Nos tempos em que a soberania de Portugal reinava em Macau e no Brasil, no início do século XIX, foi da então possessão asiática que partiu muita mão-de-obra necessária em terras de Vera Cruz. É nesse período que nasce o chamado 'bairro chinês' do Rio de Janeiro bem como o Pavilhão Chinês (ou Vista Chinesa como é conhecido localmente) que proporcionava - e ainda o continua a fazer - uma vista privilegiada sobre a cidade brasileira - miradouro da Tijuca - ainda a dar os primeiros passos na construção.
Essa vaga migratória de mão-de-obra seria impulsionada pelo Ouvidor Arriaga (Miguel Arriaga Brum da Silveira) que numa carta dirigida ao Príncipe Regente no início de Março de 1809 (a corte portuguesa instalara-se ali há muito pouco tempo) exalta as qualidades dos trabalhadores chineses que poderiam ser muitos úteis à Real Fazenda. Claro está que, à época, a situação que se reporta mais se aproximava de uma situação de escravidão. No final de Março a ideia era posta em prática havendo registo do envio das primeiras 'levas' de trabalhadores chineses - agricultores - para o Brasil. Com eles seguiria, pouco depois, as primeiras sementes e plantas de chá, nos tempos de D. João VI...
E quais são as origens da "Vista Chineza"? A versão que se aponta como sendo a mais verosímil é esta. Aquando da expansão da cidade do Rio de Janeiro foi construída uma estrada entre o Jardim Botânico e o Alto de Boa Vista; nessa estrada - denominada D. Castorina - trabalharam muitos dos chineses oriundos de Macau e que foram construindo alguns abrigos na encosta da Tijuca havendo registo em 1844 de uma "Casa dos Chinas".
Seria já em 1903 que essa memória seria recuperada pelo prefeito da cidade (Pereira Passos) com projecto do arquitecto Luis Rey que replicou em cimento/argamassa a fisionomia do bambu edificando um pavilhão denominado "Vista Chinesa'. Foi alvo de um grande restauro em 2013 e ainda hoje pode ser visitado.
Dos tempos da presença da casa real portuguesa no Brasil existem muitas e variadas histórias relacionadas com Macau a que voltarei em próximas oportunidades.
Sem comentários:
Enviar um comentário