O documento - também conhecido por Itinerário - foi desenhado por Arnold Floris van Langren e gravado pelo seu irmão Hendrik. Faz parte da obra de Jan Huygen van Linschoten, "Voyage ofte Schipvaert naer Oost ofte Portugaels Indien (...)" publicado em Amsterdão por C. Claesz em 1595-96.
Linschoten regista "Macao", no norte da foz do Rio Cantão, ao sul de "Lampacao" e "Bonna Ventura."
Texto de Günter Schilder (2003) - tradução/adaptação:
Este mapa cobre todo o Extremo Oriente, de Java ao Japão. Uma escala de graus é fornecida ao longo das bordas superior e inferior, indicando a latitude em intervalos de 5°. Um cartucho no canto superior direito contém um título bilingue resumindo os territórios aqui representados: 'A representação ou ilustração verdadeira de todas as costas e terras da China, Cochinchina, Camboja, Sião, Malaca, Arracan e Pegu, bem como de todas as ilhas adjacentes, grandes e pequenas, juntamente com os penhascos, recifes, areias, partes secas e baixios; tudo retirado das cartas marítimas e rotas marítimas mais precisas em uso pelos navegadores portugueses actualmente'.
Um cartucho no meio, ao longo da borda superior, contém barras de escala em milhas holandesas e espanholas e, abaixo delas, o nome do gravador com o ano e a data do desenho. Os mares contêm desenhos de navios e monstros marinhos, bem como duas rosas dos ventos totalmente desenhadas.
Este mapa de 1595 é um dos primeiros mapas gravados que apresentam o conhecimento português deste área com bastante precisão. A metade esquerda do mapa das Molucas de Petrus Plancius, de 1592, serviu de modelo para a representação das Filipinas, grande parte do atual arquipélago indonésio e as ilhas situadas entre elas até ao Trópico de Câncer. Ao compor o mapa, Plancius utilizou mapas manuscritos do cosmógrafo e cartógrafo português Bartolomeu Lasso. Assim como o mapa do Itinerário, Lasso também mostra toda a ilha de Sumatra e uma parte maior do continente, desde a Baía de Bengala até à costa da China, a uma latitude de 27°N
Assim, o mapa no Itinerário estende-se mais para oeste, mas alcança muito menos para leste do que o mapa de Plancius. Ele não mostra os numerosos grupos de ilhas no Oceano Pacífico. (...)
Hendrik Floris van Langren fez uma representação do Japão, que se tornou obsoleta nesse mesmo ano já que um novo mapa do Japão foi publicado em 1595 no Theatrum Orbis Terrarum. Luis Teixera disponibilizou o desenho original a Abraham Ortelius em 1591 ou no início de 1592. O mapa no Itinerário também mostra uma parte maior do interior chinês do que a mostrada no mapa impresso das Molucas por Plancius. Podemos supor aqui que essa extensão foi baseada no exemplo do mapa da China de Ortelius de 1584. Esse mapa foi composto com a ajuda de informações de Jorge de Barbuda, um português a serviço de Filipe II da Espanha."
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