terça-feira, 9 de junho de 2020

A expropriação do hotel Boa Vista




A 1 de Julho de 1890 o comandante Clarke abre o Hotel Bela Vista. mas o negócio não corre de feição. Clarke vê-se obrigado a hipotecar, a 11 de Novembro de 1899. Paga a hipoteca, a 21 de Novembro de 1901 (…) as perspectivas continuam a não ser as melhores. (…) Mas por esta altura, o hotel vai ser usado como um meio para a tentativa de penetração francesa em Macau. Em 1902 os franceses escolhem o hotel como possível sanatório e casa de repouso para os seus cidadãos residentes na Indochina e propõem-se comprá-lo. Por trás desta proposta, aparentemente inofensiva, descobrem os ingleses um complot para a absorção de Macau por Paris. Uma grave ameaça à estabilidade e prosperidade de Hong-Kong, na leitura dos súbditos de Sua Majestade que não compreendem porque tendo já os franceses um sanatório em Hong-Kong pretendiam novo estabelecimento em Macau. (…)
A questão da possível venda do Boa Vista chega à imprensa de Lisboa e de Londres e aos parlamentos português e inglês. Em Macau, o cônsul francês em Cantão, Hardouin, tenta tudo por tudo junto do governador para que o negócio seja efectuado. (…)
Horta e Costa, aparentemente favorável à ideia do sanatório francês no Boa Vista, remete para o Governo de Lisboa uma decisão final sobre o assunto. Mas as pressões inglesas têm sucesso junto de Lisboa e o Governador Horta e Costa expropria o Hotel (…); venda do hotel à Santa Casa da Misericórdia para instalação de um sanatório para cidadãos nacionais e estrangeiros. (…) Pouco tempo depois (…), sem dinheiro, o Provedor é obrigado a pedir um empréstimo sem juros à companhia que explorava a lotaria. A instituição abandona o projecto de de erguer um hospital (…), e decide explorar directamente o Hotel, através de Delfino José Ribeiro mantendo quase todos os empregados que tinham trabalhado para o capitão Clarke (…). Uma banda a tocar aos sábados no salão de jantar, um campo de ténis e os quartos de turistas e ou convalescentes. (…)

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