Jorge Paulo Sacadura Almeida Coelho morreu esta quarta-feira na Figueira da Foz. Nasceu em Viseu em 1954. Licenciou-se em Gestão de Empresas e estreou-se na política na UDT. Em 1982 filiou-se no Partido Socialista onde viria a ser um destacado militante. Foi ainda deputado, ministro e conselheiro de Estado.
A carreira como governante começou no cargo de chefe de gabinete do secretário de estado dos Transportes (Francisco Murteira Nabo, que viria a ser Governador interino de Macau) de 1983 a 1985.
Em 1988 foi nomeado chefe de gabinete do secretário de estado adjunto dos Assuntos Sociais, Educação e Juventude do Governo de Macau, cargo que desempenhou até 1991.
JC em Portugal numa fotografia de Daniel Rocha |
Foi ainda comentador político na televisão e desde 2008 foi Presidente da Comissão Executiva da Mota-Engil, membro do Conselho Consultivo do Banco de Investimento Global (BIG), Presidente da Assembleia Geral da Sociedade das Águas da Curia e Presidente da Assembleia Geral do Maratona Clube de Portugal.
Fernando Esteves, autor de uma biografia não autorizada de Jorge Coelho ("Jorge Coelho, o Todo-Poderoso”), mas para a qual o biografado aceitou colaborar na condição de "de não a ler previamente ou interferir na sua construção", passou por Macau em Maio de 2014 e foi entrevistado pelo jornal Ponto Final.
"Acho que a passagem dele pelo Governo de Macau não é decisiva. Apesar de tudo foi uma figura secundária. Teve numa pasta importante [secretário-adjunto para a Educação e Administração Pública], mas não essencial e esteve pouco tempo. Não acho que tenha deixado uma marca indelével no território como deixou em Portugal. Cimentou uma aura de competência e combatividade, importante para ganhar espaço no PS. Veio para cá como militante anónimo e voltou como membro do Governo [ministro-adjunto de António Guterres]."
Na entrevista o autor do livro recordou ainda um episódio em que Jorge Coelho ficaria conhecido como "o bombeiro". A imagem ao lado é de Macau em 1990 e tem por base uma foto de Alfredo Cunha.
"Ontem passei à frente do antigo Palácio do Governador. Abro o capítulo sobre Macau com um episódio épico da passagem do Jorge Coelho por aqui, que cimentou a alcunha dele de “bombeiro”. É uma manifestação de 2500 polícias à frente do Palácio sob uma chuva tremenda. Eles manifestavam-se pelo facto de os outros funcionários públicos terem sido aumentados e eles não. O Governo entrou em pânico e ninguém teve coragem de encarar a multidão. Aquilo estava muito complicado. Os polícias ameaçavam invadir o Palácio. Entretanto as autoridades chinesas já tinham uma força de intervenção pronta a entrar no território e é Jorge Coelho que salva a situação. Ele estava a passar pelo Palácio a caminho de casa e eles falam-lhe da possibilidade de os chineses irem lá limpar aquilo [um representante dos chineses no território disse que estavam 5000 militares na fronteira à espera de avançar]. E ele diz: “No momento em que deixarmos que os chineses venham aqui, a nossa presença deixa de fazer sentido. Estamos a admitir que não somos capazes de administrar o território. Vamos ter de ser nós a resolver”. Então vai para a frente do Palácio, sobe a um carro com um megafone [e tradutor ao lado] e começa aos berros naquele estilo bélico dele e quando acabou de falar vê que a multidão dispersou."
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