O envelope embora impresso e escrito em português e dirigido ao “Exmo. Senhor Governador da Colónia de Macau, Macau – China” foi registado e expedido por avião em Amesterdão, na Holanda, tendo aplicado, na frente, selos deste país de 1 “gulden” e de 27, 5 “cent”. No verso o envelope apresenta marcas postais de Singapore (1Fev1935), Hong Kong e Macau (ambos de 7Fev1935), além do lacre timbrado com o escudo de Portugal no centro e com dizeres de que se entendem as palavras “MINISTÉRIO” e “SECRETARIA” .
Descrição do envelope
Descrição do envelope
A peça tem 15,5 x 22 cm de dimensão; é em papel espesso duplo, reforçado com uma malha de fio de algodão branco embebida entre as duas camadas de papel. A camada exterior é de cor azul cinzenta: e a camada interior é branca / amarelada. Esta constituição é do tipo que se encontra nos envelopes utilizados para o envio de Valores Declarados dos anos trinta e quarenta.
Na frente apresenta impressões tipográficas em quatro níveis. Superiormente e a meio tem o escudo da República Portuguesa guarnecido por ramagens; no segundo nível tem escrito “SERVIÇO DA REPÚBLICA PORTUGUESA” em maiúsculas de 3mm; em terceiro nível tem escrito “Do Ministério das Colónias”, escrita tipo francês, tamanho 10 mm / 6mm; o terceiro nível de impressão inicia-se com “Para o” do mesmo tipo francês mas em tamanho 5mm / 3mm, seguido dum risco contínuo; o quarto e último nível têm impresso uma linha dupla de 95mm de extensão. No verso, o envelope nada tem impresso.
Outras referências No canto superior direito da frente, está colada uma etiqueta de fundo azul forte com os seguintes dizeres em branco: “PER LUCHTPOST / PAR AVION” , e com as referências “37 AA” e “3730” nos cantos inferiores esquerdo e direito, respectivamente.
Por baixo desta etiqueta está manuscrito a vermelho “Recommandée”. E no canto inferior esquerdo do envelope a palavra “China” também está manuscrita nesta cor.
Análise e comentários
O envelope parece ser um impresso tipo do Ministério das Colónias para correio oficial. Devido a eventual urgência em que o seu conteúdo fosse recebido pelo destinatário, terá sido tomada a opção de envio por uma via mais rápida do que seria a do correio normal da época, isto é, a via marítima onde demorava cerca de 45 dias, no mínimo.
O envelope foi transportado em mão (por via marítima ou por comboio) até Amsterdam, na Holanda. Aí foi enviado por via aérea em correio registado no dia 21 de Janeiro de 1935, em “van Eeghenstraat”. Onze dias depois, em 1 de Fevereiro, passa no correio de Singapura. Chega a Hong Kong e a Macau, seis dias depois, a 7 de Fevereiro. A partir de Singapura deve ter sido transportado por via marítima.
No total, a correspondência demorou 17 dias de Amesterdão a Macau. A esta duração do transporte deverão ser adicionados três dias de viagem entre Lisboa e Amesterdão para se comparar com a duração por via marítima: uma redução de, pelo menos, 55%.
Porquê Amsterdam? Porquê a KLM? No ano de 1935, a companhia aérea holandesa KLM, que existia desde 1919 com esta designação, efectuava um serviço regular de voos bissemanais da Europa para o Extremo Oriente. Estes voos ligavam desde 1929, Amesterdão a Batávia, capital das Índias Holandesas, actual Indonésia. Na Europa desse tempo só mais outra companhia aérea, a inglesa Imperial Airways, tinha voos de Londres para tão longínquos lugares. Porém, não assegurava um serviço postal ordinário (o que só veio a ocorrer em 1937) e os passageiros tinham de viajar de comboio entre Paris e o Mediterrâneo. Assim, em 1935 a opção pela KLM impunha-se naturalmente para o correio aéreo europeu com destino ao Extremo Oriente.
Itinerário do envelope
Para melhor percepção do trajecto percorrido pelo envelope apresenta-se uma carta itinerário da época, dos voos da KLM entre Amesterdão e Batávia.
Na Malásia a escala do voo da KLM era em Penang. Presumo que a mala postal para Hong Kong devia ser aí descarregada e transportada para a estação do correio em Singapura, onde a correspondência recebia a marca da estação e era encaminhada para o respectivo destino por via marítima. A ligação aérea regular entre a Malásia e Hong Kong só foi criada em 1936.
Texto e imagens da autoria de António Abreu do Clube Filatélico de Portugal a quem agradeço.
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