A propósito da morte do Padre Lancelote Rodrigues a leitora do blog, Rita Figueira Pereira, confidenciou-me uma história. Desafiei-a a partilhar com os demais leitores e aqui está...
"Em 1984 quando vivia em Macau fiz um pedido de visto para visitar os EUA. Nessa altura, as 'démarches' para o obtenção de vistos para os Estados Unidos passavam pelo Pe Lancelote. Dias depois recebi o passaporte com um visto de entradas múltiplas e validade vitalícia. Passados dez anos, em 1995, quando ia a atravessar a fronteira entre o Canadá e os EUA, levei esse passaporte, que embora caducado, tinha o meu visto válido para sempre e como tal era dele que dependia.
Em princípio não é preciso sair do carro, basta mostrar-se os documentos. Porém, quando viram o meu visto, mandaram-me estacionar o carro e ir ter uma entrevista com os agentes. Fiquei tão nervosa e lembro-me de ter sido uma conversa longa, mas verdadeiramente a única pergunta da qual me lembro é: "Who gave you this visa?", tal era a raridade dum visto daqueles. Acho que nunca lhes tinha passado um igual pelas mãos.
Em princípio não é preciso sair do carro, basta mostrar-se os documentos. Porém, quando viram o meu visto, mandaram-me estacionar o carro e ir ter uma entrevista com os agentes. Fiquei tão nervosa e lembro-me de ter sido uma conversa longa, mas verdadeiramente a única pergunta da qual me lembro é: "Who gave you this visa?", tal era a raridade dum visto daqueles. Acho que nunca lhes tinha passado um igual pelas mãos.
Cancelaram-mo ali mesmo, concederam-me um novo com uma ou duas entradas e com uma validade de um ano e assim segui caminho. Mal sabia eu dos poderes do Pe. Lancelote!"
Reacções à morte de Lancelote Rodrigues (17.6.2013) publicadas no jornal Ponto Final
Paul Pun, secretário-geral da Caritas:
“Era amigo de muita gente, que o visitou durante este tempo no hospital. Muitas expressaram o seu amor por ele, desejando-lhe melhoras. As pessoas gostavam muito dele. Acho que todos vamos sentir a sua falta. Era bom e acredito que estará no céu”.
“Era amigo de muita gente, que o visitou durante este tempo no hospital. Muitas expressaram o seu amor por ele, desejando-lhe melhoras. As pessoas gostavam muito dele. Acho que todos vamos sentir a sua falta. Era bom e acredito que estará no céu”.
Miguel de Senna Fernandes, Pres. da Asssociação dos Macaenses:
“O senhor padre Lancelote não foi uma pessoa vulgar. Foi uma pessoa grandiosa nos seus feitos, mas sobretudo na sua humildade. A lição que ele dá é precisamente uma lição de humildade e de um espírito de caridade sem fronteiras”. (...)“Muitas pessoas estão bem – não necessariamente em Macau, mas noutras partes do mundo – graça a esse espírito de caridade do padre Lancelote. São pessoas que passaram de refugiados a cidadãos de estatuto. Não é qualquer pessoa que consegue fazer isto. E não foi um caso ou outro, são vários casos."
Jorge Rangel, Pres. do Instituto Internacional de Macau:
“Quem o conheceu de perto sabe que a vida em Macau nunca mais será a mesma para com quem ele convivia e partilhava a alegria de viver e a vontade de servir eabraçar causas nobres."
Leonor Seabra, historiadora:
"Tem de ser lembrado não só pelo aspecto filantrópico, mas pela pessoa que era” (...) “Macau perdeu um grande homem, uma grande figura, que faz parte da história de Macau e que sempre fará. Épreciso preservar todas estes grandes homens ou mulheres, que tanto deram a Macau. Ele foi uma dessas pessoas”.
Padre Luis Sequeira:
“Tinha qualidades de relação humana muito notáveis e era muito bom cantor, com muito humor, bom conversador. Unia estas dimensões mais sociais, que ele aplicava sempre ao fim ao cabo para ajudar aqueles em necessidade. Tinha contactos sempre tanto a nível local, como a nível internacional. (...) “Sentiu-se sempre como omni sacerdote, sempre muito dedicado aos mais necessitados, e muito unido a dois outros grandes homens, como era o padre Luís Ruiz e o padre Nicosia, que está em Coloane”.
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