Nos últimos 100 anos realizaram-se aterros de grandes dimensões junto à Ilha Verde, na Areia Preta, no Porto Interior, no Porto Exterior, na antiga Baía da Praia Grande, na ilha da Taipa, na zona do aeroporto e na área entre as ilhas da Taipa e Coloane. No último século o território de Macau constituído pela península e as ilhas da Taipa (Grande e Pequena) e de Coloane, quase que triplicou a sua área, passando de 11,6 quilómetros quadrados para 29,5 quilómetros quadrados, no final de 2009. E já estão previstos mais aterros.
1889 |
Planta de 1912 |
Há um século, a península de Macau tinha cerca de 3,4 Km2 e a cidade terminava no sopé das colinas. A Taipa ainda estava dividida em Taipa Grande e Taipa Pequena e as duas ocupavam uma área de pouco mais de 2 Km2. Coloane atingia os 5,9 Km2.
Os primeiros aterros datam do início do séc. XX e aconteceram no Porto Interior, a zona de maior movimento da cidade. A necessidade de reordenar toda a zona do Porto Interior e a expansão da cidade levaram as autoridades a regularizarem a linha de costa com uma muralha e cais de desembarque. O canal de navegação ficou mais curto mas era preciso rivalizar com Hong Kong.
Houve até ideias para prolongar o território, através de aterros, a norte da Ilha Verde, mas tudo não passou de intenções que terão esbarrado na negação por parte dos chineses.
Mapa ca. 1920: projecto obras do porto de Macau
Postal da mesmo época: novos aterros Mong Há e Patane (numa das imagens)
Depois de 1920 houve alterações na política de terras em Macau e deram-se os primeiros passos na construção dos aterros do que se conhce como zona do ZAPE. Seria ali o novo grande porto de Macau. Num mapa da época podem ver-se dois bairros industriais (zona da praia da Areia Preta e Reservatório, onde estava previsto o terminal de caminhos de ferro Macau-Cantão) e uma zona comercial (entre o actual Casino Lisboa e o actual Instituto Politécnico). Apesar de muitas obras terem sido feitas o Porto Interior continuou a ser o "porto seguro" de Macau.Num outro mapa, com os projectos para depois de 1926, percebe-se queo governo não só queria criar um porto de águas profundas no Porto como também tinha planos para fechar o canal de acesso ao Porto Interior, junto à Barra, através da construção de um aterro a partir da Taipa. Pretendia também construir um outro aterro ligando a Taipa a Coloane (e isso veio a acontecer na década de 1950).
O primeiro grande aterro em Macau ficou concluído em 1936: zona entre o Jardim de São Francisco e onde seria construído o Hotel Lisboa e daí até ao Reservatório e à Areia Preta.
A zona, junto ao actual Grand Lapa, serviu de “pista de aterragem” e de apoio aos hidroaviões da Pan America que escalavam Macau, antes de dar lugar ao antecessor do Clube Náutico.
A zona, junto ao actual Grand Lapa, serviu de “pista de aterragem” e de apoio aos hidroaviões da Pan America que escalavam Macau, antes de dar lugar ao antecessor do Clube Náutico.
Aterros dos anos 20/30 do século XX |
José Maneiras, arquitecto, explicou em 2010 à Revista Macau este processo.
A união entre as duas ilhas foi um processo gradual que aliou a sedimentação natural dos terrenos usados para a agricultura e a vontade do Homem em conquistar terrenos ao mar. Das praias de Macau até à ilha da Taipa, José Maneiras recorda, nos anos 40 e 50 do século passado, os campos de cultivo, as estradas de terra ladeadas pelo mar em aterros, que “ficavam um pouco acima do nível da água”. “Lembro-me muito bem de um pequeno istmo que ligava as duas ilhas da Taipa”, conta o arquitecto, referindo ainda que na Taipa Grande existia uma estrada que “contornava” a ilha até à zona onde hoje se encontra a rotunda que fica junto à fábrica da Hovione. A Taipa Pequena, acrescenta, chegava à zona onde é hoje o mercado da Taipa e, mais à frente, junto à actual estrada que segue da Ponte Sai Van até à rotunda de entrada no istmo, existia um pequeno cais onde os pequenos barcos atracavam depois de fazerem o transbordo dos passageiros e carga que vinham de Macau para as praias existentes nas ilhas.
A união entre as duas ilhas foi um processo gradual que aliou a sedimentação natural dos terrenos usados para a agricultura e a vontade do Homem em conquistar terrenos ao mar. Das praias de Macau até à ilha da Taipa, José Maneiras recorda, nos anos 40 e 50 do século passado, os campos de cultivo, as estradas de terra ladeadas pelo mar em aterros, que “ficavam um pouco acima do nível da água”. “Lembro-me muito bem de um pequeno istmo que ligava as duas ilhas da Taipa”, conta o arquitecto, referindo ainda que na Taipa Grande existia uma estrada que “contornava” a ilha até à zona onde hoje se encontra a rotunda que fica junto à fábrica da Hovione. A Taipa Pequena, acrescenta, chegava à zona onde é hoje o mercado da Taipa e, mais à frente, junto à actual estrada que segue da Ponte Sai Van até à rotunda de entrada no istmo, existia um pequeno cais onde os pequenos barcos atracavam depois de fazerem o transbordo dos passageiros e carga que vinham de Macau para as praias existentes nas ilhas.
Vista a partir do istmo Taipa Coloane |
Assim, no final do século XX, a península de Macau passou a ter 7,7 km2, a Taipa 5,8 e Coloane 7,8, num total de 21,3 km2, mais 2,2 do que em 1991. Entre 1996 e 1999, mais 2,2 quilómetros quadrados foram conquistados no chamado Cotai.
Só nos anos 60, com a chegada dos hydrofoils a Macau pelas mãos de Stanley Ho e por força do novo contrato de concessão de jogo, o Porto Exterior recebeu um cais de embarque, primeiro de madeira e, mais tarde, em betão.
A grande expansão do território aconteceu a partir de 1999 com o início dos aterros do Cotai (quase 6 km2 no total). Coloane manteve-se nos 7,6 km2.
A península ronda hoje os 30 km2.
1923 – Aterro de ligação da Ilha Verde à península de Macau.
1936 – Conclusão da Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE).
1957 – Aterro entre as ilhas da Taipa Grande e da Taipa Pequena, passando a existir uma única ilha.
1990 – Novos Aterros do Porto Exterior (NAPE).
1995 – Aeroporto de Macau.
1996 – Fecho da Baía da Praia Grande e construção da zona dos Lagos Nam Van.
1996 – Aterro da Areia Preta.
2003... – Aterros da zona do Cotai, entre as ilhas da Taipa e de Coloane.
Joao, nao posso deixar de te dar os parabéns. Grande trabalho!!
ResponderEliminarComo estão os teus pais e o teu irmão??
Tu pelo que vejo estas óptimo e como mt trabalho pela frente, continua a investigar Macau... Se tens mais trabalhos e eu serei um dos divulgadores.
Parabens mais uma vez e um abraço
Obrigado. Envia e-mail s.f.f. para macauantigo@gmail.com
ResponderEliminarAbraço
FALTOU DIZER O PROCESSO DE DESTRUIÇÃO DO RELEVO ORIGINAL PARA TAIS ATERROS POIS NOS MAPAS ANTIGO O RELEVO PARECIA BEM MAIS RICO
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