"Foi uma cerimónia sentida. Foram tempos muito difíceis. O João Guedes leu a sua mensagem e, entre outras coisas, realçou o importante contributo da sua obra para o conhecimento de um período muito complexo da história de Macau. Estou certo que o livro captará o interesse do público." - Jorge Godinho
Assistência na Livraria Portuguesa
Fotos da organização do evento En-Cantos
Texto que que me solicitaram para ser lido na apresentação que decorreu na Livraria Portuguesa, em Macau, esta 2ª feira dia 18.
Saudações a todos!
Pediram-me que vos dirigisse uma mensagem sobre o livro “macau: 1937-1945 os anos da guerra” para esta apresentação. Em primeiro lugar agradeço a vossa presença e lamento a minha ausência que espero colmatar muito em breve. A minha ligação a esta terra remonta à década de 1980, à minha juventude e aos tempos do Liceu. Aqui vivi provavelmente os melhores anos da minha vida e Macau entranhou-se-me na alma. Despertei para a história deste território já adulto em Portugal onde estou actualmente. Pelo menos fisicamente, já que em pensamento a maior parte do tempo estou por aqui. A minha ligação a esta terra de que me considero um filho adoptivo não sei explicar. Há coisas que pura e simplesmente não se explicam. São assim e pronto!
Mais do que saudades, sinto e vivo Macau como se daqui nunca tivesse saído. Não bebi água da fonte do Lilau mas não me importava de aqui morrer.
Não sou um historiador. Sou jornalista. Um historiador do dia-a-dia, se quiserem. Foi com esse espírito que comecei por me dedicar à história de Macau. Única no mundo!
Tendo por base um livro de Monsenhor Manuel Teixeira – celebrou-se há pouco tempo o centenário do seu nascimento – reescrevi em 2007 a história do Liceu de Macau, uma instituição centenária. Estava dado o primeiro passo para uma viagem que ainda agora começou. Das pesquisas para esse livro resultou a ideia que me inspirou a embarcar num novo projecto, o blog Macau Antigo.Está a caminho do quinto de existência e já conta com mais de 400 mil visitantes!
Entre a assistência estarão certamente jornalistas. Pois bem, fica lançado o desafio para que a história de Macau tenha um espaço regular nas páginas dos vossos jornais. A esmagadora adesão ao blog Macau Antigo é a prova de que há muitos interessados. Afinal de contas, nem todos se podem orgulhar de estar na lista de Património Mundial da Unesco.
Sobre o livro, razão que vos trouxe aqui, o título diz tudo. Ou quase tudo.
Entre 1937 e 1945 Macau viveu um dos períodos mais conturbados da sua história no século 20. Está lá tudo! Portugal, China, pessoas, dor, alegria, sofrimento, política, intriga, ódio, amor, tristeza… Nestes anos encontramos a essência da génese desta terra e o segredo da sua longevidade até aos dias de hoje. Conhecem algum pedaço de mundo com estas características? Escusam de pensar muito porque não existe!
Na espuma dos dias é a indústria do jogo que mais ordena, mas não nos iludamos, essa é apenas uma face da moeda. O legado histórico nas suas múltiplas dimensões permanecerá para sempre como uma marca singular na história mundial.Confúcio disse que reconhecer que não se sabe já é saber alguma coisa.É com esse espírito que me dedico a divulgar a história de Macau. A cada resposta uma nova pergunta.Com este livro pretendi fazer isso. Fica por saber-se, por exemplo, a versão japonesa dos acontecimentos…
Para além da cronologia quase dia-a-dia, destaco as várias dezenas de testemunhos, muitos deles inéditos, bem com as centenas de imagens, algumas, também elas mostradas pela primeira vez.
Apresentei diversos projectos ao IIM e este foi o primeiro a ser escolhido. Espero que os demais também se concretizem. Sem saír de Portugal - pelo menos fisicamente - escrevi essas centenas de páginas que têm entre mãos. Imaginem se tivesse aí…
Tenho outros projectos para escrever sobre a história de Macau. Com ou sem apoios, os que me conhecem, sabem que, mais cedo ou mais tarde, vão ver a luz do dia.
Quem disse que não se deve voltar ao lugar onde se foi feliz estava redondamente enganado. Acreditem! Até um destes dias! Bem hajam.
João Botas - Portugal, 18 de Junho de 2012
João Botas - Portugal, 18 de Junho de 2012
João Guedes: autor do prefácio |
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