Conheci Luís Marrucho, antigo militar em Macau entre 1949 e 1951, há poucos anos e já no final da sua vida. Foi o seu neto que encontrou este blog e que nos 'apresentou'.
Trocámos cartas e telefonemas. E comigo 'regressou' a Macau numa entrevista publicada no Jornal Tribuna de Macau em 2010. Sempre muito afável, convidou-me por diversas vezes para o ir visitar e na última Páscoa fui à aldeia de S. Gregório, "a terra mais a norte de Portugal", como gostava de salientar. Recordo a simpatia com que me recebeu (bem como a da restante família) e a conversa que tivemos durante uma tarde inteira sobre a sua estadia em Macau. Perante dezenas de fotografias recordou Macau do seu tempo, no início da década de 1950. Morreu há poucos dias. Este post é mais uma homenagem que lhe presto. O que se segue são alguns excertos da longa conversa que tivemos... Até sempre, amigo Luís!
Luís A. Marrucho chegou a a Macau 24 de Agosto de 1949 ao fim de 40 dias de viagem a bordo do 'Niassa'.
“Chegados à barra, na foz com o rio Cantão, o navio fundeou ao largo pois a maré estava baixa. Fomos transportados, através do rio Cantão, em grandes barcaças até ao porto. Avistava-se uma grande avenida, a Avenida da Praia com árvores frondosas. No alto da colina, o Farol da Guia. Sentimos muito calor que era amenizado pela brisa do mar, mas em terra o calor abrasava. No porto encontravam-se dois navios de guerra portugueses, o Pedro Nunes e João de Lisboa.”
Trocámos cartas e telefonemas. E comigo 'regressou' a Macau numa entrevista publicada no Jornal Tribuna de Macau em 2010. Sempre muito afável, convidou-me por diversas vezes para o ir visitar e na última Páscoa fui à aldeia de S. Gregório, "a terra mais a norte de Portugal", como gostava de salientar. Recordo a simpatia com que me recebeu (bem como a da restante família) e a conversa que tivemos durante uma tarde inteira sobre a sua estadia em Macau. Perante dezenas de fotografias recordou Macau do seu tempo, no início da década de 1950. Morreu há poucos dias. Este post é mais uma homenagem que lhe presto. O que se segue são alguns excertos da longa conversa que tivemos... Até sempre, amigo Luís!
Luís A. Marrucho chegou a a Macau 24 de Agosto de 1949 ao fim de 40 dias de viagem a bordo do 'Niassa'.
“Chegados à barra, na foz com o rio Cantão, o navio fundeou ao largo pois a maré estava baixa. Fomos transportados, através do rio Cantão, em grandes barcaças até ao porto. Avistava-se uma grande avenida, a Avenida da Praia com árvores frondosas. No alto da colina, o Farol da Guia. Sentimos muito calor que era amenizado pela brisa do mar, mas em terra o calor abrasava. No porto encontravam-se dois navios de guerra portugueses, o Pedro Nunes e João de Lisboa.”
Perspectiva sobre a San Ma Lou ca. 1950 destacando-se o hotel Central (ao meio) e a Sé (à esq.). Foto de L. Marrucho |
Os homens foram então transportados para o quartel em Mong Ha. Este aquartelamento ficava situado junto à estrada da Areia Preta, que se juntava, numa bifurcação, da Avenida Almirante Lacerda, que por sua vez ia directamente às Portas do Cerco.
“No quartel encontravam-se 5 ou 6 soldados duma companhia, dita das Beiras. Fui dos primeiros a chegar e esperei pelos restantes. Fomos para a formatura, munidos com um copo, cantil e marmitas. Pelas 14h30m, em fila, fomos receber a 1ª refeição do dia: uma concha de arroz, meio frango grelhado, sopa, vinho e fruta à escolha. Perguntei se era sempre assim e disseram-me que ainda era melhor já que aquilo tinha sido à pressa. Nesse quartel não havia refeitório e no dia seguinte foi necessário improvisar um, e à pressa. Estas instalações improvisadas só duraram aproximadamente dois meses pois entretanto foi construído o quartel e ficamos bem instalados. Já tínhamos casa de banho, mosquiteiros e ventoinhas.”
O quartel de Mong-Há ca. 1950. Foto de Luís Marrucho |
Agradeço todo o apoio prestado pela família de LM, desde a sua mulher, ao neto (Bruno) e à filha (Filomena). Graças a eles o história de LM em Macau viu a luz do dia e com isso deram um contributo precisoo para quem vier a fazer a história de Macau no século XX.
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