"Governadores de Macau" é uma obra de Paulo Jorge Sousa
Pinto, António Martins do Vale, Teresa Lopes da Silva e Alfredo Gomes
Dias, com coordenação de Jorge dos Santos Alves e António Vasconcelos de
Saldanha, numa edição de 2013 da Livros do Oriente.
O título Governador de Macau, criado em 1623, era dado a um oficial do Império português para a protecção e gestão executiva do território colonial de Macau. Era nomeado pelo Chefe de Estado (rei ou Presidente da República) de Portugal. Ao longo da presença portuguesa existiram 110, a esmagadora maioria militares.
O posto foi substituído pelo cargo de Chefe do Executivo de Macau a 20 de Dezembro de 1999, após a transferência de soberania (e da administração) de Macau para a China. Antes da criação do título de Governador, Macau era administrado e governado directamente pelo Leal Senado, a primeira câmara municipal de Macau e o símbolo da autoridade local.
“Governadores de Macau” biografa todos os capitães-gerais, governadores, encarregados de governo, governadores interinos e, ainda, conselhos de Governo.
O livro começou a ser escrito em 1997 mas só ficou concluído no ano passado. Duas razões explicam este longo parto. Por um lado, explica o editor Rogério Beltrão Coelho, “atrasos de vária ordem, que se prenderam basicamente com a instabilidade editorial em Macau após a transferência, levaram a que só em 2013 – assinalando os 500 anos da chegada de Jorge Álvares à China – o livro Governadores de Macau saia do prelo, como é de tradição dizer-se”. Não por acaso, certamente, os dois momentos correspondem a duas fases do seu próprio financiamento: a primeira, relativa à investigação e à produção dos textos, contou com o apoio da Universidade de Macau, do Instituto Politécnico de Macau e da anterior Fundação Macau; já a segunda, relativa à produção editorial e gráfica de “Governadores de Macau” teve o patrocínio da Fundação Jorge Álvares, Fundação Casa de Macau e Banco Nacional Ultramarino (Macau) [o atraso teve uma outra consequência: os textos estão escritos no português anterior ao acordo ortográfico]. Mas Beltrão Coelho também reconhece que “foi de todo prudente deixar que o tempo oferecesse o distanciamento que o saber histórico aconselha”. Até porque se o trabalho de investigação e de redacção até ao penúltimo governador estava concluído no início de 2000, “impunha-se algum distanciamento temporal relativamente ao consulado do governador que protagonizou o processo de transição e a transferência da administração para a China. Todos os governadores (em sentido lacto) deixaram em Macau uma marca (nuns casos muito suave, noutros muito profunda) do seu empenhamento e capacidade.
Porém, a História determinou que fosse o último governador a concluir projectos e estruturas novos ou herdados dos seus antecessores. As condições financeiras permitiram, em menos de dez anos, atingir metas e concretizar objectivos de forma a transferir para a República Popular da China uma Macau rica em infra-estruturas e preparada para entrar no século XXI. Por estas razões, o texto sobre este último governo resultou mais extenso do que a maioria dos anteriores”. O editor garante que “ao longo das cinco centenas de páginas desta obra, desfilam, ordenadas cronologicamente, as biografias de todos os capitães-gerais, governadores, encarregados de governo, governadores interinos e, ainda, conselhos de Governo, que assumiram nas suas mãos os destinos da administração portuguesa de Macau, desde o século XVII até ao final do século XX” , mas esclarece que “não é uma História de Macau, mas apresenta-se como um esforço de síntese de uma realidade histórica complexa como é a de Macau, onde se cruzam os tempos e os ritmos das mutações que foram ocorrendo na China, em Portugal e no seu Império, e mais globalmente na Ásia Oriental», prometendo uma «uma interpretação globalizante de uma realidade social que se foi formando e desenvolvendo na península de Macau, no sul da China”. D. Francisco Mascarenhas (1623-1626) é o primeiro dos 155 biografados (...)
Porém, a História determinou que fosse o último governador a concluir projectos e estruturas novos ou herdados dos seus antecessores. As condições financeiras permitiram, em menos de dez anos, atingir metas e concretizar objectivos de forma a transferir para a República Popular da China uma Macau rica em infra-estruturas e preparada para entrar no século XXI. Por estas razões, o texto sobre este último governo resultou mais extenso do que a maioria dos anteriores”. O editor garante que “ao longo das cinco centenas de páginas desta obra, desfilam, ordenadas cronologicamente, as biografias de todos os capitães-gerais, governadores, encarregados de governo, governadores interinos e, ainda, conselhos de Governo, que assumiram nas suas mãos os destinos da administração portuguesa de Macau, desde o século XVII até ao final do século XX” , mas esclarece que “não é uma História de Macau, mas apresenta-se como um esforço de síntese de uma realidade histórica complexa como é a de Macau, onde se cruzam os tempos e os ritmos das mutações que foram ocorrendo na China, em Portugal e no seu Império, e mais globalmente na Ásia Oriental», prometendo uma «uma interpretação globalizante de uma realidade social que se foi formando e desenvolvendo na península de Macau, no sul da China”. D. Francisco Mascarenhas (1623-1626) é o primeiro dos 155 biografados (...)
Palácio do Governo no final do séc. XIX |
Excerto de uma notícia da agência Lusa de 16.2.2013
O documento que é agora apresentado "não faz apenas a biografia dos governadores mas também procura integrar a figura e a acção governativa de cada um deles ao longo dos séculos em várias dimensões", explicou à Lusa Jorge dos Santos Alves um dos coordenadores do livro "Os Governadores de Macau". "Os historiadores consultaram centenas de livros e arquivos, varreram uma série de arquivos de vários países, consultaram centenas de artigos dedicados não apenas à figura dos detentores do cargo desde o século XVII até 1999 e esse detalhado trabalho de investigação resultou numa síntese de divulgação séria", acrescentou o coordenador. Este trabalho de investigação relaciona os vários governadores (num total de 254 mandatos) com o estado das relações luso-chinesas desde o século XVII até ao final do século XX.
O trabalho aborda também a História da China, "que condiciona muito a actuação dos governadores e o governo do território", e incluiu igualmente a história geral da presença de Portugal na Ásia e da presença ultramarina até 1974, cruzando-a com outros poderes coloniais europeus no Extremo Oriente. Segundo o coordenador, o "problema de quem trabalhou os séculos XVII e XVIII na Ásia" deparou-se com falta de documentação sobre parte dos governadores destes dois primeiros séculos de presença de Portugal em Macau. "Não havia documentação sobre o cargo, em que condições foi exercido e nem mesmo aquela questão tão simples sobre a data de nomeação e o final do mandato", explicou Jorge dos Santos Alves. Os quatro investigadores que participaram neste trabalho: António Martins do Vale, Paulo Sousa Pint, Teresa Lopes da Silva e Alfredo Gomes Dias consultaram oito arquivos de três países: Portugal, Espanha e Índia (principalmente o arquivo de Goa) numa ação coordenada por Jorge dos Santos Alves e António Vasconcelos de Saldanha.
O trabalho aborda também a História da China, "que condiciona muito a actuação dos governadores e o governo do território", e incluiu igualmente a história geral da presença de Portugal na Ásia e da presença ultramarina até 1974, cruzando-a com outros poderes coloniais europeus no Extremo Oriente. Segundo o coordenador, o "problema de quem trabalhou os séculos XVII e XVIII na Ásia" deparou-se com falta de documentação sobre parte dos governadores destes dois primeiros séculos de presença de Portugal em Macau. "Não havia documentação sobre o cargo, em que condições foi exercido e nem mesmo aquela questão tão simples sobre a data de nomeação e o final do mandato", explicou Jorge dos Santos Alves. Os quatro investigadores que participaram neste trabalho: António Martins do Vale, Paulo Sousa Pint, Teresa Lopes da Silva e Alfredo Gomes Dias consultaram oito arquivos de três países: Portugal, Espanha e Índia (principalmente o arquivo de Goa) numa ação coordenada por Jorge dos Santos Alves e António Vasconcelos de Saldanha.
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