domingo, 30 de junho de 2019

Carta Chorographica das Possessões Portuguezas ao sul do imperio da China

Em baixo a "Carta chorographica das possessões portuguezas ao Sul do Império da China" feita e desenhada pelo Tenente Ramiro Barbosa, oficial do exército português.
O mapa representa os territórios e possessões portuguesas (cor de rosa no mapa), inclui uma rosa dos ventos e mostra com precisão as coordenadas de Macau. Ramiro da Rosa, oficial do Exército, era também sócio (nº 1854) da Sociedade de Geografia de Lisboa e esta é uma edição da SGL datada de 1891 tendo a "carta" as dimensões: 59x59cm.

Um artigo sobre este tema está incluído no Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa: Série 10, nº 6-7 (Jun.-Jul. 1891).
Escala 13:500 000 - Coord.: Lat. 22º 3’ – 22º 16’ Norte/Long. 113º 25’ – 113º 39’ Este. 
No canto inferior direito é uma rosa dos ventos e a escala gráfica e no canto inferior esquerdo a latitude e longitude de Macau. 
Na legenda: Fortalezas; Territorios Portuguezes; Dos Chinas. Na margem inferior direita: 1891 – Lithografia da Imprensa Nacional.
Entre as referências geográficas surge "Heongsan" (do lado de lá da Porta do Cerco), a ilha da Lapa/Patera, a ilha D. João/Macarira, as "nove Ilhas" e a ilhas da Taipa e "Colovane".

sábado, 29 de junho de 2019

Journal des voyages et des aventures de terre et de mer

Na edição nº 833, domingo, 25 de Junho de 1893 do "Journal des voyages et des aventures de terre et de mer" (187-1949) surge um pequeno artigo sobre o jogo fantan assinado por L. M. e que inclui uma fotografia com a legenda: "Le jeu est une des principales attractions de la ville de Macao" / "O jogo é uma das principais atracções da cidade de Macau".
"Le jeu du Fan-Tan est bien certainment un des principales attractions locales destinées à éveiller l'attenttion des étrangers qui visitent pour la primére fois la ville de Macao (Ngaomen des chinois), oú Camoens écrivit Les Lusíades. C'est une sorte de roulette. Le croupier acepte de chaque joueur depuis la mise la plus infime, sois 50 centimes, jusqu'a la somme de 500 piastres. Au millieu de la table, on remarque une dalle de plomb carrée numérotée par les quatre chiffres; 1,2,3,4. (...)

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Wide Semicircular Bay

Quem é leitor habitual do blogue, por certo já detectou o meu fascínio pela baía da Praia  Grande. A original, claro... E não sou o único. Entre os inúmeros registos dos que passaram por Macau, do século 16 ao início do século 20, praticamente todos os que deixaram testemunho escrito dessa presença, destacam a beleza da baía.
"(...) Entering a wide semicircular bay which faces the east on the right hand we have the fort S Francisco on the left that of Na Sra de Bom Parto and before us on landing a broad airy spacious quay Praya Grande and many pretty houses among which is the residence of the Governor and that of the Minister. To the east of the town is a field Campo which stretches itself out to the very boundary wall that closes the prison of Macao. The territory is scarcely eight miles in circuit Its greatest length from north east to south west being under three miles and its breadth less than a mile. (...)
in The Chronicle and Directory for China, Japan & the Philippines for 1869
No ano de 1869 são referenciados dois hotéis na Praia Grande: o Oriental, cujo gerente é D. B. Vines e o Royal, propriedade de C. R. Reed, tendo como gerente J. White e assistente L. M. Perpétuo. 
Em 1875 este hotel era já propriedade de L. A. de Graça e E. A. Jorge. Neste ano surge um "Billiard Room", no nº 30 da Rua Formosa, pertencente a Hingkee. Trata-se de Pedro Leung Hing Kee, também conhecido por Peter Leong Hing-kee, um empresário que dominava o chinês, francês, inglês e português, e que neste altura era dono do Hong Kong Hotel e do Victoria Hotel na então colónia britânica. Começou a trabalhar como moço de recados num navio francês. Em 1883 Hing Kee muda-se para Macau onde compra o "Oriental" que ficará conhecido como Hing Kee hotel, ou Macao Hotel, na Praia Grande. Por volta de 1905 Hing vendeu o hotel mas continuou a viver em Macau onde morreu, estando sepultado no cemitério de S. Miguel.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Seminário de S. José / Ióc sát Long Sun-iun

in The Directory & Chronicle for China, Japan, Corea, Indo-China, Straits... (1904)

 Década 1910 versus Década 1950

O Seminário de S. José foi fundado em 1728 e a igreja contígua em 1758. O Seminário, al como o Colégio de S. Paulo, são os únicos exemplos de arquitectura barroca na China. No interior da Igreja, num dos altares laterais, está um pedaço de osso do braço de S. Francisco Xavier, que anteriormente fazia parte do espólio da Igreja da Madre de Deus (Ruínas de S. Paulo). Tal como Colégio de S. Paulo, o currículo académico do Seminário de S. José era equivalente ao de uma universidade.
A fachada da igreja tem 27 m de largura e 19 m de altura. Na entrada, está um arco quebrado, típico da arquitectura barroca. O frontão curvo inclui a insígnia dos jesuítas ao centro.  A planta da igreja segue o modelo da cruz latina.
Inclui três altares ornamentados, com frontões sustentados por dois conjuntos de quatro colunas em espiral, decoradas com motivos em talha dourada. O coro-alto é suportado, na entrada da igreja, por quatro colunas salomónicas, típicas do estilo maneirista, um movimento que teve grande influência na arquitectura europeia, particularmente na concepção de igrejas anteriores ao período barroco. A cúpula central mede 12,5 m de diâmetro e eleva-se até uma altura máxima de 19 m, sendo decorada com três níveis de dezasseis clerestórios; os do nível superior são fechados, enquanto que os dos níveis inferiores servem para ventilação.
Em contraste com a arquitectura exuberante da Igreja de S. José, o Seminário é um edifício simples, neoclássico, que inclui um claustro. As paredes do edifício, construídas primeiramente em tijolo cinzento, são suportadas por fundações em granito. A sua compartimentação interior está organizada de forma tradicional, com dois corredores largos estendendo-se ao longo de 80 m, que dão acesso às várias salas de aula.
Na obra “Os Bens das Missões Portuguezas na China", o Bispo de Macau, D. João Paulino de Azevedo e Castro, transcreve parte de um relatório de 1828 feito pelo Superior do Seminário de S. José , destinado à Princesa Regente de Portugal.
 (…) não obstante haver sido fundado este Real Colégio de S. José de Macau somente para educação e ensino dos alunos chinas, a Congregação da Missão que tem por instituto ser útil às almas sem deixar de o ser à sociedade e à pátria, vendo que não havia em toda esta cidade estabelecimento público para educação da mocidade dela, a qual nem a língua portuguesa falava, mas sim o corrupto, desagradável e quase ininteligível vasconço da terra, espontânea e gratuitamente abriu as portas deste Colégio à mocidade do país, a qual nele tem aprendido e aprende não só as primeiras letras mas as gramáticas – portuguesa, sínica, latina, inglesa e francesa, e além da retórica, lógica, filosofia e teologia para os eclesiásticos, se ensina aritmética, álgebra e geometria, com muita vantagem dos que se destinam à arte da navegação – única artéria que sustenta esta cidade. Daqui tem resultado o ser hoje vulgar na mocidade a língua portuguesa, e além dos mancebos que hão seguido diferentes úteis destinos, cinco alunos deste Real Colégio têm ido frequentar a universidade de Coimbra, e um deles à custa do mesmo Colégio, dos quais dois se acham doutorados, e todos os outros formados em diferentes ramos de ciências que ali se ensinam, servindo ao mesmo tempo a El-Rei e à pátria”.


terça-feira, 25 de junho de 2019

segunda-feira, 24 de junho de 2019

"India Orientalis": mapa de 1606

Este "India Orientalis" foi um dos 37 mapas da autoria de Jodocus Hondius incluídos na edição holandesa do Mercator Atlas (1607), de Gerhard Mercator (imagem acima). Abrange as áreas desde a Índia até à costa do Sul da China (incluindo Macau, Cantão e a Formosa (Taiwan) e ainda a península malaia, Indochina, Bornéo e Filipinas.
First published in 1606 as one of the 37 new maps engraved for Jodocus Hondius' expanded Dutch edition of the Mercator Atlas. A from India to the coasts of Southern China with the Pearl River Estuary, Canton and Formosa, it also includes all of the Malay peninsula and Indochina, northern Borneo and the Philippines.
 Detalhe da localização de Macau

domingo, 23 de junho de 2019

Bocarro e a "Descrição da Cidade do Nome de Deus na China"

É uma das descrições de Macau mais antigas e mais ricas. Remonta a 1635 e é da autoria de António Bocarro que a incluiu num relato sobre as possessões portuguesas na Índia. Surgiu sob o título de "Livro das Plantas de todas as fortalezas, cidades e povoações do Estado da índia Oriental com as descrições da altura em que estão, etc."

Excerto:
A cidade do nome de Deus está em altura de vinte e dois graus e muito da banda do norte sita na ponta austral duma península, na costa do reino da China, na fralda do mar, na província de Cantão, uma das quinze em que se divide este grande reino do estado de Nanpan; esta ponta da dita península é chamada pelos nossos e pelos naturais Macau; tem a península uma légua de comprido, e no mais largo quatrocentos passos, a cidade fica tendo meia légua de comprimento e onde mais estreita cinquenta passos e onde mais larga trezentos e cinquenta, fica participando de dois mares do levante e poente, digo ponente, é uma das mais nobres cidades do Oriente por seu rico e nobilíssimo trato, para todas as partes, de toda a sorte de riqueza e coisas preciosas em grande abundância, e de mais número de casados e mais ricos que nenhuns que haja neste estado.
Do ano de mil quinhentos e dezoito, em que os portugueses a primeira vez vieram à China com uma embaixada do Sereníssimo Rei Dom Manuel, contrataram em vários portos deste reino e finalmente no porto e Ilha de Sanchoão esta cidade tomou seu primeiro princípio, e onde no ano de mil quinhentos e cinquenta e dois faleceu São Francisco Xavier, segundo apóstolo da índia e padroeiro desta cidade, e no ano de mil quinhentos e cinquenta e cinco se passou o trato à Ilha de Lampacao, e no de mil quinhentos e cinquenta e sete se passou para este porto de Macau, onde com o trato e comércio se foi fazendo uma populosa povoação, e no de mil quinhentos e oitenta e cinco, sendo vice-rei da Índia Dom Francisco Mascarenhas, foi feita cidade por Sua Majestade, com título do nome de Deus, dando-lhe por armas a cruz de Cristo e outras liberdades de que goza com privilégios da cidade de Évora; é porta por onde vejo da Índia para a China por mar o apóstolo São Tome e por onde nestes tempos o Santo Evangelho levado pelos religiosos da Companhia de Jesus entrou nestes reinos e no de Japão e Cochinchina com grande glória sua e aumento de sua Igreja.
Os casados que tem esta cidade são oitocentos e cinquenta portugueses e seus filhos, que são muito mais bem dispostos e robustos, que nenhuns que haja neste Oriente, os quais todos têm uns por outros seis escravos de armas, de que os mais e melhores são cafres e outras nações, com que se considera que assim têm balões que eles remam pequenos em que vão a recrear-se por aquelas ilhas seus amos, poderão também ter manchuas maiores que lhe sirvarão para muitas coisas de sua conservação e serviço de Sua Majestade.
Além deste número de casados portugueses tem mais esta cidade outros tantos casados entre naturais da terra, chinas cristãos que chamam jurubassas de quem são os mais, e outras nações todos xipaios e assim os portugueses como estes, tem suas armas muito boas de espingardas, lanças e outras sortes delas, e raro é o português que não tem um cabide de seis ou doze mosquetes pederneiros e outras tantas lanças porque os fazem dourados que juntamente lhes servem de ornamento das casas.
Tem além disto esta cidade muitos marinheiros e pilotos e mestres portugueses, os mais deles casados no reino, outros solteiros que andam nas viagens de Japão, Manila, Solor, Macassa, Cochinchina, destes mais de cento e cinquenta, e alguns são de grossos cabedais de mais de cinquenta mil xerafins que por nenhum modo querem passar a Goa por não lançarem mão deles ou as justiças por algum crime, ou os vice-reis para serviço de Sua Majestade, e assim também muitos mercadores solteiros muito ricos em que mulitam as mesmas razões.
Tem mais esta cidade capitão geral que governa as coisas de guerra com cento e cinquenta soldados em que entram dois capitães de Infantaria e outros tantos alferes e sargentos e cabos de esquadra, e um ajudante, um ouvidor, um meirinho que administra Justiça; vence o ouvidor cem mil réis de ordenado contratados na Alfândega de Malaca.
E ministros eclesiásticos têm um bispo que hoje é morto e ainda não está provido, que vence dois mil (réis) de ordenado pagos na Alfândega de Malaca.

sábado, 22 de junho de 2019

"Macau - The Garden City of the Orient"

"Macau - The Garden City of the Orient" com 30 páginas, capa de João Ramires e escrito em inglês, é um folheto do Turismo de Macau editado em 1965. Seguem-se alguns excertos de um folheto/guia que foi teve várias edições na época e sempre com o mesmo título.

“Macau has the leisurely tempo, church-spired skyline and cobbled streets reminiscent of Portugal; the familiar gardens, balconies, and the colourful architecture of the Mediterranean; and an Oriental influence wrought by thousands of hardworking and resourceful Chinese.

The oldest settlement established in the Far East by Europeans, Macau is a virtual living museum. Its early Chinese temples and Christian churches are busier today than when they were built in the 17 th. Century or earlier.
Macau's ruins and cemeteries are testimonials of a fascinating past; and there is a rich variety of both ancient and modern architecture that shows the influences of the Dutch, Spanish, and Japanese. Provincial law requires that each house be painted every two years; the result is a delightful variety of colour. Signs are in both Portuguese and Chinese calligraphy.
You will see early morning shadow boxers in the park, girl croupiers in the gambling casinos, broad avenues shaded by wide-spreading trees planted nearly one hundred years ago, cobblestone courtyards bright with flowers.
Scattered throughout the city, you´ill see Chinese lanterns. (...) Macaus revenues come from fishing, a wide range of light industry, tourism, and gambling. The city is also known as the “Casino of the Orient” and the “Garden City of the East”. It is Hong Kong´s most popular neighbouring resort for weekends and vacation." (...)


“Macau which is situated at the border with the People´s Republic of China, is a small and abundantly peaceful, 400-years-old Portuguese outpost in the South China Sea and is only 40 miles from Hong Kong. Although its 250,000 inhabitants are predominantly Chinese, Macau is Portuguese with a Chinese accent. There are only influence is recognised in continental architecture, Roman Catholic churches and shrines, language, government, military and police forces – and its delicious cuisine.

The Portuguese residents form a special group with intellectual interests of their own.
The same is true of the Chinese, who have their own theatre, opera, religion, and family traditions. Several newspapers, some in Portuguese and others in Chinese, and two broadcasting stations keep the city informed and entertained, but there is an evident integration of both communities."(…)


"There is so much to be seen in Macau, that your visit can justifiably extend for several days: if your time is limited, an overnight stopover is recommended.

f you go hydrofoil, it is possible to “do” Macau in a one-day trip from Hong Kong. Experienced travelers recommend a more leisurely pace, and suggest a minimum of two days to get acquainted with the “Garden City of the Orient”. This is sound advice." (...)
“Macau has no direct international transportation services. Heavy silting in the harbour prevents large ships from using it as a port of call and Macau´s position on the peninsula of the Communist China mainland prevents land approach. You an reach Macau from Hong Kong by hydrofoil or ferry.
By Hydrofoil: 
This revolutionary type of “commuter” service was inaugurated in 1964. Two companies provide a daily operation, with a total of nine hydrofoils linking Macau and Hong Kong. One company makes 17 round trips daily, by the Flying Albatross and Flying Skimmer, Flying Kingfisher, Flying Phoenix, Flying Swift and Flying Heron. The other company makes eight round trips daily, by the Guia and the Penha, the Coloane operating as a stand-by vessel, and at weekends. Jointly, the two independent companies provide a service at approximately half-hourly intervals throughout the day. The summer schedule provides a service from 7.45 a.m. to 6.30 p. m., in each direction. The fare is M $10, 00 (US$1.72) on weekdays, M $20, 00 (US$3.45) during weekends and holidays.
By ferry: 
The ferries, Macau, Fat Shan, Tai Loy, and Takshing provide the traditional link between and Hong Kong, with daily runs of 3hrs, or 3hrs. and 30 min., each way, dependent upon the vessel. Food, drink, and air-conditioned cabins are available. A passenger departing in the late evening from Hong Kong can sleep aboard until reaching Macau. Fares, one way, per person, are: first class (no stateroom) M $10 (US$1.72); single stateroom M $25 (US$4.31); double stateroom M $40 (US $6.90). Please note that “M” means Macau currency”.

Estoril, Matsuya e Caravela eram os hotéis mais recentes na época. Havia ainda o velhinho hotel Bela Vista que vem assim descrito no folheto:
“In the suburbs at Rua do Comendador Kuo Ho Neng. Formerly the residence of a Portuguese merchant, 22 rooms with bath, all air-conditioned. Hot water available for eight hours daily, 7 to 11 A. M. and 7 to 11 P. M. The hotel facilities and services include a dining room, money exchange, souvenir shop, laundry and dry cleaning. Portuguese and English-speaking staff.Rates: single M$20 to M$30 (US $3.50 to $5.25); double M$30 to M$ 60 (US $5.25 to $10.50); suites M$50 (US $10,50); four rooms without bath at M$ 15 (US $ 2.65) (27 rooms). Bela Vista Hotel specializes in curried dishes.”

sexta-feira, 21 de junho de 2019

O Órgão de Tubos de Santa Bárbara

São muitas as relações dos Açores com Macau, desde ao chá aos bispos. Hoje vou falar de um órgão que pertence à Igreja de Santa Bárbara, construída no século 16 em Angra do Heroísmo, Açores.
Num texto de 1904 o pesquisador Alfredo da Silva Sampaio (1872-1918) refere que "abaixo do cruzeiro e no segundo arco lateral está um coreto alto com um órgão grande adquirido em 1834 e que pertencia ao extinto Convento da Conceição de Angra do Heroísmo".
E as fontes documentais existentes assim o provam. Mas a história deste órgão de tubos é mais antiga e a sua fixação nos  Açores dar-se-á por mero acaso. Apenas porque uma nau que tinha como destino Macau teve de atracar no Porto de Pipas devido ao mau estado em que se encontrava fruto de uma tempestade. Assim, um grandioso órgão - construído por Joaquim António Peres Fontanes - teve de ser descarregado para que a nau fosse reparada.
Já em terra o órgão foi montado na Sé de Angra, a Igreja de São Salvador, a Catedral dos Açores. Após algum tempo o bispo local intercedeu junto da Coroa portuguesa (rainha D. Maria II) em Lisboa para que o órgão ficasse definitivamente na Igreja da Sé. Com o acordo da rainha assim aconteceu e só cerca de dois séculos depois um incêndio o haveria de destruir, sobrando apenas alguns tubos que seriam depois aproveitados para dois novos órgãos construídos em 1793.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Geographia e Estatistica Geral de Portugal e Colonias com um Atlas

"Geographia e estatistica geral de Portugal e Colonias com um Atlas" é um livro de 457 páginas da autoria de Gerardo Augusto Pery, editado em 1875 pela Imprensa Nacional, Lisboa. Militar de carreira, Gerardo Augusto Pery de Linde (1835 - 1893) pertenceu à Sociedade de Estatística de Paris e à Academia das Ciências de Lisboa. 
Este livro é a sua principal obra.  Seguem-se alguns excertos:

(...) O trabalho que emprehendemos, e que hoje damos a publico, tem por fim preencher uma importante lacuna de ha muito reconhecida: a de uma descripção exacta e completa de Portugal, que facilite e esclareça o ensino de sua geographia, e sirva de auxiliar nos assumptos de administração publica. (...)
Na parte relativa ás ilhas adjacentes e províncias ultramarinas, compilámos o que havia de melhor e mais recente, fornecendo-nos um valioso auxilio os relatórios das diversas auctoridades; sem os quaes fora impossível descrever o estado actual dos vastos domínios portuguezes. Para não excedermos o quadro que nos impozemos, foi forçoso empregar uma concisão extrema, procurando ao mesmo tempo expor os factos com a maior clareza. Podemos assim, reunir em um só volume quasi tudo quanto se pôde apurar hoje da nossa estatística. Foram grandes as dificuldades com que lutámos, mas por bem pagos nos daremos do nosso trabalho, se tivermos conseguido fazer uma obra útil e necessária. Lisboa — setembro de 1875. (...)"
"À sua vantajosa posição geographica, no extremo Occidental da Europa e em face da immensidade dos mares, deve Portugal o ter podido exercer a sua enérgica actividade de outras eras até ás mais remotas paragens do globo, alargando os seus domínios pela immensa área de cerca de 10.000:000 de kilometros quadrados, dividida pelas cinco partes do mundo. Tendo porém perdido bom numero de possessões na Africa, Ásia e Oceania durante o dominio hespanhol, e declarando-se o Brazil independente em 1825, ficou Portugal possuindo 2.011:640 kilometros quadrados, que é a superfície que actualmente constitue o reino e possessões, cuja divisão geral é a seguinte:
Europa: Portugal, formado pelas províncias de Entre Douro e Minho, Traz os Montes, Beira (Alta e Baixa), Extremadura, Alemtejo e Algarve. Ilhas Adjacentes, que comprehendem os dois archipelagos dos Açores e Madeira. Superfície 92:772 kilometros quadrados. 
Africa: Província de Cabo Verde, que consta do archipelago de Cabo Verde, e do districto de Bissau e Cacheu, na Senegambia; superfície 11:329 kilometros quadrados. Província de S. Thomé e Príncipe, que abrange as ilhas do mesmo nome e o território de Ajuda no golpho de Benim; superfície 1:025 kilometros quadrados. Província de Angola, na costa occidental; superfície 600:000 kilometros quadrados. Província de Moçambique, na costa oriental e ilhas de Cabo Delgado, Angoche, Bazaruto; superfície 1.284:000 kilometros quadrados. 
Ásia: Província de Goa, e districtos de Damão e Diu, no golpho de Cambava; superfície 5:510 kilometros quadrados. Província de Macau e Timor, composta da península de Macau na costa do império chinez, e do districto de Timor na Oceania, o qual é formado por metade da ilha de Timor e pela pequena ilha de Pulo-Cambing; superfície 17:004 kilometros quadrados. (...)
O capítulo sobre Macau (pág. 387 a 397) abrange os seguintes temas: "Geographia physica, Situação. Dimensões. Orographia. Hydrographia, Clima.  Estatística. Descoberta da China e primeiro estabelecimento portuguez. Cidade de Macau. População,  Commercio, Movimento commercial. Principaes géneros da importação e exportação. Emigração de colonos chins. Rendimento. Receita e despeza. Instrucçâo. Força militar."
Província de Macau e Timor:
"Comprehende esta província a península de Macau e suas dependências, e o governo subalterno de Timor. Situada no extremo sul-oriental do vasto império da China, a provincia de Macau faz parte da ilha de Hiang-Chan, pertencente á provincia de Cantão, na entrada do grande rio d'Este nome. Tem 4,5 k de comprimento, no sentido NS., desde o forte de S. Thiago da Barra até á muralha que corta o isthmo, separando o território português do império chinez; na máxima largura, na parte media da península, tem 1:800 metros; para o S. diminue muito de largura, a qual não passa de 600 metros em um espaço de 1:500 metros. 
Mapa de Macau e Ilhas: um dos 10 do livro

A superfície da península é de 375 hectares. A O. de Macau fica a montanhosa ilha da Lapa, da qual é separada por um braço do rio de Cantão, com 600 a 800 metros de largura. Entre as ilhas que ficam ao S. da península notaremos a pequena ilha da Taipa, onde ha um forte portuguez, e as ilhas de Macarira e Kai-Kong, alinhadas no rumo de OSO. A distancia de Macau a Timor é de 1:980 milhas; a Goa 3:540; a Lisboa pelo isthmo de Suez 9:050, e pelo cabo da Boa Esperança 12:250. 
Orographia
A península é accidentada por alguns montes graníticos que se levantam sobre a costa de E. O mais elevado é o da Guia, a NE. da cidade; tem 106 metros de altitude e no cimo está edificada a fortaleza e pharol da Guia. A ilha da Taipa tem uma montanha de 102 metros de altura, e a ilha de Kai-Kong eleva-se a 170 metros. 
Hydrographia
A E. da península fica a bahia de Macau, a que ali chamam Rada de Macau, desabrigada dos ventos de N. a ESE., onde fundam os navios de maior lotação em fundo de 6 a 7 metros, á distancia de 2,5 milhas da cidade. Do lado de O. fica o porto interior, formado pelo canal que communica com o rio de Cantão, e que apresenta profundidades de 4 a 7 metros. A entrada para o porto nao tem mais de 3 a 3,5 m de fundo. 
O estabelecimento do porto é às 10 horas. A máxima amplitude da maré é de 6,5m. Em marés vivas a velocidade da corrente de maré chega a 6 milhas por hora. 
É considerado como muito saudável o clima de Macau. A estatística medica mostra, porém, pela predominância das febres intermittentes e remittentes, que é grande a influencia das emanações paludosas dos extensos lodaçaes que as marés deixam a descoberto nas margens do rio. As doenças que ordinariamente produzem maior numero de óbitos são: as febres remittentes biliosas, as perniciosas, a tisica, a diarrhéa, as bronchites, etc. 
A península pouco produz; quasi todos os géneros que se consomem na cidade sao importados do território chinez que é muito fértil. 
História e Formação:
Parece ter sido Perestrello o primeiro portuguez que visitou a China, depois da conquista de Malaca em 1511. Em 1542 já os portuguezes tinham conseguido estabelecer uma grande feitoria em Xing-Po, que o commercio com o Japão, também descoberto pelos portuguezes, tinha feito florescer. Tendo sido destruída a feitoria pelos chins, passaram os portuguezes para Ting-Tcheu no anno de 1549, e finalmente em 1557 obtiveram do imperador da China a concessão da península de Macau, em reconhecimento do haverem os portuguezes destruído os piratas que infestavam as costas do império. 
À cidade, edificada na parte meridional da península, tem actualmente mais de 3 kilometros de extensão, contando com os arrabaldes chins de Patane e da Barra. Os edifícios mais notaveis são a Sé e o palácio do governador. Tem 3 freguesias: Sé, S. Lourenço e Santo António, e 3 hospitais; é defendida pelas fortalezas do Monte e da Guia, e pelos fortes de S. Francisco e Nossa Senhora do Bom Parto. Na ponta de Cacilhas ha o pequeno forte de D. Maria II, e no; extremo S. da península o forte de S. Thiago da Barra. 
População
A população de Macau compõe-se de europeus, descendentes ou macaistas, mouros, parses e chins. A população tanto da cidade, como das aldeias chins, tem augmentado muito desde 1849 (...)


Commercio
Por muitos annos foi Portugal a única nação que podia commerciar com a China, sendo Macau o único porto aberto aos estrangeiros, adquirindo por essa rasão grande importância
commercial. Mais tarde estabeleceram-se os inglezes em Hong-Kong, e foi forçada a China a abrir ao commercio estrangeiro os portos de Shangai, Ning-Po, Fuchan e Emuy, perdendo assim os portuguezes o privilegio de que não tinham sabido tirar o partido possível; e o commercio de Macau ficou quasi aniquilado, não lhe valendo o tardio decreto de 1845 que franqueou o porto de Macau ao commercio geral. O commercio restabeleceu-se depois, senão nas mesmas proporções que attingira antigamente, pelo menos em uma escala relativamente florescente, apresentando esta colónia um movimento commercial superior ao das outras possessões portuguezas.
O movimento commercial foi o seguinte nos annos abaixo mencionados:
1864 11.177:000$000
1865 11.587:0000$000
1866 11.806:000$000
Vê-se, pois, que alem da elevada cifra a que ascendia o valor da importação e exportação, havia uma pronunciada tendência para augmentar o commercio de Macau, quando em 1868 começou de novo a declinar, em consequência do estabelecimento de postos fiscaes chinezes em frente do nosso porto.  A decadência durou pouco; em 1871 o movimento commercial era de 9.509:000$000 réis, e em 1372 subia já a réis 13.006:0000$000.
Os géneros principaes da importação e exportação são: o chá no valor de 2.000:000$000 réis, o ópio no de 2.500:0000$000 réis, o arroz, algodão fiado, seda, charões, moeda, etc.
O ópio importado da Índia é depurado na cidade, sendo depois exportado principalmente para a Califórnia. O chá é importado da China, e depois de beneficiado é exportado para a
Europa. O commercio de Macau é actualmente exercido pelos negociantes chins e por algumas casas estrangeiras.
Em 1856 começou a adquirir importância a emigração chinesa que se fazia por este porto, e que as leis do império prohibiam expressamente pelos seus portos. Em 1866 chegou a
emigração ao máximo de 24:401 colonos, e depois de ter decrescido muito, tinha em 1871 subido já a 16:618. Em 1873 foi prohibida pelo governo português a emigração chinesa pelo porto de Macau, em consequência dos abusos praticados pelos engajadores chins.
Esta especulação tinha substituído o antigo commercio de Macau, e contribuía para a receita do estado com uma das verbas mais avultadas.
Felizmente á custa da emigração augmentou e enriqueceu uma parte da população chinesa, e tendo sido creadas novas relações commerciaes, pôde pôr-se em vigor a citada prohibição, sem que a crise por ella determinada abalasse o estado financeiro de Macau.
À seguinte nota dos rendimentos em diversos annos mostra que, longe de diminuir, augmentou a receita publica, passado o primeiro anno da prohibiçao:
1864-1865 » 156:2390$000
1866-1867 » 227:4980$000
1870-1871 » 335:0180$000
1871-1872 » 347:6340$000
1872-1873 » 334:7360$000
1874-1875 » 374:2360$000

Receita e Despeza
O seguinte quadro mostra a receita e despeza da província de Macau e Timor para 1875-1876 :
Receita:
Impostos directos » 293:1060$300
Impostos indirectos » 26:9910$000
Próprios e diversos » 36:7340$000
                            Total: 356:8310$300
Despeza:
Administração geral » 94:9410$300
Administração da fazenda » 8:0930$100
Administração da justiça » 12:4540$400
Administração ecclesiastica » 9:7330$200
Administração militar » 74:1360$400
Administração da marinha » 32:9200800
Encargos geraes » 54:5120000
Diversas » 35:9110300
                 Total:  322:7020500
                                               Saldo 34:1280800
Instrucção
Há em Macau 1 seminário, 1 aula de pilotagem, 3 escolas primarias para o sexo masculino e 1 para o feminino. A frequência no seminário foi em 1873-1874 de 160 alumnos, a da escola de pilotagem de 9, e a de instrucção primaria de 127 alumnos e alumnas.
Força Militar
A guarnição de Macau consta de um batalhão de infanteria formado de praças europeas, cujo estado completo deve ser de 584 praças, mas tinha em 1874 o effectivo de 377. Alem d'este batalhão ha um corpo de policia com 200 praças e uma companhia de artilheria.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

"Amacao" no mapa "Asia" de Jonas Moore

Mapa "Asia" de Jonas Moore (1617-1679) incluído na obra "A new geography: with maps to each country, and tables of longitude & latitude", Londres, 1681.
"Asia" map by Jonas Moore (1617-1679) published in London in 1681 on "A new geography: with maps to each country, and tables of longitude & latitude".

Detalhe da localização de "Amacao" (Macau)

terça-feira, 18 de junho de 2019

A “bibliotheca do povo e das escolas”

Nos finais de oitocentos a educação popular passou a ser vista como o caminho para se alcançar o progresso e a civilização. Suscitada por uma certa elite da, influenciada pelo positivismo, defendia-se a educação científica do povo, transmissora de conhecimentos úteis. Na sequência surgiram inúmeras edições populares. Uma delas deveu-se a David Corazzi que a partir de 1881 editou a “Bibliotheca do Povo e das Escolas”. Trata-se de uma colecção popular destinada a um vasto público formado por Portugueses e Brasileiros escolarizados, mas carentes de uma educação científica e literária.
Esta "Bibliotheca do Povo e das Escolas" teve ao longo dos anos várias editoras. Em 1890 era da Companhia Nacional Editora e num dos números (Volume 20) Bento da França assina um artigo dedicado a Macau com 65 páginas
A colecção foi publicada até 1913 e teve várias referências a Macau. Para além da que já referi veja-se o volume 19 de 1888.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Miguel Torga - Diário - Vols. XIII a XVI

A visita a Macau de Adolfo Correia da Rocha (Miguel Torga: 1907-1995) em 1987 ficaria registado no diário... Alguns excertos:
“Nunca tinha tido uma experiência assim de caminhar tantas horas em levitação. Tudo nesta terra é simultaneamente natural e mágico, concreto e abstracto, imóvel e fugidio”.

A 9 de Junho Torga deu uma conferência no Salão Nobre do Leal Senado onde disse:
“O difícil para cada português não é sê-lo. É compreender-se. Nunca soubémos olhar-nos a frio no espelho da vida. A paixão tolda-nos a vista. Daí a espécie de inocência com que actuamos na História. A poder e a valer nem sempre temos consciência do que podemos e valemos. Hipertrofiamos provincianamente as capacidades alheias e minimizamos acerbamente as nossas sem nos lembrarmos sequer de que uma criatura só não presta quando deixou de ser inquieta. E nós somos a própria encarnação da inquietação. Quatrocentos anos depois de a termos alargado até este Extremo Oriente estamos aqui a despedir-nos dum recanto da Pátria e a evocar Camões. Não, como disse, por feliz consciência de datas, mas propositadamente. Numa circunstância tão significativa, tudo quanto disséssemos e fizéssemos à revelia do maior de todos os portugueses seria lamentavelmente negativo. Sem a benção do seu nome nem daríamos um penhor válido de nós nem poderíamos ter a certeza de voltar. De voltar eternamente.”

Capa da revista "Macau" Junho de 1987

Na Gruta de Camões
Tinhas de ser assim:
O primeiro
Encoberto
Da nação.
Tudo ser bruma em ti
E claridade.
O berço,
A vida,
O rastro
E a própria sepultura.
Presente
E ausente
Em cada conjuntura
Do teu destino.
Poeta universal
De Portugal
E homem clandestino.
10 de Junho de 1987 in Diário XV (1990)
Sugestão de leitura: O Senhor Ventura
Postal "Gruta de Camões" início séc. XX. 
Colecção Colonial Marques Pereira e Pires Marinho 

domingo, 16 de junho de 2019

"Macao from the sea"

Estas duas ilustrações de ca. 1850 são iguais, uma a cores e outra a preto e branco. Da autoria de C. Graham representam o que parece ser uma tempestade/tufão vendo-se ao fundo o que tudo indica ser Macau.
O gravador foi A. H. Payne que as inclui na obra “Payne's Universum or Pictorial World”, editada por Charles Edwards. Na imagem de cima a legenda é apenas "Macao" enquanto na de baixo pode ler-se "Macao from the sea"

sábado, 15 de junho de 2019

Visita do jornalista Mário Rosa à China

 A foto é de Mário B. Pereira com estúdio no Beco da Felicidade



No verão de 1962, um dos jornais mais lidos em Portugal, o Diário Popular (1942-1991), enviou à China o seu subchefe de redacção, Mário Rosa, ex-guarda redes do Benfica. O convite veio do jornal Guangming ribào, de Pequim, e a visita decorreu entre Julho e Agosto de 1962.

De acordo com os registos da PIDE a visita teve início em 24 de Julho de 1962, não contando o tempo que esteve em Macau (ver foto de 17 de Julho). Mário Rosa foi acompanhado pelo jornalista chinês Ch'oi Leong Soi, director do diário pró-comunista de Macau Dazhong bào - Tai Chung Pou (Diário para Todos), propriedade de He Xian, que serviu de intérprete durante a estadia de Mário Rosa, e por He Xian até Guangzhou.

Seria Ho Yin a levar Mário Rosa de automóvel de Macau até Cantão, tendo daí seguido para Pequim. Esteve 19 dias na China - "No País dos 600 Milhões de Habitantes" -  e fez várias reportagens que seriam publicadas no Diário Popular. A última saiu a 28 de Setembro de 1962, menos de 24 horas antes do autor morrer. Entre os seus trabalhos conta-se a entrevista ao último imperador da China, Pu Yi.
Na conferência de imprensa concedida em Hong Kong após a visita, Mário Rosa declarou não ter visto indícios de fome na China e acrescentou que o objectivo da sua viagem foi o de desenvolver os laços culturais, educativos e da amizade entre Lisboa e Pequim.
Esta visita, e outras, antes e depois, enquadrou-se no âmbito de uma aproximação diplomática entre Portugal e a China, países que nesta altura não tinham relações diplomáticas oficiais.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

"Sands of Iwo Jima": 1949

Estreado em 1949, Sands of Iwo Jima - aqui traduzido como Nas Praias de Ivojima - foi protagonizado por John Wayne. Na imagem acima, um cartaz anuncia a estreia do filme em Macau por essa altura, muito provavelmente no cinema Apollo. O anúncio de grandes dimensões está colocado nos aterros da Praia Grande. Ao fundo vê-se parte do bairro Albano de Oliveira.
O filme retrata uma batalha da segunda guerra mundial naquela ilha japonesa - entre Fevereiro e Março de 1945 - entre as tropas norte-americanas (morreram cerca de 7 mil) e as do Império do Sol Nascente (morreram cerca de 18 mil).

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Mappa da População Portugueza


Mappa da População Portugueza da Cidade de Macáo - anno de 1835 -
in O Macaista Imparcial de 9.6.1836
Segundo o "mappa" em 1835 a população portuguesa da cidade vivia nas freguesias da Sé, S. Lourenço e Santo António num total de 678 fogos (habitações).
Em relação aos "brancos" as mulheres estão em número ligeiramente superior face aos homens num total de 3520 indivíduos. Os "escravos" são 1284. No total a população é de 4804 indivíduos. 
É ainda referido que em 1822 o total da população era de 4315, não se incluindo na contagem os militares, as freiras e os frades.
Por curiosidade publico o teor de uma missiva do Procurador de Macau, José Miranda de Lima, ao mandarim (autoridade chinesa) sobre a população de Macau em 1839:
Eu o Procurador faço saber ao Sr. Mandarim em resposta à sua Chapa de 20 do corrente, que com esta lhe remeto o atestado pedido, e também o recenseamento conforme aos nossos usos e costumes. O recenseamento consiste em os seguintes: Homens, dois mil cento e sessenta e quatro (2164); Mulheres, duas mil trezentas e cinquenta (2350); Escravos, quatrocentos setenta e um (471); Escravas, seiscentas e vinte sete (627). Total, cinco mil seiscentos e doze (5612). Fogos, setecentos e vinte (720)”.


Quadro resumo da população de Macau entre 1555 e 1839
(valores aproximados)

Ano
Total
nacionalidade chinesa
nacionalidade portuguesa
 outras nacionalidades
1555
400
1562
800
300-200
500-600
1563
5.000
4.100
900
1568
6.000
1578
10.000
1580
20.000
1640
40.000
29.000
6.000
5.000
1700
4.900
4.000
900
1743
5.500
2.000
3.500
1750
20.000
1825
22.500
19.000
3.000
1832
35.000
1835
37.000
1839
13.000
7.000
5.500
300