No jardim construído por Matias Soares começou por tocar a banda do batalhão de infantaria num coreto e as famílias chiques iam aí passear. No início do século 20 seria a banda municipal. O coreto foi demolido na segunda metade da década de 1930 com a criação da rua de Sta. clara e os aterros da Praia Grande, desde esta zona até ao então chamado Palácio das Repartições (zona do actual hotel Metrópole). Por volta de 1863 a Santa Casa passa a obter receitas com o aluguer de cadeiras para os senhores e senhoras assistirem comodamente às actuações das bandas.
"Programma" de actuações da Banda do Batalhão publicado no Boletim do Governo em 1866. As actuações eram às quintas e domingos. Entre as músicas tocadas destaco o "Hymno da Carta Constitucional" e o "Hymno do Governador"
Numa edição do "Archivo Pittoresco" de 1868 encontramos o testemunho de João de Lacerda, alguém que visitou o território em 1865 e refere-se ao "passeio público" e à "banda do batalhão":
"A primeira belleza de Macau que observei foi a da Praia Grande, desfructada do ponto em que estavamos fundeados, a tres milhas de distancia. Uma extensa rua á beira mar, com as frentes de predios ornando-lhe um dos lados, e com o outro a tocar na praia por um excellente paredão cortado caes, commodos e bem construidos, constituem o mais bello passeio da cidade e orla a curva da bahia. A fortaleza e quartel de S Francisco, assente em penedos banhados das ondas, e do lado a do Bomporto, são os extremos d'aquella via aristocratica e elegante. No sopé dos penedos sobre que se ergue o quartel de S Francisco, e na extremidade léste da Praia Grande, um bonito passeio publico abre a sua porta á melhor sociedade de Macau, que de ordinario se reune alli ás tardes, principalmente nos domingos e quintas feiras, em que a banda de musica do batalhão executa escolhidos trechos num elegante kiosko situado no centro d'aquelle logradoiro publico."
Num "annuncio" de 12 de Julho de 1873 informa-se que "A banda marcial do batalhão de infanteria tocará em quintas feiras alternadas na Flora Macaense e passeio publico ás horas do costume devendo na proxima quinta feira tocar na Flora".
Adolpho Loureiro, no livro "No Oriente: De Nápoles à China. (Diario de viagem)", publicado em 1896 escreve: "À noite tocava a banda militar no passeio público, que devia estar muito concorrido; mas deixei - me ficar em casa."
Bento da França na obra "Macau e os seus habitantes: relações com Timor (1897) escreve: "Aos domingos toca a música da guarda policial no passeio público".
Ao fundo do coreto o Quartel de S. Francisco; a estrutura em abóboda ainda hoje existe
Numa edição do jornal O Progresso de 1916 pode ler-se: "Música no jardim publico de S. Francisco passa agora a tocar, nas 5ªs e nos Domingos, das 16 às 18 horas, durante o Inverno…”
Numa edição do jornal O Liberal de 1922: “À noite, neste jardim, com animada concorrência de público tocou com geral aplauso uma pequena banda organizada e regida pelo sr. Assis.”
Parte do jardim S. Francisco num postal ilustrado da década 1950
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