segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Tragédia da explosão do Paiol da Flora

Powder Blast Fatal to 26
Hong Kong, China, Aug. 13. (UP). Twenty-six persons were killed and 62 injured in the explosion early today at Macao, Portuguese concession seaport 35 miles southeast of here, it was found after Investigation. Ten tons of powder blew up with a roar heard for miles. So far as authorities.
Esta pequena notícia da agência noticiosa United Press correu mundo no próprio dia da tragédia que representou a explosão do paiol da Flora em Macau, "devido aos grandes calores estivais" segundo relatos da época. As vítimas seriam mais de 40 e os feridos mais de meia centena. O número varia consoantes as fontes. Os prejuízos materiais rondaram os 400 mil dólares de Hong Kong.

A explosão de cerca de 30 toneladas de munições ocorreu às 5h35 da manhã, uma hora que impediu por certo uma tragédia maior em termos de vítimas, já que nas imediações funcionava uma escola primária e uma creche. 
Em 1931 e no século 21






Milhares de pessoas participaram nos funerais

O que restou do palacete da Flora


O Palacete da Flora ficou reduzido a escombros perdendo-se o espólio do Museu Luís de Camões que ali estava instalado. O grau de destruição fez-se sentir com mais impacto numa área ao redor de 300 a 500 metros, mas houve estragos a mais de 3 quilómetros de distância. Até na moradia de Manuel da Silva Mendes - no sopé da Guia, junto ao cemitério dos Parses - algumas das peças de arte que possuía foram destruídas. Edifícios na Horta e Costa, Rua de Silva Mendes e Avenida do Ouvidor Arriaga, ficaram total ou parcialmente destruídos.
O paiol que explodiu era de construção recente (1919/20) cujo desenho se deveu ao engenheiro Adriano Augusto Trigo - director das Obras Públicas entre 1919 e 1925 e o chamado "pai" do abastecimento de água a Macau - que concebeu para o efeito, até um sistema de ar condicionado, uma raridade na época.
A maioria dos funerais ocorreu a 14 e a 17 de Agosto de 1931. No Jornal de Macau, que fez múltiplas edições, um dos títulos foi "Macau de Luto".
O governo de Macau disponibilizou de imediato cerca de 300 mil patacas para fazer face à tragédia e realizaram diversas angariações de fundos por parte da sociedade civil, em Macau e em Hong Kong.
Nota: algumas das fotos deste post foram cedidas por Robert Francis Leitão que por sua vez as recebeu - e tratou digitalmente - de Monique Vianna pertencentes ao espólio dos seus avós, Bello Xavier e Alzira Álvares.
A antiga fonte

PS: O antigo paiol era na antiga Calçada do Paiol perto do caminho de acesso à Guia. Depois de 1950 o paiol foi colocado no fim do túnel que vai da Flora a Cacilhas, o qual foi vedado para o efeito.

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