Catálogo da primeira exposição de pintura e escultura do "Grupo Arco-Íris" em Fevereiro de 1964. Desde grupo de artistas locais faziam partes nomes como Herculano Estorninho, Walter Ding, Lam Cheong Ling, Woo Lum, Óseo Acconci, Adolfo Demé, Lee Leng, Tam Tsi Sang, Chiu Vai Fu (1906-1990), entre outros.
Antes, em Janeiro de 1963, Herculano Estorninho, Tam Chi Sang e Frederic Joss mostram os seus trabalhos numa colectiva intitulada “Exposição de Três Artistas: um Chinês, um Português e um Inglês” no mesmo espaço.
Antes, em Janeiro de 1963, Herculano Estorninho, Tam Chi Sang e Frederic Joss mostram os seus trabalhos numa colectiva intitulada “Exposição de Três Artistas: um Chinês, um Português e um Inglês” no mesmo espaço.
A primeira exposição de artistas pertencentes ao grupo que viria a chamar-se Arco-Íris, realizou-se a 12 de Junho de 1956, no antigo Hotel Riviera. Foi na época "uma mostra pioneira que atraiu mais de 10 mil visitantes e que constituiu o primeiro evento de monta no panorama artístico de Macau após a implantação da República Popular da China em 1949."
O Grupo Arco-Íris foi formalmente criado em 1962-64 por nomes como Herculano Estorninho, Chio Vai Fu, Tam Chi Sang e Kam Cheong Ling.
O Grupo Arco-Íris foi formalmente criado em 1962-64 por nomes como Herculano Estorninho, Chio Vai Fu, Tam Chi Sang e Kam Cheong Ling.
"Alternando entre a aguarela, a pintura a óleo e a tradicional chinesa, a primeira geração de artistas de Macau soube imbuir a sua pintura de uma poesia apurada, que foi muito bem recebida pelo público e se tornou uma imagem de marca dos artistas locais. Na sua esteira e depois de ela própria ter experimentado caminhos próprios, emergiu na década de 70 do século XX a segunda geração de pintores de Macau que também logrou alcançar notáveis feitos", escreveu Ng Fong Chou curador da exposição "Memórias e Emoções" no MAM em 2010.
Quadro de 1971 de Chiu Vai Fu |
Notas soltas sobre alguns membros do Grupo Arco-Íris:
Kam Cheong Leng, que estudou pintura com Xu Yongqing, mudou-se de Hong Kong para Macau nos anos 50. Tam Chi Sang aportou a Macau em 1949, para ensinar pintura. Kwok Se, oriundo de Singapura, regressou primeiro à China, antes de se estabelecer em Macau. Lok Cheong foi membro fundador da Sociedade de Artistas de Macau.
Estes quarto artistas participaram de forma entusiástica tanto na criação artística como em actividade sociais e associativas, adorando efectuar esboços em conjunto ao ar livre, além de instruírem numerosos alunos, a quem ensinaram diversas técnicas de pintura e desenho. No deserto cultural dos anos 50 e 60, as suas actividades promoveram rapidamente a arte e o ensino da arte em Macau. Em Abril de 1956, Tam Chi Sang e Lok Cheong, além de outros em que se incluíam Ng Hei U, Chio Vai Fu e Guan Wanli, fundaram a Associação para o Estudo da Arte em Macau, que hoje se designa Sociedade dos Artistas de Macau. Ao organizar numerosas exposições e cursos de arte regulares, esta Associação contribuiu imenso para fomentar o talento de artistas locais. Em 1962, Frederick Joss, Tam Chi Sang e Herculano Estorninho criaram o Grupo de Arte Arco-Íris, para incrementar o intercâmbio entre artistas locais. Em Fevereiro de 1964, os já citados e Adolfo C. Demée, Oseo Acconci e Walter Ding, juntamente com outros artistas num total de cerca de dez, realizaram a Exposição dos Artistas da Arco-Íris, no edifício do Leal Senado. (ver foto do grupo na época)
Deste grupo fez parte Emílio Cervantes JR. (imagem em baixo) que se estreava nesta exposição. Emílio nasceu a 09/07/1931 em Macau. Estudou no colégio D. Bosco. Militar, frequentou o curso por correspondência, "Famous American Artists" em 1963.
Exposições Colectivas: 1964 – Grupo "Arco-Íris" no Leal Senado de Macau; 1970 – Na Escola Comercial "Pedro Nolasco"; 1982 – Idem; 1989, 1990 e 1991 – Design de Selos para os CTT – Macau; 1994 – XI Exposição Colectiva dos Artistas de Macau. Emílio Cervantes Jr. |
Adolfo C. Demée (1935-2008) nasceu em Macau (filho de Gastão Demée) a 6 de Fevereiro, tendo estudado aguarela com o seu primo, Luis Demée, desde muito cedo. Até 1952, quando Luis Demée partiu para estudar em Portugal, os dois desenharam muitas paisagens de Macau. Encorajado por Herculano Estorninho, juntou-se ao Grupo Arco-Íris na década de 1960. Em 1973, Adolfo C. Demée voltaria à sua fase criativa, dedicando-se à pintura a óleo. É então que convive regularmente com Luk Tin Chee e Leong Fai, ambos alunos de Chiu Vai Fu. Este, em Abril de 1956, juntamente com Ng Hei U, Tam Chi Sang, Lok Cheong, Guan Wanli, Pan Hao e Cai Yishan, fundou a “Associação de Estudos de Arte de Macau”, a percursora da futura Associação dos Artistas de Macau, que na altura da sua criação tinha como Presidente honorário Ho Yin, a par de outras altas individualidades como Ma Man Kei.
Santo Agostinho por Demée em 1950 |
A vocação de Adolfo de Carvalho Demée para a pintura manifesta-se ainda nos bancos da escola. É na prática autodidata que desenvolve as suas aptidões para o desenho, mas sobretudo sob o estímulo do primo Luís Luciano Demée, que se tornaria num dos mais importantes artistas de Macau, além de Professor da Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Luís Luciano Demée nasceu em Macau em 1928. O arquiteto e pintor russo George Smirnoff foi seu mentor entre 1944-1945. Em 1951 Demée realizou uma exposição individual em Macau, bem como várias exposições em Hong Kong Art Club. Em 1952, com uma subvenção do Fundo de Educação de Macau (Caixa Escolar de Macau), matriculou-se na Escola de Belas Artes de Lisboa, continuando os seus estudos na Escola de Belas Artes do Porto. Participou na 20ª Missão Estética organizado pela Sociedade Nacional de Belas Artes.
Após concluir a licenciatura em Pintura, Demée partiu para Paris com uma bolsa de estudos concedida pela Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1961, foi convidado para o cargo de professor assistente na Escola de Belas Artes do Porto. Na primeira Bienal de Paris, recebeu uma bolsa de estudos da Federação de Paris de Críticos de Arte. Demée foi condecorado com o Prémio Nacional de Souza Cardoso Pintura. A Fundação Calouste Gulbenkian convidou-o a visitar a exposição " Uma Década de Pintura e Escultura ", em Londres. Visitou também a exposição "Westkunst", em Colónia, Alemanha.
Realizou viagens de campo para o Médio Oriente, Grécia, Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Holanda. Pintou murais, frescos, pinturas em vidro, tapetes e obras em acrílico para o Palácio de Justiça do Sabugal, bem como para vários hotéis e prédios públicos. Demée recebeu a Medalha de Valor da Secretaria de Estado de Cultura, e a Medalha de Macau pelo Leal Senado. Em 24 de julho de 1999, Demée recebeu a Medalha de Ouro do Cidadão (Emérito) do Governo de Macau.Voltando a Adolfo. Com 14 anos de idade, acompanha o primo pela cidade em busca de imagens que executa em aguarela. Nestas demandas vai crescendo e refinando o seu gosto artístico. Priva com Herculano Estorninho e mais tarde Edite Jorge. Findo o liceu e com a partida do seu primo Luís para Portugal, Adolfo Demée abandona quase completamente a pintura, só retomando no início dos anos sessenta do século XX quando integra o grupo "Arco Íris". Desse período de trabalho resulta a exposição de 1964, na qual tem a oportunidade de contactar com outros artistas, tanto locais como estrangeiros, um dos quais Frederic Joss, exímio artista. Em 1973, uma nova vaga de trabalho, desta vez na pintura a óleo. Convive regularmente com Luk Tin Chee e Leong Fai, ambos discípulos do mestre Chiu Vai Fu, que Adolfo Demée conhecera 10 anos antes. No fim desse ano participa naquela que ficou conhecida como "Exposição dos 7".
Após concluir a licenciatura em Pintura, Demée partiu para Paris com uma bolsa de estudos concedida pela Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1961, foi convidado para o cargo de professor assistente na Escola de Belas Artes do Porto. Na primeira Bienal de Paris, recebeu uma bolsa de estudos da Federação de Paris de Críticos de Arte. Demée foi condecorado com o Prémio Nacional de Souza Cardoso Pintura. A Fundação Calouste Gulbenkian convidou-o a visitar a exposição " Uma Década de Pintura e Escultura ", em Londres. Visitou também a exposição "Westkunst", em Colónia, Alemanha.
Realizou viagens de campo para o Médio Oriente, Grécia, Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Holanda. Pintou murais, frescos, pinturas em vidro, tapetes e obras em acrílico para o Palácio de Justiça do Sabugal, bem como para vários hotéis e prédios públicos. Demée recebeu a Medalha de Valor da Secretaria de Estado de Cultura, e a Medalha de Macau pelo Leal Senado. Em 24 de julho de 1999, Demée recebeu a Medalha de Ouro do Cidadão (Emérito) do Governo de Macau.Voltando a Adolfo. Com 14 anos de idade, acompanha o primo pela cidade em busca de imagens que executa em aguarela. Nestas demandas vai crescendo e refinando o seu gosto artístico. Priva com Herculano Estorninho e mais tarde Edite Jorge. Findo o liceu e com a partida do seu primo Luís para Portugal, Adolfo Demée abandona quase completamente a pintura, só retomando no início dos anos sessenta do século XX quando integra o grupo "Arco Íris". Desse período de trabalho resulta a exposição de 1964, na qual tem a oportunidade de contactar com outros artistas, tanto locais como estrangeiros, um dos quais Frederic Joss, exímio artista. Em 1973, uma nova vaga de trabalho, desta vez na pintura a óleo. Convive regularmente com Luk Tin Chee e Leong Fai, ambos discípulos do mestre Chiu Vai Fu, que Adolfo Demée conhecera 10 anos antes. No fim desse ano participa naquela que ficou conhecida como "Exposição dos 7".
Adolfo Demée |
Oséo Acconci nasceu em 1906 em Pisa, Itália, onde estudou na Escola de Belas Artes. Mais tarde estudou escultura e deseho com o professor Arturo Tomagnini. Aos 23 anos ingressou na empresa de seu pai trabalhando como escultor, em mármore e bronze. Estudou ainda arquitectura. A sua passagem pelo Oriente começou por Hong Kong e mais tarde Macau. É da sua autoria, por exemplo: o busto do Infante D. Henrique oferecido ao Liceu de Macau (no tempo do reitor Ferreira de Castro), o mural na fachada do hotel Estoril, etc...
Oséo Leopoldo Goffredo Acconci - escultor e artista italiano que se fixou em Macau, oriundo de Hong Kong, na sequência da 2ª grande guerra. Também por cuasa da guerra vai chegar a Macau o pintor russo George Smirnoff conhecido pelas suas aguarelas. O pintor macaense Luís Luciano Demée soube aprender rapidamente com ele. A sua técnica consistia em pinceladas vivas, produzindo aguarelas que descreviam os cenários românticos da cidade bem como o movimentado porto de meados da década de 40 e do pós-guerra.
Herculano H. G. Estorninho |
Herculano Estorninho nasceu em Macau em 1921, tendo feito os seus estudos no Seminário de S. José e no Liceu Nacional Infante D. Henrique. Mais tarde estudou desenho e composição com António de Santa Clara e Bordalo Borges.
Começou a pintar aguarelas em companhia de Luís Demée prosseguindo os seus estudos com Brigite Reinhart, no então Colégio de Belas-Artes de Macau.
Estudou também Belas-Artes Aplicadas com Frederic Joss, no Instituto de Arte Aplicada de Viena de Áustria. Em 1962, foi um dos fundadores Grupo Arco-Íris. Em Janeiro de 1963, na Galeria do Leal Senado, participou numa mostra colectiva com Frederic Joss e Tam Chi Sang, a que se seguiria, em Fevereiro de 1964, a famosa Exposição dos Artistas do Arco-Íris. A partir de 1965 realizou diversas exposições individuais em Macau, Hong Kong e em várias cidades de Portugal. As suas obras fazem parte de colecções privadas e de instituições várias, nomeadamente do Palácio Nacional de Belém, da Casa de Macau em Lisboa, do Palácio do Governador de Díli, em Timor, do Museu de Arte de Macau e do Consulado de Portugal em Melbourne, na Austrália.
Começou a pintar aguarelas em companhia de Luís Demée prosseguindo os seus estudos com Brigite Reinhart, no então Colégio de Belas-Artes de Macau.
Estudou também Belas-Artes Aplicadas com Frederic Joss, no Instituto de Arte Aplicada de Viena de Áustria. Em 1962, foi um dos fundadores Grupo Arco-Íris. Em Janeiro de 1963, na Galeria do Leal Senado, participou numa mostra colectiva com Frederic Joss e Tam Chi Sang, a que se seguiria, em Fevereiro de 1964, a famosa Exposição dos Artistas do Arco-Íris. A partir de 1965 realizou diversas exposições individuais em Macau, Hong Kong e em várias cidades de Portugal. As suas obras fazem parte de colecções privadas e de instituições várias, nomeadamente do Palácio Nacional de Belém, da Casa de Macau em Lisboa, do Palácio do Governador de Díli, em Timor, do Museu de Arte de Macau e do Consulado de Portugal em Melbourne, na Austrália.
Meia Laranja. 1984. Espólio da família Estorninho. |
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