O testemunho que se segue tem quase 200 anos e relata - na perspectiva de um estrangeiro - de forma sucinta como era celebrado o novo ano lunar em Cantão e Macau.
"The new year is a season of great festivity and rejoicing with the Chinese. New clothes are bought, houses undergo the only thorough cleaning which they have during the year, visits are made, cards of congratulation are sent and, in short, every body, from his Imperial Majesty down to his meanest subject, tax their means to look particularly decent on this day. The streets are nearly deserted, business is suspended and the shops are all closed. The few persons who are met in the streets are either going to visit or they are the servants who with a handful of red cards are flying, as fast as the multiplicity of their new year's garments will allow them to deliver the congratulations of their masters to acquaintances and friends.
Fire-crackers are kept going all night and continue in full operation all day. It is deemed absolutely necessary for every householder or boat holder to demonstrate his joy by crackers, which are fired, hung from a bamboo, in long strings so the depth of a man's pocket or the extent of his vanity or joy may be safely calculated from the wrecks of these inflammable nuisances, which are strewed before his door. (...)
I observed that if the finances of the family are not sufficient to procure for all its members complete suits of clothing that invariably some part is new and most commonly the cap or shoes. Black satin boots are vanities indulged in by all who can afford them. All the boats are carefully cleaned and in various parts are pasted broad strips of bright red paper punched full of little holes in the middle and sometimes sprinkled with gold leaf. (...)"
Excerto de Sketches of China (1830), da autoria de W. W. Wood, que viveu em Macau e Cantão entre 1825 e 1836.
Tradução/Adaptação:
"O ano novo é uma época de muita festa e alegria para os chineses. Compram-se roupas novas, as casas passam pela única limpeza profunda anual, fazem-se visitas, enviam-se cartões de felicitações e, enfim, todas as pessoas, desde sua Majestade Imperial até ao seu súbdito mais cruel, gastam tudo o que têm parecerem particularmente decentes neste dia. As ruas estão quase desertas, os negócios suspensos e as lojas estão todas fechadas. As poucas pessoas que se encontram nas ruas ou estão a caminho de alguma visita a um familiar ou são os criados que com um punhado de cartões vermelhos nas mãos apressam-se, rápido quanto a multiplicidade das suas vestimentas de ano novo lhes permite, vão entregar as felicitações dos seus patrões a conhecidos e amigos.
Os panchões ouvem-se dia e noite. É considerado absolutamente necessário que todo o chefe de família ou dono de uma embarcação demonstre a sua alegria por meio de 'estalos', que são disparados, pendurados num bambu, em longos fios, para que a profundidade do bolso de um homem e a extensão da sua vaidade ou alegria possam ser calculadas com segurança a partir dos destroços que ficam espalhados diante da sua porta.
Reparei que quando as finanças da família não são suficientes para adquirir roupas completas para todos os membros, invariavelmente pelo menos uma peça é nova e, normalmente, é o boné ou os sapatos. Botas de cetim preto são vaidades apreciadas por todos que podem comprá-las. Todos os barcos são cuidadosamente limpos e em várias partes são coladas largas tiras de papel vermelho brilhante, perfuradas com pequenos furos e às vezes polvilhadas com folhas de ouro. Isto também se faz nas casas. (...)"
Sem comentários:
Enviar um comentário