domingo, 6 de abril de 2025

Divers voyages et missions du P. Alexandre de Rhodes en la Chine et autres royaumes de l'Orient

Continuando o post de ontem, aqui ficam alguns excertos do livro de Alexandre de Rhodes (1591-1660), publicado em Paris em 1653 - que inclui o mapa referido ontem: "Divers voyages et missions du P. Alexandre de Rhodes en la Chine et autres royaumes de l'Orient, avec son retour en Europe par la Perse et l'Arménie"
Rhodes chega a Macau a 29 de Maio de 1623 (partirá em Dezembro de 1624 com destino à região do actual Vietname) e segundo escreve no livro já sabia da derrota holandesa em Junho do ano anterior.
"(...) enfin le 29 May de l'année 1623 nous arriuâmes au port de Macao en la Chine, quatre ans & demy apres mon départ d Europe. (...)
O capítulo 14 (pág. 57) intitula-se "A minha estadia de um ano em Macau, cidade da China controlada pelos portugueses".
Tradução/Adaptação de alguns excertos que incluem, por exemplo, referências ao colégio de S. Paulo e à igreja Mater Dei:
"Tendo chegado a este belo Reino, a minha primeira estadia foi em Macau, onde fiquei retido durante um ano, durante o qual usei todas as minhas forças para me familiarizar com a língua japonesa, para onde esperava ir o mais rapidamente possível. Macau é um porto e uma cidade na China onde os portugueses construíram e fortificaram com a autorização do Rei da China a quem pagam todos os anos vinte e duas mil coroas de tributo. Há cerca de cem anos, desde que esta permissão lhes foi dada, um dos principais Fundadores foi o valente Pierre Veillo que pela sua caridade mereceu que São Francisco Xavier lhe prometesse que teria o coração da sua morte. Era uma faixa de terra perto do mar onde existiam piratas atacando toda a província do Cantão, a mais próxima do mar.
Os chineses, para se libertarem destes brigantes, chamaram os portugueses em seu auxílio e permitiram-lhes ocupar este posto se conseguissem expulsar estes maus vizinhos. Os portugueses, que não tiveram outra alternativa senão pôr os pés na China, foram armados contra esta tropa de ladrões, afugentaram-nos facilmente, começaram a construir como os chineses lhes tinham permitido, no entanto, pelo tratado não podiam construir fortificações e fizeram-no.
Ergueram aqui um lugar muito bom onde colocaram duzentas peças de canhão e desde então vivem em sigilo. A cidade não é grande, mas é bonita e construída à maneira europeia, melhor do que na China, onde todas as casas têm apenas um andar. O tráfego comercial em Macau era muito grande e os portugueses enriqueceram em pouco tempo, mas desde as perseguições no Japão e a ruptura com os espanhóis que controlam as Filipinas, tudo diminuiu porque foi o comércio destas duas ilhas que lhes deu tudo de melhor que tinham.
A nossa companhia possui aqui um grande colégio que pode ser comparado aos mais belos da Europa, pelo menos a Igreja é uma das mais magníficas que já vi em toda a Itália na época de São Pedro de Roma. Aprendemos lá todas as ciências que ensinamos em todas as nossas grandes academias. É lá que se formam esses grandes trabalhadores que enchem todo o Oriente com as luzes do Evangelho. De lá vieram tantos mártires que coroam a nossa província, eu a chamo de muito feliz por causa do que ela tem essa glória que só no Japão conta 97 gloriosos confessores do Santo Nome de Jesus Cristo que sentiram com seu sangue a fidelidade que haviam prometido ao seu querido mestre."
Mapa incluído no livro de 1651:
"Histoire du royaume de Tunquin, et des grands progrez que la prédication de l'Evangile y a faits en la conversion des Infidelles. Depuis l'année 1627 jusques à l'année 1646"

Expulso do Vietname em 1630, Rhodes regressaria a Macau e em 1645 iniciou a viagem de regresso a Roma onde chegou em 1649. Estará na origem da criação em 1659 da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris. No ano seguinte foi enviado à Pérsia onde viria a morrer.

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