quarta-feira, 26 de junho de 2019

Seminário de S. José / Ióc sát Long Sun-iun

in The Directory & Chronicle for China, Japan, Corea, Indo-China, Straits... (1904)

 Década 1910 versus Década 1950

O Seminário de S. José foi fundado em 1728 e a igreja contígua em 1758. O Seminário, al como o Colégio de S. Paulo, são os únicos exemplos de arquitectura barroca na China. No interior da Igreja, num dos altares laterais, está um pedaço de osso do braço de S. Francisco Xavier, que anteriormente fazia parte do espólio da Igreja da Madre de Deus (Ruínas de S. Paulo). Tal como Colégio de S. Paulo, o currículo académico do Seminário de S. José era equivalente ao de uma universidade.
A fachada da igreja tem 27 m de largura e 19 m de altura. Na entrada, está um arco quebrado, típico da arquitectura barroca. O frontão curvo inclui a insígnia dos jesuítas ao centro.  A planta da igreja segue o modelo da cruz latina.
Inclui três altares ornamentados, com frontões sustentados por dois conjuntos de quatro colunas em espiral, decoradas com motivos em talha dourada. O coro-alto é suportado, na entrada da igreja, por quatro colunas salomónicas, típicas do estilo maneirista, um movimento que teve grande influência na arquitectura europeia, particularmente na concepção de igrejas anteriores ao período barroco. A cúpula central mede 12,5 m de diâmetro e eleva-se até uma altura máxima de 19 m, sendo decorada com três níveis de dezasseis clerestórios; os do nível superior são fechados, enquanto que os dos níveis inferiores servem para ventilação.
Em contraste com a arquitectura exuberante da Igreja de S. José, o Seminário é um edifício simples, neoclássico, que inclui um claustro. As paredes do edifício, construídas primeiramente em tijolo cinzento, são suportadas por fundações em granito. A sua compartimentação interior está organizada de forma tradicional, com dois corredores largos estendendo-se ao longo de 80 m, que dão acesso às várias salas de aula.
Na obra “Os Bens das Missões Portuguezas na China", o Bispo de Macau, D. João Paulino de Azevedo e Castro, transcreve parte de um relatório de 1828 feito pelo Superior do Seminário de S. José , destinado à Princesa Regente de Portugal.
 (…) não obstante haver sido fundado este Real Colégio de S. José de Macau somente para educação e ensino dos alunos chinas, a Congregação da Missão que tem por instituto ser útil às almas sem deixar de o ser à sociedade e à pátria, vendo que não havia em toda esta cidade estabelecimento público para educação da mocidade dela, a qual nem a língua portuguesa falava, mas sim o corrupto, desagradável e quase ininteligível vasconço da terra, espontânea e gratuitamente abriu as portas deste Colégio à mocidade do país, a qual nele tem aprendido e aprende não só as primeiras letras mas as gramáticas – portuguesa, sínica, latina, inglesa e francesa, e além da retórica, lógica, filosofia e teologia para os eclesiásticos, se ensina aritmética, álgebra e geometria, com muita vantagem dos que se destinam à arte da navegação – única artéria que sustenta esta cidade. Daqui tem resultado o ser hoje vulgar na mocidade a língua portuguesa, e além dos mancebos que hão seguido diferentes úteis destinos, cinco alunos deste Real Colégio têm ido frequentar a universidade de Coimbra, e um deles à custa do mesmo Colégio, dos quais dois se acham doutorados, e todos os outros formados em diferentes ramos de ciências que ali se ensinam, servindo ao mesmo tempo a El-Rei e à pátria”.


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