Postal do início da década de 1930
Foto do jornal Hoje Macau |
O convento da Ilha Verde, com cerca de 180 anos de história, é um edifício de estilo típico do sul da Europa. Está há vários anos abandonado e há planos para a sua recuperação. A colina da Ilha Verde está incluída na lista dos sítios classificados da RAEM.
Vista da ilha Verde a partir da Fortaleza da Monte cerca da década de 1930/40
Nesta época já ligada por istmo o que aconteceu nos primeiros anos do século XX
informações adicionais sobre a história da ilha Verde neste link
Também conhecida por Ilha dos Diabos a Ilha Verde (que no início do século XX passou a ser uma uma península) tem uma história pouco conhecida. À semelhança do convento que ali existe há quase 200 anos. Ou do quartel militar que ali existiu. Terá sido erguido pelos jesuítas. Depois da sua expulsão do território (nos tempos do Marquês de Pombal), foi ocupado por privados e pela Igreja Católica. O edifício, actualmente ao abandono, é considerado “monumento de interesse cultural”. Segue-se o artigo da autoria de Gonçalo Lobo Pinheiro publicado no HM de 23-02-2011.
(...) De acordo com o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, em declarações ao jornal Hoje Macau o monumento em causa “pode ser o que resta da presença jesuíta na Ilha Verde”.
Se assim for, este convento terá muito mais que 180 anos. “A existência daquele património tem de ser mais antiga do que a data avançada pela DSSOPT”, disse o arquitecto.
A 18 de Setembro de 1883, o escritor Adolfo Loureiro descreveu, aparentemente, o monumento: “A Ilha Verde, pequeno cone que emerge das águas, e onde existe uma casa pertencente ao seminário ou à mitra, é um soberbo bloco de granito onde no entanto a árvore do pagode conseguiu introduzir as suas raízes pelas fendas da rocha, vestindo a penedia de um manto de verdura”, escreveu no seu documento “No Oriente, de Nápoles à China”.
Os anais da história descrevem que os jesuítas, comandados por Alessandro Valignano, ocuparam a Ilha dos Diabos – como era conhecida naquele tempo -, no início do século XVII, quando esta era habitada por “malfeitores e gente fugida” por forma a não ser, entre várias justificações, ocupada pela China. “Era lugar de pouca segurança quando o Colégio de São Paulo decidiu ali se instalar para local de veraneio e retiro. Há quem defenda que foi uma forma de garantir que os chineses não a ocupassem”, referiu Vizeu Pinheiro.
Depois de muito negociado, em 1624 os Jesuítas começaram a erguer capelas, conventos e casas no sentido de ter uma alternativa ao Colégio de São Paulo que estava sediado em Macau. O livro “A Pedra de Afinidade Conjugal” de Luís Gonzaga Gomes relata que “a Ilha Verde fora, primitivamente, escolhida pelos jesuítas para lhes servir bem como aos estudantes do seu Colégio de São Paulo, de estância de repouso e de recreio, durante a estação calmosa, tendo esta ilha sido, em diversas épocas, causa de vários distúrbios políticos, alguns de certa gravidade, e de complicadas questões judiciais, que são do conhecimento de todos aqueles que andam familiarizados com a acidentada história desta Colónia”.
Com a expulsão dos jesuítas em 1762, baseada no quadro político português encetado pelo Marquês de Pombal durante o século XVIII, a supressão da Companhia de Jesus fez com que todos os edifícios por si erguidos ficassem ao abandono, como foi o caso do Colégio de São Paulo ou da Igreja da Madre de Deus. Nesse momento todos os edifícios acabaram ocupados pelas autoridades portuguesas, muitos tendo sido utilizados como quartéis militares.
Depois disto, a história dilui-se um pouco. Alguns documentos referem que, na década de 50 do século passado, o convento agora degradado seria propriedade do Seminário de São José que o arrendava, em parte, ao Governo da Colónia. “Sabe-se que passou por mãos privadas até chegar a ser um seminário diocesano da Igreja Católica”, explicou o arquitecto Vizeu Pinheiro.
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