Inaugurada em Setembro de 1954 a estátua de Jorge Álvares - localizada na praça com o mesmo actualmente - está repleta de curiosidades. Neste post revelo algumas: documentos sobre o transporte para Macau, outro projecto de estátua no âmbito do concurso público levado a efeito em Portugal no início da década de 1950 e ainda o modelo que serviu de base à proposta vencedora e que é diferente da versão final.
Estátua de Jorge Álvares em 1962. Foto Francis Millet Rogers |
A estátua vista da entrada para o restaurante Solmar na década 1960 |
A história da estátua remonta a ao Verão de 1952 quando o Ministro do Ultramar, Sarmento Rodrigues, esteve de visita a Macau. Na ocasião o ministro recebeu de oferta da comunidade chinesa um automóvel e reza a história que foi o próprio a propôr que se leiloasse o dito automóvel, revertendo o montante auferido para erigir um monumento ao navegador Jorge Álvares, primeiro europeu a chegar à China. Mais tarde, com o valor que sobrou foi feita uma segunda estátua em homenagem ao cronista homónimo, em Freixo de Espada à Cinta.
Detalhe do pedestal com a assinatura do autor e ano do fabrico |
Euclides Vaz (1916-1991) foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa entre 1937 e 1945 e também ali foi professor entre 1958 e 1986.
Frente ao Edifício das Repartições. Final da década 1950 |
Tendo por base esta foto tirada no atelier do autor constatam-se as diferenças entre o projecto e a versão final.
A estátua (e pedestal) de Euclides Vaz foi enviada a 24 Abril 1954 pela Companhia Nacional de Navegação no vapor "Índia". Quem pagou o transporte foi o Gabinete de Urbanização do Ultramar / Ministério do Ultramar em Junho de 1954. Os dois documentos abaixo atestam estas informações.
Excerto do discurso de José dos Santos Baptista, Chefe da Repartição Técnica da Obras Públicas (de Macau) no dia da inauguração da estátua (17.9.1954) - imagem abaixo:
Foto do "Macau - Boletim Informativo", nº 28 - ano 2 - 1954 |
"(...) o júri do concurso classificou, em primeiro lugar, o trabalho do escultor Euclides Vaz, a quem, em Setembro de 1953, foi feita a adjudicação da obra. Em Maio deste ano chegaram a Macau, no paquete Índia, todas as peças do monumento. Elaborado o projecto da sua localização e montagem pela Repartição Técnica das Obras Públicas, é a respectiva execução posta a concurso e, depois, adjudicada ao empreiteiro Vá San. A montagem foi iniciada em fins de Julho e ficou concluída em fins de Agosto. (...)"
Nos eventos conhecidos por "1,2,3" (Dezembro de 1966) a estátua sofreu alguns estragos.
Sugestões de leitura:
Revista GAMA, Estudos Artísticos. Volume 8, número 15, janeiro–junho 2020 | semestral
Centro de Investigação e Estudos em Belas-Artes (CIEBA), Faculdade de Belas-Artes,
Universidade de Lisboa.
Esperemos que as memórias nunca se apaguem João
ResponderEliminarBom Ano 2022, com novas descobertas e muita saúde!
Esperemos.
ResponderEliminarObgdo. Bom Ano!