Esta fotografia foi tirada há 57 anos - Agosto de 1968 - e mostra uma vista parcial do Cemitério de S. Miguel Arcanjo em Macau. Do lado esquerdo destaca-se o busto em mármore de Vicente Nicolau de Mesquita (1818-1880).
No pedestal pode ler-se: "Erecto por subscrição pública com o concurso da primeira subscrição promovida pela Comunidade Portuguesa de Hong Kong em 1884. Tomou Passaleão em 25-8-1849. Faleceu em 20-3-1880. Foi transladado em 28-8-1910. Teve nesse dia honras militares e eclesiásticas".
Vicente Nicolau de Mesquita nasceu em Macau a 9 de Julho de 1818 e morreu em Macau a 20 de Março de 1880. Filho de uma antiga família mestiça luso-descendente (ou macaense) que se fixou em Macau na 1.ª metade do século XVIII destacou-se como militar sendo vulgarmente designado por coronel Mesquita. No dia 9 de junho de 1835, ingressou voluntariamente no Batalhão do "Príncipe Regente", sendo promovido a segundo-tenente a 15 de julho de 1847.
Teria um papel central na Batalha do Passaleão, travada no dia 25 de agosto de 1849 contra as forças chinesas que cercaram Macau, conseguindo derrotar o exército chinês. Tudo isto na sequência do assassinato do governador Ferreira do Amaral poucos dias antes.
Devido à sua coragem heróica, foi promovido a primeiro-tenente no dia 12 de Janeiro de 1850. A 7 de Fevereiro de 1867 foi promovido a tenente-coronel e no dia 27 de Outubro de 1873 foi promovido finalmente a coronel.
O coronel Mesquita foi também comandante da Fortaleza da Taipa, do Forte de São Tiago da Barra e da Fortaleza do Monte. Foi ainda membro do Conselho do Governo e do Conselho da Justiça Militar.
Queixoso do atraso na promoção pelo reconhecimento oficial do seu papel na proteção de Macau sofreu uma série de graves crises nervosas que o forçou a aposentar-se, oficializada no dia 27 de Novembro de 1873. No dia 20 de Março de 1880, numa das crises de loucura, feriu gravemente dois dos seus filhos e matou a mulher Carolina e a sua filha Iluminada. Depois deste acto trágico, suicidou-se, sendo o seu corpo encontrado no poço da sua casa no n.º 1 da Rua do Lilau.
Devido às circunstâncias macabras da sua morte, o Governador de Macau rejeitou dar-lhe um funeral militar e o Leal Senado de Macau, em conformidade com os preceitos da Igreja Católica, recusou-lhe a sepultura cristã. Cerca de trinta anos depois, em 1910, ele foi reabilitado pelo Juízo Eclesiástico e, em conformidade com a opinião pública sobre a importância deste homem na história de Macau, os seus restos mortais foram transladados, no dia 28 de Agosto de 1910, para o Cemitério de São Miguel com todas as honras militares e eclesiásticas.
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