Macau teve um papel importante na missão jesuíta no Japão e o catolicismo está muito ligado à unificação daquele país, considera o jurista Fernando Vitória, estudioso da epopeia religiosa no final do século XVI. O investigador, que hoje profere a palestra “Os 26 mártires de Nagasaki: Macau, Política, Religião e Sangue”, parte da execução daquele grupo de cristãos, a 6 de Fevereiro de 1597, para abordar as relações entre Portugal e o Japão, já que era a partir de Macau que a “empresa” dos jesuítas preparava a “missão” para o país nipónico, com uma forte vertente comercial.
“A crucificação dos 26 mártires ocorre mais ou menos a meio do século cristão no Japão. E o século cristão no Japão, além de ser particularmente estudado em todo o mundo, para nós portugueses, e para os residentes em Macau mais ainda, é um episódio com muito interesse histórico, sociológico e religioso”, disse à Lusa o jurista radicado em Macau.
Para Fernando Vitória, “apesar de o episódio ter acabado mal”, a execução dos 26 mártires tem um aspecto “contraditório e paradoxal”. “Se não fossem estas perseguições todas, provavelmente a religião católica tinha desaparecido ou estava muito menos viva no Japão do que está agora, sobretudo no sul do país”, explicou.
Do “século marcante” na história do Japão, Fernando Vitória destaca as datas de 1614, em que o édito de Hidetada Tokugawa dita a expulsão de todos os missionários e o início da perseguição, tortura e morte dos cristãos; de 1630, em que os japoneses são obrigados a terem certificado de inscrição num templo budista; e ainda de 1637, em que com a rebelião de Shimabara, se assiste ao “fim do cristianismo e política de isolamento” do país.
Fernando Vitória dá ainda o exemplo da ordem de saída dos padres no prazo de 20 dias dada por Toyotomi Hideyoshi, em 1587, “numa altura decisiva da história do Japão, que é a da unificação”, e num período em que Portugal tinha uma intervenção “discreta” e “delegada” através de Goa, já que estava sob o domínio espanhol.
“Nesta história do catolicismo no Japão está muito de Portugal, que é uma história que os portugueses não conhecem”, resumiu.
Para o jurista, a religião católica deixou “uma semente tão funda, que acabou por construir uma árvore que nunca mais secou, ao contrário de noutros países onde a colonização foi muito fácil e muito rápida, mas em que a religião não é vivida como aqui [Japão]”. “A religião católica está também ligada à unificação do Japão. Com o [Toyotomi] Hideyoshi, os japoneses percebem que é necessário fazer a unificação do Japão, e essa percepção do exterior é dada, em grande parte, pelas conversas das embaixadas que os jesuítas mandavam à corte, sobretudo em Quioto”, observou.
“A crucificação dos 26 mártires ocorre mais ou menos a meio do século cristão no Japão. E o século cristão no Japão, além de ser particularmente estudado em todo o mundo, para nós portugueses, e para os residentes em Macau mais ainda, é um episódio com muito interesse histórico, sociológico e religioso”, disse à Lusa o jurista radicado em Macau.
Para Fernando Vitória, “apesar de o episódio ter acabado mal”, a execução dos 26 mártires tem um aspecto “contraditório e paradoxal”. “Se não fossem estas perseguições todas, provavelmente a religião católica tinha desaparecido ou estava muito menos viva no Japão do que está agora, sobretudo no sul do país”, explicou.
Do “século marcante” na história do Japão, Fernando Vitória destaca as datas de 1614, em que o édito de Hidetada Tokugawa dita a expulsão de todos os missionários e o início da perseguição, tortura e morte dos cristãos; de 1630, em que os japoneses são obrigados a terem certificado de inscrição num templo budista; e ainda de 1637, em que com a rebelião de Shimabara, se assiste ao “fim do cristianismo e política de isolamento” do país.
Fernando Vitória dá ainda o exemplo da ordem de saída dos padres no prazo de 20 dias dada por Toyotomi Hideyoshi, em 1587, “numa altura decisiva da história do Japão, que é a da unificação”, e num período em que Portugal tinha uma intervenção “discreta” e “delegada” através de Goa, já que estava sob o domínio espanhol.
“Nesta história do catolicismo no Japão está muito de Portugal, que é uma história que os portugueses não conhecem”, resumiu.
Para o jurista, a religião católica deixou “uma semente tão funda, que acabou por construir uma árvore que nunca mais secou, ao contrário de noutros países onde a colonização foi muito fácil e muito rápida, mas em que a religião não é vivida como aqui [Japão]”. “A religião católica está também ligada à unificação do Japão. Com o [Toyotomi] Hideyoshi, os japoneses percebem que é necessário fazer a unificação do Japão, e essa percepção do exterior é dada, em grande parte, pelas conversas das embaixadas que os jesuítas mandavam à corte, sobretudo em Quioto”, observou.
JTM/Lusa 26-4-2012
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