Embora a diáspora seja imensa e se encontre espalhada, a bem dizer, pelos “quatro cantos” do mundo (e como já sabem onde houver um ou uma Macaense, há um prato de minchi com a sua “marca” caseira, ou um bolo “Menino” ou outra qualquer especialidade da gastronomia secular de Macau) é em Lisboa, que temos um daqueles que por todos é sobejamente conhecido, por exímio cozinheiro, e por todos denominado de “o Avô”!
António Sebastião Francisco Xavier Lobato de Faria da Silva ganhou esta alcunha de “Avô” entre os amigos da Escola Primária e Liceu de Macau - por ter uma madeixa de cabelos brancos de nascença -. Na família, contudo, é tratado por Tonim e ainda há quem o conheça pelo nome do falecido Pai Tranquilino!
O nosso homem é um divulgador da culinária Macaense, em Lisboa, pois todas as semanas confecciona pratos da nossa culinária, na Casa de Macau, desde finais da década passada. Da sua cozinha privada em Almada, por outro lado, têm saído os mais diversos pratos da pura cozinha macaense para todas as bocas que a queiram provar e digo-vos por vezes não tem mãos para as encomendas.Ele, em parceria com o Nando Conceição e as respectivas esposas, é bom não esquecer, têm gerido a “cozinhação” e têm dado um relevo enorme e divulgado a cultura de Macau através do que têm feito em prol da gastronomia de fusão, como agora se apelida, a culinária é a bem dizer um dos factores de maior preponderância na cultura de qualquer país ou terra!
Ainda em Macau e logo após os estudos liceais, foi para a tropa e depois directo para trás dos balcões do Banco Nacional Ultramarino, um trajecto muito comum nos jovens desses anos 70, tendo-se reformado muito jovem e decidido com a esposa, acompanhar o casal de filhos, mais de perto nos seus estudos em Lisboa, já em finais de 1999. Mas ainda antes de partir para a Europa, frequentou vários cursos, na Escola de Hotelaria, em Mong-Há, como amante que era dos tradicionais “petiscos” da sua terra Natal, sempre na
mira de um dia poder matar saudades deles lá longe! O Avô, agora de facto com a idade de o vir a ser (Avô de verdade!) é um verdadeiro amigo dos tempos de escola e como tal é-me difícil traçar um perfil sem ter de o beneficiar.
Apesar do seu ar circunspecto para quem não o conheça, por vezes bem sisudo, digo-vos sem pestanejar, que é um bom coração e um amigo do seu amigo, praticante de desporto, ténis, natação quase todos os dias (este é o seu segredo do aspecto jovem que ainda aparenta).Até há uns pares de anos ainda passeava muito na sua moto, que suponho já tenha posto de lado devido aos afazeres que o volume enorme de encomendas lhe provocam no dia-a-dia!
Filho de uma família católica tradicional e numerosa, de macaenses de gema, a sua Mãe, D. Maria octogenária, que Deus lhe dê muita saúde, a qual suponho ter sido a sua fonte de inspiração, na aprendizagem desde muito novinho na altura em que habitavam numa das “casas museu” do Tap Seac, (no 95 B) dos pratos que agora, semanalmente põem na mesa da vivenda da Almirante Gago Coutinho perto da rotunda do (outrora) relógio ou aeroporto da Portela.Sem nos podermos esquecer, do seu Pai, conhecido e distinto e dedicado funcionário do BNU, quase toda sua carreira profissional, tendo também participado, se bem me lembro, nas famosas e espectaculares récitas do então Adé (José dos Santos Ferreira) no D. Pedro V, o Sr. Tranquilino! António Silva, de Macau, este sim é o verdadeiro embaixador da cultura gastronómica de Macau, no século XXI.
Texto da autoria de Luís Machado publicado no JTM de 9-2-2011
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