"(...) O pequeno territorio que occupamos em Macáu tem uma legua escaça de comprimento e meia legua ainda mais escaça na maior largura: uma muralha de pedra ensôssa, collocada n'uma lingua de terra distante das portas da cidade marca os limites do terreno chamado portuguez, que com todo o ciúme e vigilancia são guardados pelos chins, e que não é dado a europeus ultrapassar, salvo em auxilio para apagar fogos conduzindo agua e instrumentos adequados.
Tanto da parte do norte como da do sul é murada a cidade; daquella tem sahida para o campo por duas portas, entre as quaes se eleva o forte de S. Paulo do Monte; pela outra a limitam dois fortes entre os quaes a cavalleiro se vê a ermida de N. Sa. da Penha que já foi fortificação. Outros três fortes defendem a bahia e entrada do porto: n'uma alcantilada montanha, fóra das mencionadas portas, apparece o forte de N. Sa. da Guia dominando o mar e todo o espaço adjacente.
Um extenso caes, chamado praia-grande, da parte de leste em frente da bahia, offerece uma morada aprazivel, pois alem da vantagem da posição é ventilado pelas aragens refrigerantes no verão e resguardado das furias das nortadas no inverno. A parte occidental goza a vista do porto, e da ilha por sua constante primavera, appellidada ilha verde. O porto é formado pelo rio Tigre, que desce de Cantão, não tem capacidade para admittir navios de grande porte. (...)
in O Panorama, 1839
Porto Interior e Ilha Verde (já com istmo) ao fundo. Foto ca. 1900 |
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