terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Governadores de Macau: livro


"Governadores de Macau" é uma obra de Paulo Jorge Sousa Pinto, António Martins do Vale, Teresa Lopes da Silva e Alfredo Gomes Dias, com coordenação de Jorge dos Santos Alves e António Vasconcelos de Saldanha, numa edição de 2013 da Livros do Oriente.
O título Governador de Macau, criado em 1623, era dado a um oficial do Império português para a protecção e gestão executiva do território colonial de Macau. Era nomeado pelo Chefe de Estado (rei ou Presidente da República) de Portugal. Ao longo da presença portuguesa existiram 110, a esmagadora maioria militares.
O posto foi substituído pelo cargo de Chefe do Executivo de Macau a 20 de Dezembro de 1999, após a transferência de soberania (e da administração) de Macau para a China. Antes da criação do título de Governador, Macau era administrado e governado directamente pelo Leal Senado, a primeira câmara municipal de Macau e o símbolo da autoridade local.
“Governadores de Macau” biografa todos os capitães-gerais, governadores, encarregados de governo, governadores interinos e, ainda, conselhos de Governo.
O livro começou a ser escrito em 1997 mas só ficou concluído no ano passado. Duas razões explicam este longo parto. Por um lado, explica o editor Rogério Beltrão Coelho, “atrasos de vária ordem, que se prenderam basicamente com a instabilidade editorial em Macau após a transferência, levaram a que só em 2013 – assinalando os 500 anos da chegada de Jorge Álvares à China – o livro Governadores de Macau saia do prelo, como é de tradição dizer-se”. Não por acaso, certamente, os dois momentos correspondem a duas fases do seu próprio financiamento: a primeira, relativa à investigação e à produção dos textos, contou com o apoio da Universidade de Macau, do Instituto Politécnico de Macau e da anterior Fundação Macau; já a segunda, relativa à produção editorial e gráfica de “Governadores de Macau” teve o patrocínio da Fundação Jorge Álvares, Fundação Casa de Macau e Banco Nacional Ultramarino (Macau) [o atraso teve uma outra consequência: os textos estão escritos no português anterior ao acordo ortográfico]. Mas Beltrão Coelho também reconhece que “foi de todo prudente deixar que o tempo oferecesse o distanciamento que o saber histórico aconselha”. Até porque se o trabalho de investigação e de redacção até ao penúltimo governador estava concluído no início de 2000, “impunha-se algum distanciamento temporal relativamente ao consulado do governador que protagonizou o processo de transição e a transferência da administração para a China. Todos os governadores (em sentido lacto) deixaram em Macau uma marca (nuns casos muito suave, noutros muito profunda) do seu empenhamento e capacidade.
Porém, a História determinou que fosse o último governador a concluir projectos e estruturas novos ou herdados dos seus antecessores. As condições financeiras permitiram, em menos de dez anos, atingir metas e concretizar objectivos de forma a transferir para a República Popular da China uma Macau rica em infra-estruturas e preparada para entrar no século XXI. Por estas razões, o texto sobre este último governo resultou mais extenso do que a maioria dos anteriores”.  O editor garante que “ao longo das cinco centenas de páginas desta obra, desfilam, ordenadas cronologicamente, as biografias de todos os capitães-gerais, governadores, encarregados de governo, governadores interinos e, ainda, conselhos de Governo, que assumiram nas suas mãos os destinos da administração portuguesa de Macau, desde o século XVII até ao final do século XX” , mas esclarece que “não é uma História de Macau, mas apresenta-se como um esforço de síntese de uma realidade histórica complexa como é a de Macau, onde se cruzam os tempos e os ritmos das mutações que foram ocorrendo na China, em Portugal e no seu Império, e mais globalmente na Ásia Oriental», prometendo uma «uma interpretação globalizante de uma realidade social que se foi formando e desenvolvendo na península de Macau, no sul da China”. D. Francisco Mascarenhas (1623-1626) é o primeiro dos 155 biografados (...)
Excerto de artigo (em itálico) da autoria de João Paulo Meneses publicado no jornal Ponto Final de 18.2.2013
Palácio do Governo no final do séc. XIX
Excerto de uma notícia da agência Lusa de 16.2.2013
O documento que é agora apresentado "não faz apenas a biografia dos governadores mas também procura integrar a figura e a acção governativa de cada um deles ao longo dos séculos em várias dimensões", explicou à Lusa Jorge dos Santos Alves um dos coordenadores do livro "Os Governadores de Macau". "Os historiadores consultaram centenas de livros e arquivos, varreram uma série de arquivos de vários países, consultaram centenas de artigos dedicados não apenas à figura dos detentores do cargo desde o século XVII até 1999 e esse detalhado trabalho de investigação resultou numa síntese de divulgação séria", acrescentou o coordenador. Este trabalho de investigação relaciona os vários governadores (num total de 254 mandatos) com o estado das relações luso-chinesas desde o século XVII até ao final do século XX. 
O trabalho aborda também a História da China, "que condiciona muito a actuação dos governadores e o governo do território", e incluiu igualmente a história geral da presença de Portugal na Ásia e da presença ultramarina até 1974, cruzando-a com outros poderes coloniais europeus no Extremo Oriente. Segundo o coordenador, o "problema de quem trabalhou os séculos XVII e XVIII na Ásia" deparou-se com falta de documentação sobre parte dos governadores destes dois primeiros séculos de presença de Portugal em Macau. "Não havia documentação sobre o cargo, em que condições foi exercido e nem mesmo aquela questão tão simples sobre a data de nomeação e o final do mandato", explicou Jorge dos Santos Alves. Os quatro investigadores que participaram neste trabalho: António Martins do Vale, Paulo Sousa Pint, Teresa Lopes da Silva e Alfredo Gomes Dias consultaram oito arquivos de três países: Portugal, Espanha e Índia (principalmente o arquivo de Goa) numa ação coordenada por Jorge dos Santos Alves e António Vasconcelos de Saldanha. 

Sem comentários:

Enviar um comentário