A Casa do Governador em Beja reabriu em Março último com a exposição "Rumo ao Oriente - Objectivo Macau, apontamentos de uma viagem aérea em 1924" que celebra a primeira ligação aérea entre Portugal e Macau, realizada em 1924.
A primeira ligação aérea entre Portugal e Macau foi realizada por Brito Paes, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia em 1924 a bordo da aeronave "Pátria" e a Casa do Governador, em Beja, está a expor parte do espólio de Brito Paes, doado pela família ao Museu Militar do Baixo Alentejo nas décadas de 40 e 50.
A preparação para a viagem teve início em 1920, sendo que a aeronave "Pátria", modelo Breguet 16-Bn2, partiu de Vila Nova de Milfontes a 7 de Abril de 1924.
A viagem foi realizada dois anos depois da famosa travessia aérea do Atlântico Sul, a ligação Lisboa-Rio de Janeiro feita por Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 1922, sendo que a sua preparação começou em 1920.
Para a história o avião que ficou conhecido foi o Pátria mas, na verdade, foram utilizados dois aviões. Até Jodhpur (Índia), um “Breguet” 16 Bn2 equipado com motor
de 300 CV e da Índia até Macau, um “De Havilland D.H.” 9 A com um Motor de 450 CV. Daí que existam referências ao Pátria I e ao Pátria II.
A viagem
iniciou-se no dia 7 de Abril de 1924, em Vila Nova de Mil Fontes (na localidade existe um monumento que assinala o feito) e terminou a 20 de Junho do mesmo ano. Curiosamente o mau tempo não permitiu a aterragem em Macau. Sarmento de Beires relatou assim o que se passou: “Sobe o açoite
furioso dos aguaceiros densos, rompemos para o Istmo de Macau, e passamos sobre a Ilha Verde e
as Portas do Cerco” (...) “São cinco minutos de voo inacreditável, indescritível, irreal. O aparelho parece levado como uma
folha de árvore, na violência do furacão”.
No dia 21 de Junho a canhoneira “Macau” da Marinha Portuguesa que se tinha deslocado de Macau chegou a
Hong-Kong. Na viagem tentou em vão encontrar o “Pátria
II” que se admitia poder ter-se despenhado no mar devido ao mau tempo.
No dia 23, um grupo de mecânicos desmontou o “Pátria II” e no dia 25, Sarmento
de Beires e Brito Pais, chegaram a Macau, a bordo da Canhoneira, onde foram recebidos de forma entusiástica. Chegava ao fim uma viagem de 16.380 Km percorridos em 115 horas e 45 minutos. Sarmento de Beires, Brito
Pais e Manuel Gouveia, três pioneiros, acabam de escrever o seu nome em letras de ouro na história da aviação portuguesa e mundial.
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