Filho de José Gonçalves Roliz (nascido em 1841(2?) no distrito da Guarda seguiu depois para Macau como militar) e de Maria Esperança Roliz (natural de Macau e filha de pais chineses), António José Gonçalves Roliz (jesuíta) nasceu em Macau (na Sé) a 24 de Agosto de 1873, sendo um dos quatro filhos do casal. Formou-se no seminário de S. José em Macau onde em 1908 há registos de ser director espiritual do Seminário e prefeito da igreja do Seminário.
Era ainda professor de "Academia Sínica" e de "Philosophia" para os 1º e 2º anos.
Em 1906 fez parte de uma comissão (juntamente com Manuel da Silva Mendes, Pedro Nolasco da Silva, Carlos Augusto d’Assumpção e José Vicente Jorge) nomeada pelo governador Martinho Montenegro "para estudar e fazer um projecto de organização do ensino da lingua sinica nesta cidade".
Seguiu pouco depois para a Europa onde prosseguiu os estudos em filosofia e teologia.
Seguiu pouco depois para a Europa onde prosseguiu os estudos em filosofia e teologia.
No livro editado em 1911 - "Proscritos: noticias circumstanciadas do que passaram os religiosos da Companhia de Jesus na revolução de Portugal de 1910", de L. Gonzaga de Azevedo - surge o nome do padre Roliz. Tinha na altura 37 anos. A expulsão dos jesuítas decorre da implantação da República em Portugal (Outubro) e é concluída a 4 de Novembro.
Excerto:(...) Eu nunca assisti na minha vida, nem já agora espero assistir, a uma scena mais selvagem, embora não sofressemos injurias corporaes muito graves. Imaginem boa parte da Praça do Commercio, de noite, convertida numa extensa jaula de feras a rugir; terão uma ideia pálida do que foi aquillo. Elles tripudiavam, elles uivavam, elles batiam palmas, elles gritavam furiosamente: morra! elles blasfemavam, elles davam pontapés a quem podiam, elles berravam as mais hediondas obscenidades. E depois de embarcados, depois de começar a mover-se a lancha a vapor, ainda ouviamos ecos prolongados d'aquella horrenda despedida. Os holophotes de um naviozito foram-nos iluminando pelo Tejo fóra, e assim a multidão teve ainda mais uns minutos de folia. Eu estava envergonhado, com os comentarios que faziam contra o nosso povo, uns quatro estrangeiros, que iam na mesma lancha comnosco. As 9 horas entravamos no Bürgermeister, navio de quatro a cinco mil toneladas, que estava muito afastado da margem direita. A' sombra da bandeira allemã, começamos enfim a respirar aragem livre, ainda refrescada com brisas portuguesas»
O vapor Bürgermeister pertencia à carreira da África Oriental. "Toda a noite de 3 para 4 de Novembro, esteve no Tejo carregando cortiça, com grande incommodo dos viajantes, dos quaes muitos não puderam dormir por causa do estridor dos guindastes. Só às 6 h. da manhã é que o navio levantou ferro."
Na imagem acima vê-se no "Caes do Sodré" parte do grupo de jesuítas (cerca de uma centena) que foi expulso no último navio, a 3 de Novembro de 1910.
Excerto:(...) Eu nunca assisti na minha vida, nem já agora espero assistir, a uma scena mais selvagem, embora não sofressemos injurias corporaes muito graves. Imaginem boa parte da Praça do Commercio, de noite, convertida numa extensa jaula de feras a rugir; terão uma ideia pálida do que foi aquillo. Elles tripudiavam, elles uivavam, elles batiam palmas, elles gritavam furiosamente: morra! elles blasfemavam, elles davam pontapés a quem podiam, elles berravam as mais hediondas obscenidades. E depois de embarcados, depois de começar a mover-se a lancha a vapor, ainda ouviamos ecos prolongados d'aquella horrenda despedida. Os holophotes de um naviozito foram-nos iluminando pelo Tejo fóra, e assim a multidão teve ainda mais uns minutos de folia. Eu estava envergonhado, com os comentarios que faziam contra o nosso povo, uns quatro estrangeiros, que iam na mesma lancha comnosco. As 9 horas entravamos no Bürgermeister, navio de quatro a cinco mil toneladas, que estava muito afastado da margem direita. A' sombra da bandeira allemã, começamos enfim a respirar aragem livre, ainda refrescada com brisas portuguesas»
O vapor Bürgermeister pertencia à carreira da África Oriental. "Toda a noite de 3 para 4 de Novembro, esteve no Tejo carregando cortiça, com grande incommodo dos viajantes, dos quaes muitos não puderam dormir por causa do estridor dos guindastes. Só às 6 h. da manhã é que o navio levantou ferro."
Na imagem acima vê-se no "Caes do Sodré" parte do grupo de jesuítas (cerca de uma centena) que foi expulso no último navio, a 3 de Novembro de 1910.
Depois deste incidente o padre Roliz regressaria à Ásia para leccionar em Cochim (Índia), foi missionário na cidade chinesa de Shiu-Hing e seguiu depois para Macau onde foi professor e director espiritual do seminário. Foi ele um dos grandes impulsionadores do culto de Nª. Sª. de Fátima em Macau a partir do final da década de 1920 (1929).
Morreu em Macau a 22 de Dezembro de 1933. Tem uma rua com o seu nome no território.
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