O anfião é o mesmo que ópio e era por este nome que este tipo de produto começou por ser conhecido no século XVIII. Em baixo reproduzo um parecer da Comissão de Ultramar (Portugal) sobre o "commercio do anfião com o imperio da China" datado de 1823.
”A Commissão de Ultramar examinou o ofício do Secretario d´Estado dos negócios da fazenda, de 29 de Janeiro passado, em que remeteu um projecto para proteger na cidade de Macao o commercio do Anfião com o imperio da China, as actas do leal senado a este respeito, a opinião dos negociantes, o relatorio do procurador do senado, e a carta do interpetre china ao mesmo procurador. O objecto de todas estas representações he o seguinte: o anfião he rigorroso contrabando no imperio: ao mesmo tempo he a principal mercadoria do commercio de Macáo, e avidamente procurada pelos povos da China. A commissão não conhecendo os usos e leis daquelle imperio, não póde dar e este respeito opinião alguma; nem julga que se deva dar: está ordenado pelas leis deste reino, que o leal senado de Macáo, conserve illesas todas as relações politicas com o imperador da China, e que não comprometia jámais nem a existencia do estabelecimento , nem estas relações politicas. He só esta recomendação que a Commissão pensa que o Governo deve reiterar ao leal senado, e governança de Macáo, deixando o mais à sua prudencia, a circunspecção de que tantas provas tem dado neste arduo , e espinhoso negocio.
Paço das Cortes em 17 de Março de 1823 Francisco Soares Franco; Manoel Patrício Correia de Castro; Joaquim Antonio Vieira Belford; Domingos da Conceição; Manoel Caetano Pimenta de Aguiar; Manoel Freitas Branco.Venceu-se, que vá á Commissão do commercio.”
in Diário das Cortes da Nação Portugueza: .. anno de legislatura, Volume 9. Lisboa, a Imprensa Nacional, 1823
Paço das Cortes em 17 de Março de 1823 Francisco Soares Franco; Manoel Patrício Correia de Castro; Joaquim Antonio Vieira Belford; Domingos da Conceição; Manoel Caetano Pimenta de Aguiar; Manoel Freitas Branco.Venceu-se, que vá á Commissão do commercio.”
in Diário das Cortes da Nação Portugueza: .. anno de legislatura, Volume 9. Lisboa, a Imprensa Nacional, 1823
Datas de contextualização:
Em 1800 o Imperador da China proibiu severamente que se continuasse a trocar o dinheiro por aquele «vil esterco» (o ópio) tendo sido publicados severos decretos imperiais contra o ópio. Proibição do seu comércio.
Em 1815 o Senado de Macau renovou a antiga restrição, impedindo os navios não portugueses de descarregar ópio em Macau.
Em 1821 a China ameaçou fazer um bloqueio a Macau por causa do comércio do ópio.
O ópio foi introduzido na China cerca do século VII/ VIII pelos árabes sendo utilizado com fins farmacêuticos. Já no século XVII, os holandeses empregam-no como droga alucinógena e os orientais começaram a fumá-lo misturado com o tabaco. Aos ingleses deve-se a expansão do produto, tendo Companhia das Índias Orientais ficado com o monopólio da produção e comercialização. Depressa o ópio transformou-se num flagelo a ponto da China proibir a entrada do produto no país. Na reacção os ingleses iniciaram um longo período de guerra (1839-1858) com a China, que se viu obrigada a abrir os portos ao comércio ocidental e ainda na sequência da chamada Guerra do Ópio e do tratado de Nanquim (1842), surgiria Hong Kong.
Sugestão de leitura: "Macau e a guerra do ópio" de António Ventura
Em 1815 o Senado de Macau renovou a antiga restrição, impedindo os navios não portugueses de descarregar ópio em Macau.
Em 1821 a China ameaçou fazer um bloqueio a Macau por causa do comércio do ópio.
Fumadores de ópio num óleo sobre tela de Fausto Sampaio, 1937 |
Sugestão de leitura: "Macau e a guerra do ópio" de António Ventura
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