
Era de facto um homem muito activo. Costumava dizer: "I like action - moral courage is much less common than intelligence."
Sem título académico só começou a carreira de investigador aos 43 anos, depois de deixar o exército com o posto de major. Deixou de escrever em 1984 ao fim de mais de 350 livros e artigos publicados... Muitos deles - ilustram este post - são sobre a presença portuguese no Oriente e, naturalmente, sobre a história de Macau onde esteve na década de 1930/40. Mas já lá vamos...
C. R. Boxer nasceu a 8 de Março de 1904, na ilha de Wight, no Sul da Inglaterra. Em 1923 entrou para o regimento de Lincolnshire com o posto de tenente. Ficaria na Irlanda do Norte durante os 24 anos seguintes, seguindo depois para o Japão onde foi oficial intérprete entre 1930 e 1933. Em 1936 é transferido para Hong Kong onde fica estacionado em Hong Kong, como membro dos serviços secretos britânicos.
C. R. Boxer nasceu a 8 de Março de 1904, na ilha de Wight, no Sul da Inglaterra. Em 1923 entrou para o regimento de Lincolnshire com o posto de tenente. Ficaria na Irlanda do Norte durante os 24 anos seguintes, seguindo depois para o Japão onde foi oficial intérprete entre 1930 e 1933. Em 1936 é transferido para Hong Kong onde fica estacionado em Hong Kong, como membro dos serviços secretos britânicos.
Nessa altura faz várias viagens pela região e teve acesso a vários livros e documentos antigos. Numa dessas viagens vai a Macau tendo conhececido o padre Manuel Teixeira de quem se tornou amigo. "Um dia, - recorda o padre - perguntei-lhe qual era a sua religião. Ele respondeu-me: 'Do pescoço para cima sou episcopaliano, mas do pescoço para baixo sou mórmon!'"
Tinha grande facilidade para aprender línguas. Para além do inglês, sabia fluentemente o japonês, o português, o holandês, o espanhol, o alemão e o italiano. Quando os japoneses invadem a colónia britânica em Dezembro de 1941 Boxer foi gravemente ferido em combate e feito prisioneiro de guerra. Seria condenado a 35 anos de prisão, passa os três anos seguintes, até à derrota japonesa, em regime de "solitária", em Guangzhou (Cantão). Segundo monsenhor Manuel Teixeira os japoneses "fuzilaram todos os oficiais, excepto Boxer; a ele, torturaram-lhe a mão esquerda, que ficou inutilizada para toda a vida, mas deixaram-lhe a direita para poder continuar a escrever a História, o que ele fez". E é desses anos que resultam inúmeros artigos/livros sobre Macau.
Depois da guerra Boxer volta a Inglaterra por pouco tempo regressando ao Japão como membro da delegação britânica na comissão aliada. Durante esse volta a publicar uma série de trabalhos sobre a história do Extremo Oriente, passando a ser, desde então, uma figura conhecida e respeitada na comunidade académica.
Já com mais de 40 anos ingressa na vida universitária como professor de Português, depois professor de História do Extremo Oriente e, mais tarde, professor de História da Expansão Europeia no Ultramar.
Em 1947, Boxer demitiu-se do exército para aceitar o convite para reger a cátedra de Camões, no King's College de Londres, lugar que ocupou até se reformar, em 1967. Seguiu depois para a Universidade de Indiana, em Bloomington, ao mesmo tempo que exercia o cargo de consultor da biblioteca Lilly Library. Entre 1969 e 1972 regeu a cadeira de História da Expansão da Europa no Ultramar na Universidade de Yale. Termina a docência e seguem-se as conferências e as investigações, a maior parte sobre Portugal.
Boxer é membro das academias portuguesas das Ciências e de História e foi condecorado com a Ordem de Santiago da Espada e com a Grande Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique, pelos seus estudos de história portuguesa ultramarina. "The Portuguese Seaborn Empire, 1415-1825" e "The Christian Century in Japan" estão entre as suas obras mais conceituadas.
Em 1963, no eclodir dos movimentos nacionalistas contra o domínio colonial português, Boxer publicou "Relações Raciais no Império Colonial Português 1415-1825" onde contraria a ideologia subjacente à política ultramarina portuguesa. No livro Boxer não inclui Macau. Conclui-se portanto que Boxer considera peculiar o processo histórico macaense, foram do contexto colonial mais abrangente. Boxer morreu em 2000 com 96 anos.

Em 2015, no 110.º aniversário do nascimento de Charles Ralph Boxer, a Revista de Cultura - Edição Internacional dedicou a edição nº 47 à vida e obra do historiador britânico.
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