A Biblioteca da Universidade da Califórnia (EUA) disponibilizou para consulta pública a "Colecção Jorge Forjaz", que reúne livros, cartas, fotografias e outra documentação sobre a presença portuguesa em Macau. O acervo (composto por várias centenas de documentos e fotografias e mais de duas centenas de livros sobre a história de Macau) foi oferecido à Biblioteca Pública e Arquivo de Angra do Heroísmo, mas, segundo Jorge Forjaz, a alegada ausência de espaço impediu a permanência do espólio na ilha Terceira (Açores). Tudo começou em 2007...
"Eu propus oferecer todo o acervo à Biblioteca de Angra, assim como um espólio documental da minha família. A minha doação foi acolhida, mas só a parte a parte familiar, tendo sido informado que para o acervo relativo a Macau não havia espaço. Para a documentação familiar haveria uma porta aberta, mas isso implicaria que ela, numa primeira fase, ficasse noutro local. Para o acervo de Macau, nem porta aberta houve. Nestas situações, normalmente, estende-se um tapete vermelho a quem oferece, porque o faz a troco de nada. A única coisa que se pede é que seja arquivada com o nome do doador. Ora, perante esta situação decidi procurar outra solução."
E a resposta veio da Califórnia, mais precisamente do Old China Hands Archive, da Universidade Sul da Califórnia, em Los Angeles.
"Mandei um e-mail numa noite e, no dia seguinte, tinha a resposta positiva. Mostraram-se muito interessados no espólio, garantiram o pagamento das despesas de transporte e agradeceram imenso a minha doação, adianta o historiador. Este é um grande arquivo norte-americano, que reúne documentação sobre a presença ocidental na Ásia, nomeadamente na China e no Japão, assim como em Macau. Eles não tinham nada sobre a presença portuguesa naquelas paragens. E acolheram com enorme agrado a documentação que doei. Lá será arquivado este espólio, que constituirá o Arquivo Jorge Forjaz, o que para mim é uma honra por ter o nome ligado a um grande arquivo nacional americano. E a universidade fica com um importante acervo da presença portuguesa em Macau, disponível para investigação."
O espólio em causa é composto por mais de duas centenas de livros sobre a história de Macau e várias centenas de documentos (textos e fotografias) sobre as famílias macaenses, sendo algumas delas de origem portuguesa e açoriana e resulta da investigação que o historiador encetou quando viveu em Macau, e que deu origem ao livro Famílias Macaenses, composto por três volumes e publicado pela Fundação Oriente há uma década.
"Essa investigação decorreu ao longo de vários anos. Nesse período, reuni uma vasta biblioteca sobre a história de Macau. Nela estão incluídos os mais importantes livros sobre a história de Macau, assim como obras raras, caso da História da Diocese de Macau, escrita pelo Pe. Manuel Teixeira, composta por 14 volumes, da qual, segundo sei, só existem um ou dois exemplares completos em Portugal. Reuni também muita documentação, nomeadamente sobre a presença açoriana em Macau"
Uma fotografia do espólio. Grupo 'festivo' em Macau: 1925 |
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