domingo, 30 de setembro de 2018

Descrição do Palácio do Governo: final do século 19

“É um dos principais edifícios das nossas Colónias. Situado proximamente no centro da Praia Grande de Macau foi mandado construir pelo governador falecido visconde da Praia Grande, se bem nos recorda de empreitada por 35 mil pesos.
Não havia então na província engenheiros nem tão pouco serviço de obras públicas. Era urgente fazer-se uma residência para os governadores e nesse tempo principiava o falecido Visconde de Cercal o seu palácio. O governador que conseguira em sua administração tornar replectos de boa moeda sonante todos os cofres da província animou-se a empreender também a construção d´um edifício apropriado. Com um chin mestres d´obras (mata-pau) designou os cómmodos que desejava para esse edifício e estabeleceu as condicções a que devia satisfazer sua construção. Aquelle homem que conhecemos e também já falleceu, como sabia, lá riscou n´um papel pardo, a lápis de côres uma planta e alçado, que depois de soffrer algumas modificações, foi posto em execução.
Ilustração da época de 1880 - revista Occidente
Tem o edifício de frente, quarenta tantos metros e de suas extremidades seguem perpendicularmente à frente alas que para o lado interior fecham até certa altura o jardim do mesmo palácio, o qual depois é protegido por muros e prédios particulares, sendo os fundos do lado fronteiro ao palácio fechado pelas cavalariças e cocheiras pertencentes ao mesmo, cuja frente fica na calçada, se bem nos recorda, do Santo Agostinho.
Comprehende o palacio dois pavimentos, no inferior, lado direito, são as repartições da secretaria do governo e, lado esquerdo, alojamentos dos oficiaes às ordens e adjudantes dos governadores. Nos fundos, arrecadações e quartos de ordenanças. No primeiro pavimento à frente, salas de entrada e na primeira, à direita, mais duas sendo a do topo a do docel; à esquerda, de visitas ou dos retratos dos governadores, reservada, a gabinete particular do governador ou seu escriptorio.”
in "Revista illustrada As Colónias Portuguesas”, 1883

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