Tem já 12 discos editados. Uma ópera, um bailado, várias obras de música sinfónica, de câmara e para piano solo. Mas todos os sábados deixa de lado a sua própria música para tomar, com o seu saxofone, o lugar de director da mais exclusiva das bandas privadas em toda a Tailândia: a do rei. O mesmo lugar foi em tempos ocupado pelo seu pai, uma das mais respeitadas figuras da música no país.
Pathorn Bede Srikaranonda de Sequeira responde assim a um gosto particular do rei tailandês pelo jazz. Revisitando alguns dos grandes standards, em serões que por vezes se alongam pela noite dentro.
O último apelido do músico não engana. A ascendência é portuguesa. A sua família está radicada em Banguecoque desde 1890. Mas a sua genealogia recorda, contudo, figuras com relevante serviço à coroa portuguesa desde as origens da nacionalidade. Numa nota genealógica que apresenta no seu site oficial (ver caixa), explica que o nome de família foi usado pela primeira vez quando, em 1176, D. Egas Pires Coronel (nascido 20 anos antes, sendo desconhecida a data da morte) comprou a terra de Santa Maria de Sequeira no então jovem reino de Portugal. Era um nobre aragonês e, nesse ano, acompanhava uma das filhas do rei, D. Dulcia, que se casaria com o futuro D. Sancho I.
A relação da família com a Ásia data do século XVII. D. Gonçalo de Sequeira de Sousa esteve do lado do duque de Bragança (coroado em 1640 como D. João IV) na Restauração. Foi enviado numa embaixada ao Japão em 1642, e morreu no regresso, a caminho da Índia. Um dos seus filhos ali ficou ao serviço do vice-rei português. Radicou-se em Macau e, em 1684, foi enviado à corte do rei Narai, em Sião. Esse foi o primeiro contacto da família do compositor com o país que hoje é o seu. Chegaram a Banguecoque em 1890, um ano depois de se terem mudado de Macau para Hong Kong. E foi com a chegada à cidade onde hoje residem que a música entrou na vida dos Sequeira.
O último apelido do músico não engana. A ascendência é portuguesa. A sua família está radicada em Banguecoque desde 1890. Mas a sua genealogia recorda, contudo, figuras com relevante serviço à coroa portuguesa desde as origens da nacionalidade. Numa nota genealógica que apresenta no seu site oficial (ver caixa), explica que o nome de família foi usado pela primeira vez quando, em 1176, D. Egas Pires Coronel (nascido 20 anos antes, sendo desconhecida a data da morte) comprou a terra de Santa Maria de Sequeira no então jovem reino de Portugal. Era um nobre aragonês e, nesse ano, acompanhava uma das filhas do rei, D. Dulcia, que se casaria com o futuro D. Sancho I.
A relação da família com a Ásia data do século XVII. D. Gonçalo de Sequeira de Sousa esteve do lado do duque de Bragança (coroado em 1640 como D. João IV) na Restauração. Foi enviado numa embaixada ao Japão em 1642, e morreu no regresso, a caminho da Índia. Um dos seus filhos ali ficou ao serviço do vice-rei português. Radicou-se em Macau e, em 1684, foi enviado à corte do rei Narai, em Sião. Esse foi o primeiro contacto da família do compositor com o país que hoje é o seu. Chegaram a Banguecoque em 1890, um ano depois de se terem mudado de Macau para Hong Kong. E foi com a chegada à cidade onde hoje residem que a música entrou na vida dos Sequeira.
Na primeira fila, segundo a contar da esquerda, está Lourenço Sequeira. Ca. 1895 |
D. Lourenço Justiniano de Sequeira (1874-1910) foi guitarrista amador e fundou a Bangkok Philarmonic Society. O seu filho, D. Reinaldo, foi um dos primeiros tailandeses a tocar música ocidental. A tradição continuou com o pai de Pathorn, D. Raimundo Amado de Sequeira, que, pelos serviços musicais prestados ao rei tailandês foi agraciado com o nome thai Manrat Srikaranonda e, em 1992, recebeu o título de Artista Nacional, o mais elevado que pode ser entregue a um artista no país.
O pai de Pathorn, Raimundo Sequeira, tocando com o rei da Tailândia - Bhumibol - em 1956 |
A herança portuguesa, assim como a história da sua família, representa uma presença importante na obra de Pathorn. Entre a sua obra conta-se E Se mais Mundo Houvera, Lá Chegara, composição para barítono, coro e orquestra, estreada na Embaixada Portuguesa em Banguecoque para assinalar o Dia de Portugal, durante o 60.º ano do reinado do rei Bhumibol. A obra usou excertos de estrofes d'Os Lusíadas, de Luís de Camões, traduzindo ideias que evocam a personalidade de um povo que há quase 500 anos estabeleceu uma relação de amizade com o reino de Sião.
A ideia de procurar na história matéria-prima para a criação musical vai brevemente ter nova expressão na obra do compositor. Entre os seus planos encontra-se a criação de uma nova ópera, muito provavelmente cantada em português e thai e que, como cenário, terá o Extremo Oriente e, como personagens e narrativa, factos reais protagonizados por antepassados seus no século XVIII, pouco depois da restauração da independência do trono português.
in Diário de Notícias, 11.07.2009
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