Alexandre Farto - ou Vhils, a identidade que o artista
português cedo emprestou à sua intervenção no espaço
urbano - inaugurou na sexta-feira passada, no Consulado-Geral
de Portugal, um mural sobre o qual escavou o rosto de
Camilo Pessanha. À peça – a primeira que apresenta numa
representação diplomática portuguesa – chamou “Invisível
– Visível”.
Foto Carmo Correia/Lusa |
(...) "Perfurar, escavar camada sobre camada o rosto
pintado que o stencil estendeu sobre a superfície. Emprestar-lhe textura, profundidade e volumetria.
Ampliar a visibilidade do rosto que se
impõe na aceleração da cidade com a omnipresença
de um grito mudo. Aos 29 anos, Alexandre
Farto carrega já biografia extensa num mundo
de arte urbana que em anos recentes acentuou
a transposição da acção furtiva na rua para o cenário
até então interdito e sacrílego de museus e
galerias. Representado pela galerista Vera Cortês
desde a adolescência, Vhils cruzou cedo a intervenção
ilegal e cronometrada do graffiti com
o tempo lento e de maturação do processo expositivo.
Num movimento contínuo dentro e para
lá da rua, sem lhe rejeitar o vínculo de pertença.
Da singularidade da técnica escultórica a que há
anos recorre – e onde o martelo pneumático ou
o cinzel se conjugam por vezes com a carga explosiva
– resultou uma infinidade de rostos em
grande escala que se impõem na mancha urbana
de cidades como Londres, Lisboa, Los Angeles,
Madrid, Moscovo, Xangai, Sidney ou o Rio de
Janeiro.
A estreia em Macau acontece depois de “Debris”, a primeira exposição individual em Hong Kong, que entre Março e Abril se instalou no Cais 4 do terminal marítimo de “Central”, e ainda noutros pontos da cidade onde o artista fixou residência, ainda que de modo intermitente, há mais de um ano. Alexandre Farto chega a Macau numa iniciativa conjunta do Consulado-Geral de Portugal e da Casa de Portugal, convidado a intervir no espaço público da representação diplomática portuguesa no território, de que resultou uma peça a que chamou “Invisível - Visível”. O projecto dá continuidade a outros que tem desenvolvido, “com figuras que são relevantes para a história dos sítios” onde habitualmente actua: “Vem nesta perspectiva de tornar o invisível, visível. Tornar a história que muitas vezes está presente nos sítios visível”.
A estreia em Macau acontece depois de “Debris”, a primeira exposição individual em Hong Kong, que entre Março e Abril se instalou no Cais 4 do terminal marítimo de “Central”, e ainda noutros pontos da cidade onde o artista fixou residência, ainda que de modo intermitente, há mais de um ano. Alexandre Farto chega a Macau numa iniciativa conjunta do Consulado-Geral de Portugal e da Casa de Portugal, convidado a intervir no espaço público da representação diplomática portuguesa no território, de que resultou uma peça a que chamou “Invisível - Visível”. O projecto dá continuidade a outros que tem desenvolvido, “com figuras que são relevantes para a história dos sítios” onde habitualmente actua: “Vem nesta perspectiva de tornar o invisível, visível. Tornar a história que muitas vezes está presente nos sítios visível”.
O autor, Alexandre Farto, ao lado da obra, numa foto de Eduardo Martins |
A que associou a dimensão
de tributo: “Neste caso tentei fazer esta homenagem
também à obra de Pessanha, que é uma
obra muito relevante para a história de Macau”,
contou o artista, em declarações à imprensa, já
depois de arrancado o pano que desvendou perante
o clamor da massa humana - onde figuravam
dois trinetos de Pessanha -, o rosto impassível
do poeta.
“A técnica vem já de um projecto que tenho feito
há vários anos. Consiste basicamente em marcar
as diferentes tonalidades e, dependendo da
profundidade a que vou, consigo ir buscar camadas
diferentes. Vem muito deste conceito do
acto que destrói mas também cria, e tem a ver
com o facto também de querer expor a história
do local”, explica Alexandre. (...)"
Excerto de artigo de Sílvia Gonçalves in jornal Ponto Final 12.12.2016
Fachada principal do antigo hospital de S. Rafael, actual consulado de Portugal em Macau. Foto de João F. O. Botas |
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