
Com apenas 14 anos, João Rodrigues embarcou com destino à Índia. Pouco depois da sua chegada ao Japão em 1577, foi iniciado na Companhia de Jesus. Dedicou-se ao ensino da gramática e do latim e à aprendizagem da língua japonesa e alguns anos mais tarde concluiu os estudos em teologia em Nagasaki. Depois de ordenado sacerdote em Macau regressou ao Japão, onde se tornou comerciante, diplomata, político e intérprete entre os japoneses e os navegadores estrangeiros. A sua fluência no idioma oriental mereceu-lhe uma relação especial com os principais líderes japoneses durante o período de guerra civil e da consolidação do xogunato de Tokugawa Ieyasu. Nesta época também testemunharia à expansão da presença portuguesa nesta nação e à chegada do primeiro inglês, William Adams.
Durante este período, teve a oportunidade de escrever as suas observações sobre a vida japonesa, incluindo eventos políticos da emergência do xogunato e uma descrição detalhada da cerimónia do chá. Nos seus escritos revelou uma abertura de espírito sobre a cultura do seu país anfitrião, chegando a elogiar a santidade dos monges budistas.

Para além de intérprete, foi um dos autores e coordenador do "Vocábulo da Lingoa de Japam", primeiro dicionário de japonês-português editado em 1603, da "Arte da Língua de Japam" (1608), "Arte Breve da Língua de Japam" (1620) e "A História da Igreja de Japam" (1634).
É sem dúvida uma figura referencial nos primórdios das relações luso-nipónicas nos séculos XVI e XVII. A sugestão de leitura é, claro está, a biografia de João Rodrigues escrita pelo também jesuíta, mas inglês, Michael Cooper, em 1994. "Rodrigues, o intérprete: um jesuíta português no Japão e na China do século XVI".
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