domingo, 23 de abril de 2017

Portugal, China, Macau... em 1949

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 Hotel Central



Com a chegada ao poder dos comunistas na China em 1949 vivem-se momentos de grande apreensão em Macau e também em Portugal já que ninguém sabe qual será o futuro do território. Nesta época várias personagens se vão destacar. Uma delas chama-se O Lon, director clínico do Hospital Kiang Wu desde 1936 e tido como o primeiro secretário da célula do Partido Comunista chinês (PCC) em Macau. Será um interlocutor privilegiado do governador Albano de Oliveira, que conhece bem a realidade local e a quem é garantido que em Macau tudo ficaria na mesma.
O Lon parte em 1951 para Macau mas já antes o seu irmão, Cheng-peng, revolucionário clandestino radicado em Hong Kong, funda em Agosto de 1949 em Macau a Sociedade Comercial Nam Kwong. Será durante largas décadas a representação oficiosa da China em Macau...
Outro dos nomes que emerge naqueles anos em Macau é o de Ho Yin. Estará à frente da Associação Comercial de Macau, da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu e da Associação de Beneficência Tong Si Tong...
Pelo facto de Portugal e China não terem relações diplomáticas será através destas múltiplas associações que oficiosamente a China tratará de acautelar os seus interesses em Macau durante muitos anos não tomando posições públicas sobre Macau.

A excepção foi a celebração do 4º centenário de Macau, em 1955, e de que  Ho Yin era membro da comissão organizadora. Seria o governador de Hong Kong, Alexander Grantham, que durante uma visita a Pequim recebe de Zhou Enlai a informação de que a RPC não autoriza Macau a comemorar o aniversário. E seria isso mesmo que acabaria por acontecer, não obstante estar tudo preparado. Até monumentos foram derrubados... mas sobre isso falarei numa próxima oportunidade.
O jornal Diário do Povo, órgão oficial do PCC, chega a escrever: “O povo chinês nunca se esqueceu de Macau, nem se esqueceu que tem direito a exigir a devolução deste território das mãos de Portugal”. Mas não passou de apenas isso... declarações. As comemorações foram canceladas e a vida em Macau continuou tranquilamente.






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