Ao longo de cinco anos, o investigador Victor Fung Shuen Sit produziu uma obra que retrata a história cartográfica de Macau e que será publicada em Abril. Em “Macau ao Longo de 500 anos: Ascensão e Desenvolvimento de uma Cidade Chinesa Atípica” serão compilados em três volumes “os mais representativos” mapas históricos chineses e ocidentais de Macau e do sudeste asiático. Os tomos trilíngues (em chinês, português e inglês) serão editados sob a chancela da Universidade de Macau com o apoio da Fundação Macau.
Em declarações ao JTM a 15 de Dezembro de 2011, o professor de Geografia na Universidade Baptista de Hong Kong explicou que Macau é um caso “único” e “uma cidade chinesa atípica”. “A característica única é que tem uma contínua e ainda dinâmica relação de troca entre o Ocidente e o Oriente, que é visível em muitos aspectos”, por oposição à “descontinuidade” da presença ocidental noutros locais do Oriente.
A presença permanente dos portugueses levou Macau a ganhar uma importância que o autor considera surpreendente. É o caso de um mapa chinês de 1662 onde o território surge representado com “um tamanho muito exagerado”. Para o investigador, “Macau tinha uma posição proeminente e era já uma metrópole global” pelos séculos XVII e XVIII, quando “cidades como Singapura, Taipé, Xangai ou Banguecoque não surgiam nos mapas”.
Ainda segundo ao autor “a história da cidade pode ser contada por mapas, mas, noutras cidades, isso é muito difícil, dada a menor qualidade dos mapas e o facto de alguns terem sido destruídos”. Não é o caso de Macau, uma cidade representada por “dois estilos diferentes de fazer mapas” (o chinês e o ocidental) e da qual resultou uma cartografia com grande qualidade, quando comparada com os mapas de zonas próximas. E uma das explicações pode estar nas disputas territoriais em torno da delimitação do território. Nesta edição pode ver-se um mapa datado de 1909, de autoria portuguesa, e que para Victor Fung Shuen Sit trata-se de “um pedido de expansão territorial”, que incluía no território de Macau as Ilhas da Montanha e da Lapa, entre outras.
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Autor de cerca de 40 livros, Victor Fung Shuen Sit é director do Instituto para os Estudos Chineses Contemporâneos da Universidade Baptista e tem desempenhado vários cargos políticos. Entre 1993 e 2008, foi deputado na Assembleia Nacional Popular. Antes, participou no Comité Preparatório para a implementação da RAEHK. Tem sido membro de vários conselhos consultivos do Governo de Hong Kong.
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