terça-feira, 13 de novembro de 2012

Love Is a Many Splendored Thing/A Colina da Saudade

Han Suyin. Foto de Kathinka Fox
A escritora de origem chinesa, Han Suyin, autora de vários romances e ensaios políticos, morreu no início de Novembro de 2012 aos 95 anos, em Lausanne (Suíça).
Médica e escritora, nasceu na província chinesa de Henan a 12 de Setembro de 1917. Era filha de pai chinês e de mãe belga.
Han Suyin, pseudónimo de Rosalie Elisabeth Comber, estudou medicina na China, depois prosseguiu os estudos na Bélgica e em Londres. Autora de muitos romances, escreveu também as biografias dos dirigentes chineses Mao Zedong e Zhou Enlai.
O seu livro mais conhecido foi publicado em 1952 e intitulou-se “A Many-splendoured Thing / A Colina da Saudade ”. Foi escrito em Hong Kong entre Setembro de 1950 e Julho de 1951 quando a autora aí vivia. 
Trata-se de uma história ficcionada inspirada na sua vida e que começa em Maio de 1949. Estamos perante uma história de amor entre pessoas de diferentes culturas numa cidade (Hong Kong, cidade entre dois mundos). A história é narrada no feminino e na primeira pessoa (com o nome da autora) e do ponto de vista não ocidental. O livro foi escrito originalmente em inglês e tem um pequeno capítulo com o título “Fim de semana em Macau - Agosto de 1949”. 
"Um sábado de tarde, Maya Wong, Diana Kilton e eu fomos todas a Macau. Maya ia fazer uma visita a um parente de Xangai agora ali instalado e Diana ia ver uns amigos ingleses. Eu ia para ver Marco. (...)"
A visita inclui passagens por locais como as ruínas de S. Paulo, Gruta de Camões, fábricas de pivetes, lojas, entre outros. "A tarde estava quente e era já entardecer quando chegámos a Macau. (…) Caminhei, pois, subindo uma rua, descendo outra, olhando as fábricas de marroquim, os santos de gesso, as igrejas. Parei para contemplar a fachada da igreja de S. Paulo, sem nave, sem paredes, como um vazio cenário de teatro , enquadrando o céu vespertino com as suas portas e janelas." Refere-se depois a um grande hotel situado na maior artéria da cidade (San Ma Lou) e que chama de Havana Hotel "com salas de jogo no último andar". Leia-se hotel Central e fan tan...
“… Que extraordinária colecção de seres humanos se reúne, em Macau, à volta das mesas do fantã… Jovens camponeses, a-mah's de túnicas brancas e calças pretas bem esticadas, com longas tranças que lhes pendem pelas costas como flácidas serpentes.Coolies cobertos por estranhos chapéus moles, de pés sem meias calçados de chinelos. Jovens ricos de vistosas gravatas, brilhantes óculos, cabelos e dentes refulgentes. Empregados de escritório e ladrões, banqueiros e rufiões, prostitutas e criadas, funcionários e alcoviteiros, piratas vindos dos juncos e agentes de polícia de licença.Estávamos de uma alegria esfuziante, essa espantosa alegria que se apossava de nós sempre que estávamos juntos. Púnhamos pequenas quantias num e noutro dos quadros traçados sobre as mesas. O banqueiro tinha diante de si uma pilha de fichas brancas de matéria plástica; tirava de cada vez algumas com um ponteiro branco, até que, restando poucas, se sucedia o número que tinha ganho…” 
O livro foi adaptado ao cinema em 1955 (venceu 3 óscares - ouçam a banda sonora e vão perceber) sendo realizado por Henry King.
Contou com as interpretações de William Holden (Mark Elliott) e Jennifer Jones (Dra. Han Suyin), nos principais papéis. Algumas cenas foram filmadas em Macau, embora a maior parte tenha sido feitas em Hong Kong constituindo um registo único da colónia britânica na década de 1950.
O filme foi um grande sucesso e o livro foi traduzido de imediato para diversas línguas, incluindo o português.
O filme centra-se na história de amor de uma médica euro-asiática viúva (Jennifer Jones) com um jornalista americano (inglês no livro) casado (William Holden).
Ao de cima vão estar os preconceitos da sociedade britânica de Hong Kong tendo como contexto histórico o início da China comunista e (no final) a guerra na Coreia.

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