada' (calcário e basalto) à partida de Lisboa. Os motivos dos desenhos são na maioria: desenhos de caravelas, rosas-dos-ventos, conchas, peixes, estrelas, e ondas do mar
Pormenor da calçada junto à Sé
Dois livros de Ernesto Matos sobre este tema editados em 2009 e 2010 |
Edição trilingue de 2010. O prefácio é de Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões, que em declarações ao Jornal Tribuna de Macau recordou que “a calçada portuguesa, tão descuidada no território da sua origem, foi adoptada por Macau e tornou-se numa arte local”. “Das artérias nobres foi progredindo para os bairros históricos, quer as antigas ruas da cidade cristã, quer as populares ruas do bairro chinês”. Realça ainda que este “tão belo e mágico livro” de Ernesto Matos “percorre as ruas da cidade fixando por meio da sua objectiva a beleza dos desenhos e os sinais de um quotidiano que enche de vida as pedras da calçada” e que, “para sublinhar a voz das pedras, as imagens cruzam-se com as palavras de poetas, quer se trate daqueles que miticamente estão ligados à cidade, como Luís de Camões, quer os contemporâneos de mais ou menos recente memória”.
Para o autor, ainda em declarações ao JTM, “a calçada portuguesa tornou-se um ícone”. “Os passeios de Macau desenvolveram-se para trazer um novo brilho a todo o território e muito especialmente às típicas e estreitas ruas do Centro Histórico, agora possuidor de um título reconhecido internacionalmente, como são exemplos o Largo da Sé, o Largo de São Domingos e o caso da Rua dos Ervanários, zona também denominada por rua dos tintins. As tonalidades de pastel das típicas fachadas coloniais ganham assim uma nova escala e as duas civilizações unem-se e saem à rua de mãos dadas para comemorarem as bodas dos 500 anos de uma coexistência, construída e fortificada através de um diálogo onde não são necessárias muitas palavras nem a descodificação de ambas as línguas maternas”.
Na década de 1970 (cima) e 1960 (baixo)
Ruas de Macau nas décadas de 1960 a 1980 com calçada à portuguesa
Sem comentários:
Enviar um comentário