A 3 de Setembro de 1963 o jornal The Canberra Times publica na página 29 um artigo com o título” Only Chinese In Macao Guard Is Boy Of 11”. Conta a história de um rapaz chinês de apenas 11 anos que foi 'adoptado' pelas tropas portuguesas estacionados no aquartelamento de Mong Há em 1963. Em primeiro lugar apresento o texto original em inglês, seguido da tradução para português.
MACAO (A.A.P.-Reuter) - He is only 11 years old and just under four feet tall, yet lie stands guard over the Prison in Macao, notorious not so many years ago as a stronghold of Chinese secret societies. What is still more unusual is that Lee See-Poon is the only Chinese in the Portuguese Army.
It all began about 10 months ago when his mother worked as an amah (servant) to help support the family because his carpenter father was down with tuberculosis. Her employer was the commanding officer of the Fourth Infantry Company which recently moved to Macao to relieve the city's garrison African troops from Angola and Mozambique. Lee, whose name is by coincidence Chinese for Lisbon, caught his eye when he accompanied his mother to work.
The officer and his men decided to "adopt" him. The result was that diminitive Lee found himself one step better than most Portuguese soldiers. He was made a second corporal and now wears a single gold stripe to show his rank. Officers and men chip in every month to pay for his clothes and food as well as some pocket money.
In Barracks Lee now eats and sleeps in the barracks at Mong Ha fortress, which overlooks the frontier with the Chinese People's Republic, and says he enjoys the army life and comradeship. "Where else can a boy play soldier to his heart's content?" he ask'/. "With the men here, I am a real soldier and they treat me as such."
Affectionately known among the men as "Chico" Lee is not strictly subject to army discipline. He himself takes things very seriously, rising with the men, doing exercises and performing duties of the day, which for him include sweeping the fortress grounds.
At times, he goes off with another corporal to stand guard over Macao's civilian prison. He has with him an old Winchester rifle and he says in all seriousness: "If the prisoners try to escape, I shall shoot them." His Portuguese comrades do not like to hurt him by telling the truth: the rifle is so ancient it cannot be fired. The Army has assigned a man to teach Lee Portuguese. He has had three years' Chinese schooling but now he knows how to read and write more Portuguese than Chinese.
Drinks Beer
In his spare time, Lee likes playing football with the men. He shows himself as much of a man as they by drinking bottles of beer but says he does not touch wine which he finds intoxicating.
As his fellow soldiers say, Lee has an old head on his young shoulders and knows that one cannot earn much money in the army. "I think when I get older I will want to learn a trade. My ambition is to go to Portugal and study in a school there," he says.
Lee my get the chance to do just that. The fourth Company is thinking about "demobbing" Lee and sponsoring his studies in Portugal.
It all began about 10 months ago when his mother worked as an amah (servant) to help support the family because his carpenter father was down with tuberculosis. Her employer was the commanding officer of the Fourth Infantry Company which recently moved to Macao to relieve the city's garrison African troops from Angola and Mozambique. Lee, whose name is by coincidence Chinese for Lisbon, caught his eye when he accompanied his mother to work.
The officer and his men decided to "adopt" him. The result was that diminitive Lee found himself one step better than most Portuguese soldiers. He was made a second corporal and now wears a single gold stripe to show his rank. Officers and men chip in every month to pay for his clothes and food as well as some pocket money.
In Barracks Lee now eats and sleeps in the barracks at Mong Ha fortress, which overlooks the frontier with the Chinese People's Republic, and says he enjoys the army life and comradeship. "Where else can a boy play soldier to his heart's content?" he ask'/. "With the men here, I am a real soldier and they treat me as such."
Affectionately known among the men as "Chico" Lee is not strictly subject to army discipline. He himself takes things very seriously, rising with the men, doing exercises and performing duties of the day, which for him include sweeping the fortress grounds.
At times, he goes off with another corporal to stand guard over Macao's civilian prison. He has with him an old Winchester rifle and he says in all seriousness: "If the prisoners try to escape, I shall shoot them." His Portuguese comrades do not like to hurt him by telling the truth: the rifle is so ancient it cannot be fired. The Army has assigned a man to teach Lee Portuguese. He has had three years' Chinese schooling but now he knows how to read and write more Portuguese than Chinese.
Drinks Beer
In his spare time, Lee likes playing football with the men. He shows himself as much of a man as they by drinking bottles of beer but says he does not touch wine which he finds intoxicating.
As his fellow soldiers say, Lee has an old head on his young shoulders and knows that one cannot earn much money in the army. "I think when I get older I will want to learn a trade. My ambition is to go to Portugal and study in a school there," he says.
Lee my get the chance to do just that. The fourth Company is thinking about "demobbing" Lee and sponsoring his studies in Portugal.
Tem apenas 11 anos e pouco menos de um metro e meio de altura, mas ainda guarda a prisão de Macau, notória não há tantos anos como um baluarte das sociedades secretas chinesas. O que é ainda mais incomum é que Lee See-Poon é o único chinês no Exército Português. Tudo começou cerca de 10 meses atrás, quando sua mãe trabalhou como amah (servente) para ajudar a apoiar a família porque seu pai, carpinteiro, estava com tuberculose.
O seu 'patrão' é o comandante da Quarta Companhia de Infantaria, que recentemente se mudou para Macau. Lee, cujo nome em chinês é, por coincidência, o início da palavra Lisboa, chamou a atenção do comandante quando ele acompanhou a sua mãe para trabalhar. O oficial e os seus homens decidiram "adoptá-lo". O resultado foi que Lee Lee até ficou em melhor situação face à maioria dos soldados portugueses. Foi nomeado segundo cabo e mostra com orgulho as insígnias da sua patente. Oficiais e restantes soldados contribuem todos os meses com algum dinheiro pagar as roupas e alimentos do cabo Lee. No quartel de Mong Ha Lee come e dorme com vista para a fronteira com a República Popular da China e diz que gosta da vida do exército e da camaradagem. "Que mais pode um miúdo quere do que poder brincar aos soldados desta maneira?" ele pergunta. "Entre os homens eu sou um verdadeiro soldado e eles tratam-me como tal". Carinhosamente conhecido entre os tropas homens como "Chico" Lee não está sujeito à disciplina do exército. Mas ele próprio leva a vida de militar muito a sério, levantando-se na alvorada, fazendo exercícios e cumprindo as tarefas do dia, o que para ele inclui varrer o chão da fortaleza. Às vezes, sai com outro cabo para vigiar a prisão civil de Macau e leva consigo uma velha carabina Winchester. Sobre essa missão diz com toda a seriedade: "Se os prisioneiros tentam escapar, eu mato-os". Os militares que o acompanham, entram na brincadeira para não o desapontar, mas na verdade a arma é tão antiga que já não funciona.
Para não descurar a educação de Lee o exército arranjou um professor que lhe ensina português. Lee já tem três anos de escolaridade chinesa, mas agora sabe ler e escrever mais português do que chinês. Nos tempos livres Lee gosta de jogar futebol com os camaradas de armas. E também procura acompanhá-los quando bebem cerveja, mas diz que não toca no vinho que considera uma bebida inebriante. Como seus companheiros soldados dizem, Lee tem uma cabeça de adulto sobre os ombros jovens e sabe que não se pode ganhar muito dinheiro no exército. "Quando for mais velho quero aprender um ofício; a minha ambição é ir para Portugal e estudar", diz. E Lee pode muito bem vir a ter essa possibilidade. O comandante de Mong Há admite desmobilizar Lee e patrocinar os seus estudos em Portugal.
O seu 'patrão' é o comandante da Quarta Companhia de Infantaria, que recentemente se mudou para Macau. Lee, cujo nome em chinês é, por coincidência, o início da palavra Lisboa, chamou a atenção do comandante quando ele acompanhou a sua mãe para trabalhar. O oficial e os seus homens decidiram "adoptá-lo". O resultado foi que Lee Lee até ficou em melhor situação face à maioria dos soldados portugueses. Foi nomeado segundo cabo e mostra com orgulho as insígnias da sua patente. Oficiais e restantes soldados contribuem todos os meses com algum dinheiro pagar as roupas e alimentos do cabo Lee. No quartel de Mong Ha Lee come e dorme com vista para a fronteira com a República Popular da China e diz que gosta da vida do exército e da camaradagem. "Que mais pode um miúdo quere do que poder brincar aos soldados desta maneira?" ele pergunta. "Entre os homens eu sou um verdadeiro soldado e eles tratam-me como tal". Carinhosamente conhecido entre os tropas homens como "Chico" Lee não está sujeito à disciplina do exército. Mas ele próprio leva a vida de militar muito a sério, levantando-se na alvorada, fazendo exercícios e cumprindo as tarefas do dia, o que para ele inclui varrer o chão da fortaleza. Às vezes, sai com outro cabo para vigiar a prisão civil de Macau e leva consigo uma velha carabina Winchester. Sobre essa missão diz com toda a seriedade: "Se os prisioneiros tentam escapar, eu mato-os". Os militares que o acompanham, entram na brincadeira para não o desapontar, mas na verdade a arma é tão antiga que já não funciona.
Para não descurar a educação de Lee o exército arranjou um professor que lhe ensina português. Lee já tem três anos de escolaridade chinesa, mas agora sabe ler e escrever mais português do que chinês. Nos tempos livres Lee gosta de jogar futebol com os camaradas de armas. E também procura acompanhá-los quando bebem cerveja, mas diz que não toca no vinho que considera uma bebida inebriante. Como seus companheiros soldados dizem, Lee tem uma cabeça de adulto sobre os ombros jovens e sabe que não se pode ganhar muito dinheiro no exército. "Quando for mais velho quero aprender um ofício; a minha ambição é ir para Portugal e estudar", diz. E Lee pode muito bem vir a ter essa possibilidade. O comandante de Mong Há admite desmobilizar Lee e patrocinar os seus estudos em Portugal.
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