quarta-feira, 26 de abril de 2023

"Macao, The Mysterious"

Na edição de domingo, 15 de Abril de 1917 do jornal The Sun (Austrália) foi publicado um longo artigo sobre Macau. O jogo do fantan é o foco principal, a par do jardim de Camões. Neste último aspecto, há a notar um erro grosseiro por parte dos autores - que estiveram no território viajando a partir de Hong Kong - que indicam que ali estavam os restos mortais do poeta português "exilado em Macau em durante 20 anos". O título principal é "Monte Carlo of the East"/"Monte Carlo do Oriente" seguido de "Macao the Mysterious"/"Macau a misteriosa", "Charmful and Ugly, But Fascinating"/ "Charmosa e feia, mas fascinante" e "Camoens's Home for 20 years".
Seleccionei alguns excertos dos quais apresento também uma tradução.

"Ricksha, missie?" grinned a rather battered-looking Chinese coolie, amid a babol of roars of other "boys" trying to grab you for a fare to the river steamer, which was leaving for Macao in a few minutes. You step into the nearest one, and off like a shot runs the rubber-tyred ricksha, leaving the Hongkong Hotel a blur in the distance.
After travelling through rather odoriferous and dirty side-streets, which they take purposely in order to make the poor tourist think the distance is far greater than it really is, the steamer was eventually reached. An attractive-looking, wide-decked boat was awaiting, making the trip in four hours and a half. A realistic touch was given to the tales one hears of pirates and other hideosities by the appearance of two sentries, fully armed, pattorling up and down the decks. 
The trip, which was delightful, passed all too quickly, and there was a rush, to the bows to catch a first glimpse of Macao, the pioneer European settlement of the East.
The first impression is disappointment! The approach is up a very dirty shallow river, and as the screw churns up the mud the duncolored water turns almost black. And the smells! and the sights! whole families living on dirty sampans in company with the fowls greet one on every side. (...)
Then, a sudden, bewildering change. We reached the other side, and began to understand why it had been called tho "Riviera of the East." An exquisite blue sea, glorious trees, forming an avenue, and then a delightful drive of over three miles along the foreshores on a broad, flat road. (...) Instead of awful odors, a delightfull fresh breeze. (...) After lunching on the piazza of the Macao Hotel, facing a glorious view (...) we started on our tour of investigation. (...) The most exciting experience was a visit to a high class gambling salloon. The are 27 of them in Macao. (...) The chief pleasure grounds are Camoens' Gardens. Camoens, you remember, was the  Portuguese poet who was exiled to Macao for 20 years. His remains rest in a grotto, called Camoens Grotto. (...)

"Fachada de uma antiga igreja jesuíta" e a "Porta do Cerco" são as duas ilustrações do artigo

"Ricksha, senhorita?" sorriu um cule chinês de aparência bastante surrada, no meio de uma babel de rugidos de outros "meninos" tentando arranjar clientes até ao vapor do rio, que partiria para Macau em alguns minutos. Entramos no mais próximo de nós e, como um tiro, o riquexó sai em corrida nos seus pneus de borracha, deixando o Hongkong Hotel num ápice.
Depois de passar por ruelas bastante odoríferas e sujas, que tomam propositalmente para fazer o pobre turista pensar que a distância é muito maior do que realmente é, o vapor finalmente foi alcançado. Um navio com um grande convés e aparência atraente estava esperando, fazendo a viagem em quatro horas e meia. Um toque realista foi dado às histórias que se ouvem sobre piratas com o aparecimento de dois guardas, totalmente armados, patrulhando o convés.
A viagem, que foi deliciosa, passou demasiado depressa, e houve uma corrida à proa para ver pela primeira vez Macau, o primeiro estabelecimento europeu do Oriente.
A primeira impressão é de decepção! Chega-se através de um rio raso muito sujo e, conforme o leme agita a lama, a água parda fica quase preta. E os cheiros! e os pontos turísticos! Famílias inteiras que vivem em sampanas sujas em companhia de aves saúdam-nos por todos os lados. (...)
Então, dá-se uma mudança repentina e desconcertante. Chegamos ao outro lado e começamos a entender por que lhe chamam a "Riviera do Oriente". Um mar azul requintado, árvores gloriosas formando uma avenida e, em seguida, um passeio delicioso de mais de cinco quilômetros ao longo da costa numa estrada larga e plana. (...) Em vez de odores horríveis, uma deliciosa brisa fresca. (...) Depois de almoçar na esplanada do Macau Hotel, de frente para uma vista gloriosa (...) iniciamos o nosso passeio de investigação. (...) A experiência mais emocionante foi uma visita a um salão de jogos de primeira classe. Ao todo existem 27 em Macau. (...) A principal área de recreio é o Jardim de Camões. Camões, recordem-se, foi o poeta português que esteve exilado em Macau durante 20 anos. Seus restos mortais repousam numa gruta chamada Gruta de Camões. (...)

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