Excerto de um artigo da autoria de Manuel da Silva Mendes no jornal O Macaense, de 23 de Novembro de 1919. "Os jornais publicados em Macau têm, com efeito, desaparecido quasi todos. Não há colecção nenhuma oficial, e, em mãos particulares, que nos conste, duas há apenas de valor ou importância: uma em Shamim (Cantão) pertencente ao Sr. Inácio Pereira, e outra em Shanghai pertencente ao sr. Alfredo de Sousa. A Abelha da China, que começou em 1821, a Gazeta de Macau em 1824, a Chronica de Macau em 1834, O Verdadeiro Patriota em 1838, a Gazeta de Macao em 1839 e outros jornais ainda, onde estão eles, onde podem hoje ler-se?"
Vem isto a propósito de pretender neste post referir-me, ainda que de forma breve, à faceta de cronista de Manuel da Silva Mendes.
De acordo com a professora Graciete Batalha (num texto de 1979) “os seus artigos sobre Macau, cheios de vida e de interesse, são uma das fontes mais preciosas para o conhecimento do que foi a terra no seu tempo”. Acrescenta ainda que “Silva Mendes não viveu, como parece ter vivido Camilo Pessanha, intelectualmente alheado do meio que o cercava. Mergulhando com uma curiosidade – alerta e apaixonada – no mundo cheio de meandros do foro macaense, nos problemas do ensino e outros de natureza cultural, no estudo da religião, filosofia, arte e tradições chinesas.”
MSM deixou um legado de centenas de textos nas mais diversas publicações e sobre os mais variados temas, a maioria com “críticas contundentes à administração local ou sátiras a personagens de duvidosa santidade.” Textos escritos em jeito de crónica que reflectem “a sua vivacidade de espírito e sentido de humor” e que embora não proporcionassem “uma visão completa da sociedade em que se movimentava”, são autênticas “pinceladas vivas (…) retalhos da vida portuguesa e chinesa”.
Também no final da década de 1970 o padre Manuel Teixeira escreve que “Silva Mendes era jornalista de garra e deixou dispersos pelos periódicos locais centenas de artigos. Eram, em geral, escritos ao correr da pena e focando circunstâncias do tempo, que hoje perderam todo o interesse, se exceptuarmos os referentes à arte e medicina chinesa.” Para António Conceição Júnior “os seus escritos podem complementar o que dele se disse, mas são fundamentalmente, uma matéria extraordinariamente rica para todo aquele que, lendo português, se não quer limitar, em Macau, a ser um transitório pobremente enriquecido”.
A colaboração de MSM com a imprensa macaense (ocorreu também em jornais de Portugal mas fica para um outro post) ocorreu durante praticamente os 30 anos de vida em Macau (1901-1931) e deu origem a centenas de artigos que Luís Gonzaga Gomes (que foi aluno de MSM) teve o cuidado de 'resgatar' e republicar anos mais tarde. Mas MSM não se limitou a ser redactor, também ajudou a fundar alguns jornais...
Na introdução à Nova Colectânea de Artigos de Silva Mendes, editada em 1963, Gonzaga Gomes informa que MSM foi um dos fundadores do jornal “O Progresso” onde colaborou “até à sua partida para Xangai em Abril de 1917, para advogar numa importante causa que corria pela Tribunal Consular Português donde regressou no mês seguinte.” Silva Mendes foi também um dos fundadores do semanário “O Macaense” (1919-1921), propriedade da “Empresa Jornalística Macaense". O primeiro número saiu a 11 de Maio de 1919. Damião Maximiano Rodrigues (1878-1924) era o editor e Carlos Eugénio de Almeida o administrador. Segundo LGG “raro era o número em que não aparecia um editorial que, embora não assinado, se reconhece facilmente como sendo seu, pela peculiaridade do seu estilo e pelo facto da sua persistência em conservar a ortografia antiga (…). Tinha dessas extravagâncias e outras.”
Na introdução à Nova Colectânea de Artigos de Silva Mendes, editada em 1963, Gonzaga Gomes informa que MSM foi um dos fundadores do jornal “O Progresso” onde colaborou “até à sua partida para Xangai em Abril de 1917, para advogar numa importante causa que corria pela Tribunal Consular Português donde regressou no mês seguinte.” Silva Mendes foi também um dos fundadores do semanário “O Macaense” (1919-1921), propriedade da “Empresa Jornalística Macaense". O primeiro número saiu a 11 de Maio de 1919. Damião Maximiano Rodrigues (1878-1924) era o editor e Carlos Eugénio de Almeida o administrador. Segundo LGG “raro era o número em que não aparecia um editorial que, embora não assinado, se reconhece facilmente como sendo seu, pela peculiaridade do seu estilo e pelo facto da sua persistência em conservar a ortografia antiga (…). Tinha dessas extravagâncias e outras.”
Informações adicionais na "Biografia de Manuel da Silva Mendes 1867-1931"
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