sábado, 13 de fevereiro de 2010

Memórias de Diamantino Correia - Militar em Macau de 1951 a 1959: testemunho inédito

Diamantino Carneiro Correia nasceu a 25 de Abril de 1929. A vida militar começou quando “assentei praça na Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas) em 1950”.
Seguiu voluntariamente e por 4 anos para Macau, como 1º cabo do exército, tendo embarcado em Lisboa no “N/M Índia” a 23 de Agosto de 1951 e desembarcado naquele território a 22 de Setembro do mesmo ano.
“Ali prestei serviço na Bateria de Artilharia Antia-Aérea 4 cm, na Fortaleza da Barra, no Quartel General e na Bateria de Artilharia de Campanha 8,8 cm que se encontrava aquartelada na Guia.”
Como era possível prorrogar a comissão, Diamantino Correia fê-lo durante mais 4 anos, tendo regressado a Portugal em 1959 no mesmo navio Índia e com a mesma patente, cujo vencimento era de 150 patacas.
“Na época a cidade oferecia poucas diversões. Além do cinema, futebol, bolinha e hoquei em campo pouco mais havia. O jogo (casinos) estava restringido ao Hotel Central e uma casa do mesmo proprietário (Fu Tak Iam) na rua da Caldeira, mas proibido a todos os militares. No Central, bem como no Cuok Chai existiam salões de dança. Na época existiam os Restaurantes Lusitano, Cecília, Escondidinho, já extintos e o mais, antigo que ainda labora; A Vencedora ou "Kuan Kei" como vulgarmente era conhecido. No que concerne à imprensa havia o Notícias de Macau, Gazeta Macaense e o Clarim.”
As efemérides restringiam-se ao 10 de Junho, “com a habitual romagem à gruta de Camões e os juramentos de Bandeira do pessoal do recrutamento local.”
Diamantino Correia recorda ainda Alberto Dias Ferreira chefe da PSP “que tomou a iniciativa de levar a Macau a orquestra de Xavier Cugat, as Ink Spot, o mágico Gojia Pacha e a famosa, para a época, cantora lírica americana Elen Traubel” que actuou por diversas vezes no teatro D. Pedro V.
Café/Restaurante Cecília: Na foto, além de alguns militares trajando civilmente que se aprestavam para comemorar o 4º aniversário da chegada à cidade do Santo Nome de Deus, (22/9/1955), podem ainda ver-se a dona do estabelecimento e, por trás em pé, dois dos seus filhos, o Chico e o Joni.
Foto de uma guarda de honra constituída pelos artilheiros destacados em Macau, a Sir Robert Graatham, Governador de Hong Kong, numa visita feita a Macau em 1952.
Local: Largo do Pagode da Barra, frente à ponte cais nº1. Era então Comandante da Guarnição Militar o Coronel Cirne Pacheco.
Barracas metálicas que serviram de aquartelamento às Baterias de Artilharia Antiaérea 7,5 e 4 cm (números respeitantes ao calibre das armas). Frente às barracas vêem-se uns edifícios que serviram até há pouco tempo (em 1995 ainda lá estavam) como armazéns do arroz. Pode ainda ver-se a Montanha Russa e em fundo o posto de rádio D.Maria. Neste local foram construídos anos mais tarde 5 blocos de 30 andares e nos terrenos que se vêm do lado esquerdo nasceu um complexo desportivo e um bairro denominado "Yao On".
Legendas da autoria de Diamantino Correia que também forneceu as imagens deste post. Os meus sinceros agradecimentos ao Sr. Diamantino que aos 81 anos continua com a memória bem 'fresca' e tomou a iniciativa de partilhar este pedaço da sua história de vida.

2 comentários:

  1. Esta matéria trouxe-me grandes lembranças do Café Cecília de propriedade da minha avó e tios. Lá passei bons momentos de minha infância.
    C.A.S.S.

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  2. CASS, meu caro não quer partilhar essas suas lembranças e talvez consigamos escrever toda a história do café; até agora só consegui fragmentos que tenho colocado no blog. Cumps. João Botas e-mail: macauantigo@gmail.com

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