Na Cronologia da História de Macau, de Beatriz Basto da Silva, pode ler-se:
"No dia 20 de Abril de 1892 e nos dias seguintes verifica-se em Macau uma greve. Mais uma vez a questão dos monopólios - agora do vinho chinês “liu-pun”, que fora arrematado, ainda por cima a um chinês de Hong Kong. A questão foi encaminhada para resolução na Corte, em Lisboa e o Visconde de Sena Fernandes assumiu a questão do pagamento das taxas que o arrematante exigia, até vir resposta, o que de momento acalmou os ânimos.
Este protesto foi originado pela publicação do Decreto do Governo de Sua Majestade Fidelíssima, de 1 de Outubro de 1891, para que estabelecesse em Macau o exclusivo da bebida chamada liu-pun, a que estavam ligados muitos interesses chineses. Já em Boletim Oficial de 6 de Abril de 1892, o Governador Conselheiro Borja alertava e põe nesta data um ponto de ordem sobre uma agitação provocada através de pasquins afixados publicamente por «certos perturbadores da ordem, mal intencionados» acerca desse Decreto."
| Excerto do edital acima referido publicado no suplemento ao nº 13 do Boletim Official do Governo da Província de Macau e Timor a 6.4.1892 |
O vinho liu pun - vinho que resulta da fermentação do arroz – era uma das indústrias mais rentáveis em Macau. Em 1927, por exemplo, existiam 48 fábricas em Macau que produziam o vinho liu pun. Na década seguinte eram 11.
O exclusivo deste produto fora criado em 1891.
Na edição de 4 de Março de 1893 o Boletim Official do Governo da Província de Macau e Timor - imagem acima - refere o número de licenças emitidas para o negócio de Liu-pun em Macau, Taipa e Coloane entre Janeiro e Abril: 24 licenças para importação do Liu-pun; 24 licenças para o fabrico de vinho; 62 para a venda por grosso e 143 para a venda a retalho. As receitas obtidas foram superiores a um milhão de patacas.
Na gastronomia macaense este vinho é usado na galinha chau chau parida, por exemplo.
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