Busto na terra natal |
Tomás Pereira (1645-1708) foi missionário na China e desempenhou um importante papel para o
estabelecimento do primeiro acordo de fronteiras russo-chinês. O documento em questão, que ficou conhecido como Tratado de
Nerchinsk, foi celebrado no final do Século XVII e teve a participação
também de outro padre missionário, o francês J.F. Gerbillon.
Tomás Pereira é um dos europeus mais importantes na China de Kangxi, exercendo junto e para o Imperador da China, Qing, funções de professor de música, conselheiro diplomático, tradutor-intérprete para e da língua chinesa, matemático astrónomo, arquitecto e geógrafo, criador de grandes relógios e órgãos mecânicos, consultor político e missionário jesuíta
Deixou uma vasta obra que uma equipa do CCCM reuniu em 2011 em vários volumes. O primeiro reúne 11 documentos biográficos e 151 cartas de Tomás Pereira, tendo ficado no segundo dez documentos da sua autoria, incluindo um que apresentara ao imperador, em conjunto com Antoine Thomas, em 1692, e o “Tratado do Budismo Sínico”. A obra de Tomás Pereira/Xu Risheng ficou manuscrita em português e latim tendo, por isso, uma circulação restrita e controlada. Em língua chinesa, no entanto, surge impressa logo nos inícios do século XVIII.
Imperador Kangxi |
Em 25 de Setembro de 1663 entrou para a Companhia de Jesus. Em 15 de Abril de 1666 embarcou para a Índia, continuando os seus estudos em Goa, chegando a Macau em 1672. Tomás Pereira viveu na China até à sua morte em 1708. Foi apresentado ao imperador Kangxi pelo colega jesuíta Ferdinand Verbiest. Foi astrónomo, geógrafo e principalmente músico, sendo autor de um tratado sobre a música europeia que foi traduzido para Chinês, e também construtor de um órgão e de um carrilhão que foram instalados numa igreja de Pequim. É considerado o introdutor da música europeia na China.
Foi responsável pela criação dos nomes chineses para os termos técnicos musicais do Ocidente, muitos dos quais usados ainda hoje. Concluiu ainda um tratado sobre budismo chinês e o primeiro tratado de musica ocidental (também convertido para chinês), e foi o responsável pelo Calendário Astronómico, instrumento indispensável na vida política chinesa daquele tempo – nele eram determinadas as datas das cerimónias religiosas que o imperador, como representante do reino do Céu, tinha que presidir. Essa confiança do soberano chinês culminou com a publicação do Édito de Tolerância de 22 de Março de 1692 permitindo a difusão e prática do Cristianismo na China.
Foi responsável pela criação dos nomes chineses para os termos técnicos musicais do Ocidente, muitos dos quais usados ainda hoje. Concluiu ainda um tratado sobre budismo chinês e o primeiro tratado de musica ocidental (também convertido para chinês), e foi o responsável pelo Calendário Astronómico, instrumento indispensável na vida política chinesa daquele tempo – nele eram determinadas as datas das cerimónias religiosas que o imperador, como representante do reino do Céu, tinha que presidir. Essa confiança do soberano chinês culminou com a publicação do Édito de Tolerância de 22 de Março de 1692 permitindo a difusão e prática do Cristianismo na China.
Demonstrou, com este gesto, o Imperador Kangxi, uma invulgar abertura ao Ocidente da qual resultou, não apenas o florescimento da Missão Católica e a confirmação da respeitabilidade do saber ocidental na China, como assegurou a frágil situação de Macau, o único entreposto europeu no Império. Kangxi,foi um dos mais importantes imperadores da última dinastia e que governou a China durante 61 anos, até 1722, considerava Tomás Pereira "um companheiro exímio" e "sempre leal" tendo-o nomeado mandarim, com um estatuto equiparado a vice-ministro. Natural de Vale S. Martinho, concelho de Vila Nova de Famalicão, em Macau o seu nome ficou imortalizado numa avenida e numa rotunda da Ilha da Taipa.
Sugestão de leitura: O diário do Padre Tomás Pereira, S.J.: os jesuítas e o Tratado Sin-Russo de Nerchinsk (1689). Edição ICM, 1999.
O livro de Sebbes, norte-americano também ele jesuíta, foi escrito em 1961.
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