As contas de 1902: o primeiro "livro de caixa" |
Foi no ano de 1901, aquando do contrato celebrado entre o Governo de
Portugal e o Banco Nacional Ultramarino, para a emissão de notas e
obrigações no Ultramar, que se abririam portas para a entrada do BNU em
Macau, dado que o banco ficara obrigado a, no prazo máximo de 6
meses, estabelecer agência no território. Em 20 de setembro de 1902, foi inaugurada a agência do BNU, no nº. 9 da Rua da Praia Grande,
num prédio que pertencia a D. Anna Theresa Ferreira, antiga Condensa de
Senna Fernandes. A entrada do BNU em Macau significou o reconhecimento
estratégico do território no panorama financeiro mundial.
de 1902 a 1906 |
Em 1906,
foram emitidas as primeiras notas próprias de Macau. Em junho do mesmo
ano, por ordem telegráfica emanada do Ministério da Marinha, recebeu o
Governo de Macau instruções para entregar ao Banco a Caixa do Estado e a
autorização para ceder parte do edifício do Governo. Assim, a filial do
Banco foi transferida para o rés do chão do antigo Palácio do Governo. Neste ano, era nomeado o primeiro representante do banco em Hong Kong, a firma Rozario & Cia.
Os
primeiros anos de atividade do BNU, no território, ficam marcados pela
conceção de empréstimos a instituições públicas (O Leal Senado, por
exemplo) e também pelo exercício de uma política de relevante papel
social, com pagamentos ao padroado e corpo consular da china e do Japão,
operações financeiras e de tesouraria em relação a Timor (situação que
se manteve até 1912) e o incentivo de trocas comerciais entre as
colónias de África, Macau e a Metrópole.
de 1906 a 1926 |
No final dos anos 20, a
filial de Macau podia orgulhar-se de ter preenchido uma falta que há
muito se notava: a existência de um estabelecimento bancário seguro e
acreditado.
Até então apenas existiam os bancos chineses, cujas
operações, sempre cercadas do maior mistério, conduziam muitas vezes à
falência e à miséria os que lhe tinham confiado os seus capitais. A
1 de março de 1926 (imagem abaixo), foi oficialmente inaugurada a casa da Agência, edifício que o BNU ainda hoje utiliza como a sua sede em Macau.
A
intervenção do BNU foi, sem dúvida, fundamental nos conturbados anos da
2ª. Guerra Mundial, ajudando a vencer a crise que, a não ter sido
ultrapassada, acarretaria a Macau, consequências imponderáveis. Neste período, a ineficácia do Governo, com preocupações como a manutenção da
ordem, o abastecimento de uma população empobrecida que, em poucos
anos, com o aumento dos refugiados, se elevou a quase 500 mil,
juntamente com as imposições dos japoneses que ameaçavam ocupar
militarmente a colónia, viabilizaram uma especulação dos cambistas que
se aproveitaram para enriquecer, extorquindo os poucos recursos da
população. A crise foi superada com a aplicação de um plano que o
diretor dos Serviços Económicos delineou, juntamente com o gerente do
BNU.
Em 1952, é lançada a primeira emissão de moeda metálica
divisionária de cunho português, sendo proibida a circulação das moedas
metálicas divisionárias de outros países no território.
Em 19 de
novembro de 1975, o Conselho do Banco, em Lisboa, com a intenção de ver
conferida maior descentralização na gestão da filial, deliberou
substituir o sistema de gerência, por uma diretoria constituída por um
diretor da filial e por dois diretores adjuntos.
O contrato celebrado em 15 de outubro de 1980, entre o Governo do Território e o BNU, introduziria um novo parceiro para o BNU: o Instituto Emissor de Macau para o qual transitava o privilégio da emissão das notas de Macau. O BNU passava a exercer as funções de exclusivo agente e banqueiro do Instituto e, enquanto seu agente, desempenharia também o serviço de Caixa de Tesouro do Território.
Em 1987, na Declaração Conjunta assinada entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da República Popular da China, ficava definido que o Banco passava a ser o agente direto no território para a emissão de moeda, acumulando essa função com a Caixa Geral do Tesouro.
O contrato celebrado em 15 de outubro de 1980, entre o Governo do Território e o BNU, introduziria um novo parceiro para o BNU: o Instituto Emissor de Macau para o qual transitava o privilégio da emissão das notas de Macau. O BNU passava a exercer as funções de exclusivo agente e banqueiro do Instituto e, enquanto seu agente, desempenharia também o serviço de Caixa de Tesouro do Território.
Em 1987, na Declaração Conjunta assinada entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da República Popular da China, ficava definido que o Banco passava a ser o agente direto no território para a emissão de moeda, acumulando essa função com a Caixa Geral do Tesouro.
No início dos anos 90, o BNU ocupava a segunda posição entre 21 bancos a operar em Macau, só precedido pelo Banco da China.
Em 28 de março de 2001, foi anunciada a fusão do Banco Nacional Ultramarino e da Caixa Geral de Depósitos, com a incorporação do Banco Nacional Ultramarino na CGD.
Em 28 de março de 2001, foi anunciada a fusão do Banco Nacional Ultramarino e da Caixa Geral de Depósitos, com a incorporação do Banco Nacional Ultramarino na CGD.
A sucursal de Macau do BNU passou, a
partir de 1 de Julho de 2001, a ser uma sociedade subsidiária da CGD com
sede em Macau, cujo capital social pertence na sua totalidade à Caixa
Geral de Depósitos.
Embora os primeiros anos fossem
particularmente difíceis, devido à concorrência dos cambistas e dos
poderes instalados, o BNU conseguiu ao longo de 110 anos, que fazem a
história do banco, reclamar para si alguns feitos notáveis que marcaram
inegavelmente a história de Macau do séc. XX, tais como a criação de um
novo ciclo de circulação fiduciária, e o papel decisivo no equilíbrio
económico e social da ex-colónia portuguesa em épocas de grande crise
asiática e mundial, tais como a 1ª e a 2ª Guerras Mundiais.
Assim,
o papel desempenhado em Macau pelo Banco Nacional Ultramarino ao longo
destes longos anos, foi fundamental, para o desenvolvimento da região,
mas também, como veículo primordial de conexão da economia portuguesa
com os mercados asiáticos.
Artigo da autoria de Miguel Costa do Gabinete do Património Histórico da CGD
Novembro de 2012
Novembro de 2012
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